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Metro e Ceconomy, o lançamento de dois gigantes

20 anos após a sua fundação, o Grupo Metro decidiu mudar a sua estratégia. O gigante alemão separou-se em duas unidades de negócio distintas. O negócio wholesale e alimentar fica com o nome Metro, enquanto a unidade dedicada à eletrónica de consumo adota o nome de Ceconomy. Assiste-se assim ao nascimento de dois novos gigantes do retalho mundial. Duas empresas fortes, estrategicamente focadas e de sucesso.

De forma a dedicar-se mais especificamente a cada uma das unidades de negócio, o Grupo Metro anunciou no seu Capital Markets Day a divisão da empresa, que ficará concluída em meados deste ano. Através desta divisão, prevê-se o nascimento de duas empresas fortes, estrategicamente focadas e de sucesso.

Pela primeira vez, o grupo apresentou duas estratégias como entidades independentes. Cada uma das empresas passará a ter o seu próprio conselho de administração e será cotada na MDAX, a bolsa alemã, de forma separada e com acionistas independentes.

O Grupo Metro, que em Portugal opera com as insígnias Makro e Media Markt, existe desde 1996, fruto de fusões de diversas empresas já existentes e é atualmente o terceiro maior grupo mundial em distribuição. Presente em cerca de 35 países, tem mais de duas mil lojas e 250 mil colaboradores. Para além das insígnias presentes no mercado português, o Grupo Metro é ainda a casa-mãe das empresas Metro e Real, que em conjunto com a Makro formam agora a Metro, e das empresas de eletrónica Saturn e Redcoon, que com a Media Markt formam a Ceconomy.

No seu último ano fiscal, terminado em dezembro, o Grupo Metro apresentou lucros antes de impostos de 727 milhões de euros, o que representa um aumento de 39 milhões face ao ano anterior. Em termos de vendas, o grupo alcançou 58.417 milhões de euros, uma queda de 1,4%. No entanto, excluindo o efeito das divisas, as vendas aumentaram 0,4%. E numa base comparável, o aumento foi de 0,2%.

A Alemanha continua a ser o principal mercado do grupo, sendo o único país onde se registou um aumento das vendas. Analisando os resultados por negócio, na Metro Cash & Carry, onde se inclui a Makro Portugal, as vendas registadas alcançaram os 28.999 milhões de euros, menos 2,3% face ao exercício anterior. No caso da Media-Saturn, agora denominada Ceconomy e onde se inclui a Media Markt, as vendas aumentaram 0,6% para os 21.869 milhões de euros.

Na apresentação dos novos moldes do grupo, Olaf Koch, presidente do conselho de administração da Metro, mostrou-se satisfeito com esta decisão. “Apresentamos duas empresas dinâmicas e com o melhor posicionamento para os seus sectores. Cada uma destas empresas estabeleceu uma posição forte e um plano de futuro estratégico a nível operacional e financeiro. Como empresas independentes vamos focar-nos num crescimento saudável e sustentável. O nosso negócio alimentar e de ‘wholesale’ já é uma das principais empresas internacionais e, desta forma, vamos ganhar ainda mais impulso nos 35 países onde operamos”.

Para a nova Ceconomy, o anterior membro do conselho de administração Pieter Haas foi o escolhido para CEO. “A nível europeu, somos o número um em eletrónica de consumo, o que nos dá uma excelente base para este passo de independência. Atualmente, geramos cerca de 22 mil milhões em vendas anuais e cerca de dois mil milhões de contactos com clientes por ano. A Ceconomy é a plataforma para conceitos, formatos e marcas de negócios na área de eletrónica de consumo. Estou convencido de que  os melhores anos ainda estão por vir para a nossa empresa, para os nossos funcionários e, por último, mas não menos importante para os nossos acionistas”, declarou.

Mercado português

Na conferência em Düsseldorf, o mercado português não foi esquecido. Em 1998, o Grupo Metro adquiriu as lojas Makro em Portugal e na Europa, passando estas a integrar o negócio da Metro Cash & Carry. Atualmente, a Makro opera 10 lojas em Portugal, estando presente de norte a sul do país. Para Philippe Palazzi, Operating Partner da Makro para Portugal, França e Espanha, com esta nova estratégia, o foco da companhia estará cada vez mais no “wholesale”, que poderá, no caso português, “beneficiar com o crescimento do turismo”.

Sobretudo no sector da hospitalidade, a Makro pretende aproveitar o crescente interesse dos turistas face a Portugal. “Na posição em que estamos no mercado português, servir o sector da hospitalidade e o Horeca é muito bom. Acredito que o mercado do turismo em Portugal tem muito valor e que não existe publicidade e ações promocionais suficientes nos outros países que deem a conhecer esse valor. Para a Metro, é muito bom que Portugal tenha muito turismo. Esperamos beneficiar do crescimento do turismo em Portugal: o nosso foco em bares, hotéis e restaurantes é perfeito para esse mercado”.

A divisão do grupo não será percetível aos olhos dos consumidores que visitam as lojas Makro, não existindo qualquer alteração no logótipo da empresa, uma vez que o nome é altamente reconhecido em Portugal. “Dentro das lojas, não vamos ver nenhuma diferença. A verdadeira diferença estará na forma como operamos a nossa empresa no futuro. No passado, a estratégia local para o mercado português era ditada pela central, que dizia exatamente aquilo que tinha que ser feito em termos de estratégia, o que era completamente errado. Agora, o desenvolvimento do plano de criação de valor começa pela equipa portuguesa, com base no mercado, no consumidor, na concorrência, etc. O plano de Portugal é excelente e tem muito potencial para o canal Horeca. É um grande mercado, muito importante para nós e onde o turismo está a crescer a olhos vistos”, explica.

Leia o desenvolvimento na edição 43 da Grande Consumo.

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