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Guerra comercial ameaça crescimento global e pode agravar inflação, alerta OCDE

Relatório revê em baixa previsões para as principais economias e destaca impacto negativo das tarifas

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) lançou um alerta severo sobre os efeitos de uma escalada das tensões comerciais no crescimento global. De acordo com o relatório mais recente, se as tarifas comerciais forem aumentadas, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial poderá perder até 0,3% nos próximos três anos, enquanto a inflação global poderá crescer 0,4 pontos percentuais ao ano.

A previsão de crescimento do PIB global foi reduzida para 3,1% em 2025 e 3% em 2026, refletindo o impacto do aumento das barreiras comerciais e da incerteza política. A OCDE destaca que uma possível nova onda de tarifas nos Estados Unidos pode provocar efeitos negativos não só na economia americana, mas também em parceiros comerciais-chave, como Canadá, México e Europa.

“Numa guerra comercial, não há vencedores. O impacto das tarifas pode enfraquecer a economia global, afetando o investimento, o consumo e a estabilidade dos mercados”, alerta o estudo da OCDE.

 

EUA, Canadá e México entre os mais prejudicados

Os países mais afetados por uma nova guerra comercial seriam os próprios Estados Unidos e seus parceiros do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). A OCDE estima que, com o aumento das tarifas, o impacto no PIB seria de menos 0,7% nos Estados Unidos, desacelerando o crescimento para 2,2% em 2025 e 1,6% em 2026; menos 0,6% no Canadá, que terá um crescimento de apenas 0,7% em 2025; e menos 1,3% no México, que pode entrar em recessão no próximo ano.

Os economistas da OCDE alertam que a política de protecionismo tarifário poderá gerar um efeito dominó, reduzindo o crescimento global e penalizando significativamente a própria economia norte-americana, ao provocar o encarecimento de produtos importados, o aumento da inflação e a perda de competitividade industrial.

 

Inflação em alta e menor consumo global

A inflação global foi revista em alta para 3,8% em 2025 e 3,2% em 2026 e poderá ser ainda maior caso as tarifas comerciais aumentem.

Os impactos diretos das tarifas incluem o aumento dos preços ao consumidor, especialmente nos Estados Unidos, onde a inflação pode subir 0,7 pontos percentuais ao ano; a redução do consumo, à medida que os preços mais altos afetam o poder de compra das famílias; e o encerramento de postos de trabalho e a redução do investimento, especialmente em sectores dependentes do comércio global.

Além disso, a Zona Euro deverá registar um crescimento fraco de apenas 1% em 2025, com a Alemanha praticamente estagnada (prevê-se um crescimento de apenas 0,4%).

O relatório destaca que a incerteza económica poderá levar os bancos centrais a manterem as taxas de juro elevadas por mais tempo, dificultando ainda mais o crescimento económico.

 

Impacto na China e em mercados emergentes

A China, que já enfrenta um cenário de desaceleração, também será impactada pela guerra comercial. A OCDE prevê que o país verá o seu crescimento cair de 4,8% em 2025 para 4,4% em 2026.

Outros mercados emergentes podem ser prejudicados pela fragmentação das cadeias de abastecimento, o que tornará o comércio global mais complexo e dispendioso. “O impacto de tarifas elevadas pode reduzir a competitividade das indústrias exportadoras, criando um efeito dominó nos mercados emergentes e nas economias desenvolvidas”, aponta o relatório.

A OCDE alerta que uma escalada da guerra comercial pode levar a um cenário de instabilidade prolongada, afetando os mercados financeiros, as cadeias de abastecimento e o crescimento económico. O estudo destaca que, para evitar uma recessão global, será fundamental manter o diálogo comercial entre as principais potências, evitar novas barreiras tarifárias, garantir que as cadeias de abastecimento continuem a operar de forma eficiente, monitorizar o impacto da inflação e adotar políticas económicas que minimizem o impacto no consumo.

Nos próximos meses, a evolução das políticas comerciais dos Estados Unidos e da União Europeia será crucial para determinar os rumos da economia global. Se as tensões comerciais se agravarem, o mundo poderá enfrentar um período prolongado de incerteza e crescimento reduzido.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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