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“Em três décadas, passámos de uma empresa subcontratada para uma empresa de primeira linha e estratégica para o Grupo Dorel”

Se em 1988 a fábrica de Vila do Conde não produzia mais do que os forros para cadeirinhas, hoje a Dorel Portugal é uma das principais unidades de produção do Grupo Dorel. Marcas como Maxi-Cosi, Bebé Confort, Safety 1st ou Quinny têm os seus produtos produzidos em Portugal, numa fábrica que se destaca pela qualidade e assertividade da sua produção.

Com quase meio milhão de cadeiras-auto produzidas no último ano, a Dorel Portugal prepara-se para aumentar a sua área fabril em 3.200 metros quadrados. Quatro novos modelos de cadeirinhas, incluindo o topo de gama da Bebé Confort, que inclui airbags ativos, vão ser produzidos em Portugal, sendo por isso necessário aumentar a fábrica, que passa a contar com cerca de 13 mil metros quadrados. Uma inovação a nível mundial, a cadeira com airbags da marca francesa vai ser totalmente produzida em Vila do Conde e posteriormente exportada a nível europeu.

Ainda como Ampa France, antes de integrar o grupo canadiano Dorel, a empresa entrou em Portugal. Se em 1988 a produção nacional se limitava aos forros para cadeiras e carrinhos, enviados posteriormente para França para acrescentar ao produto final, hoje o cenário é diferente. Para Paulo Anjos, diretor geral da Dorel Portugal, esta aposta na fábrica portuguesa é o resultado do bom trabalho realizado nos quase 30 anos da empresa. “Quando foi criada a filial portuguesa, já existia o desejo de ter uma fábrica a funcionar, nestes moldes, em Portugal. Numa primeira fase, foi uma decisão meramente económica: era mais barato produzir os forros em Portugal do que em França. Mas rapidamente passámos a ser reconhecidos pelo nosso trabalho. Ainda numa fase anterior à Dorel, existiu uma aposta da direção francesa em produzir em Portugal mais do que forros, ou seja, pela primeira vez, produzir em o produto final, colocá-lo diretamente na caixa para o distribuidor”.

A partir daí, aconteceu um processo gradual de transferência que se iniciou por um único modelo, uma cadeira nova. “Fomos recrutando engenheiros, pois o processo fabril teve de mudar, e com essa nova equipa diretiva e muita ajuda dos colegas franceses transferimos esse modelo de França para Portugal. Esse modelo foi-se multiplicando por vários modelos, até chegarmos aos dias de hoje”, explica Paulo Anjos.

Em 2003, a Ampa France, detentora de marcas como a Bebé Confort, foi adquirida pelo grupo canadiano Dorel, passando assim a fazer parte de um portfólio variado de marcas de puericultura, com diferentes posicionamentos. Com uma lógica muito própria, a Dorel Europa engloba diferentes marcas para diferentes canais de distribuição. Safety 1ST, uma marca vendida em hipermercados e, por isso, mais acessível, Bebé Confort, que se enquadra num segmento médio superior, e Quinny, uma marca premium, são algumas das marcas do grupo e que são produzidas em Portugal. Com homologações exatamente iguais para os diferentes segmentos, a diferença está nos acabamentos dos produtos e nos testes efetuados, daí a diferença de preços e posicionamento.

À prova da crise
A crise económica e financeira que chegou em 2008, e em muitos países afetou a natalidade, fez com que a Dorel apostasse na marca Quinny. Para Paulo Anjos, esta aposta é um resultado natural. “A Quinny é uma das marcas adquiridas pelo Grupo Dorel, um grupo que naturalmente cresceu por aquisições. É uma marca holandesa de gama alta e que veio situar-se acima da Bebé Confort. A Quinny chegou para nós no momento certo, uma vez que em momentos de crise são os segmentos médios que mais sofrem. A Quinny veio ajudar-nos a compensar algumas perdas em marcas de segmento mais baixo. Foi uma aposta ganha”, explica o diretor.

Com um volume de negócios que atingiu os 47 milhões de euros e quase meio milhão de cadeirinhas produzidas, 85% delas exportadas para fora de Península Ibérica, a Dorel espera aumentar estes valores já este ano. O aumento da fábrica portuguesa, tanto em espaço como em número de artigos produzidos, vem contribuir para alcançar este objetivo. Até porque fabrico português conquistou a casa-mãe. “Se fosse somente pelo custo, certamente existem sítios, até mesmo na Europa, mais baratos do que Portugal para ter uma fábrica. Os conhecimentos que a Dorel Portugal foi adquirindo, ao longo dos anos, dão garantias ao grupo, aos nossos distribuidores e consumidores. A Dorel tem o objetivo de produzir onde é mais interessante e o mais interessante pode não ser obrigatoriamente onde é mais barato”, salienta Paulo Anjos.

Com fábricas ainda em França e na Holanda, a Dorel Europa vai transferir alguns produtos da unidade holandesa para a portuguesa, como é o caso dos arneses, um produto de extrema importância do qual depende em grande parte a segurança do equipamento. Para além do aumento da área fabril, serão gerados 40 novos postos de trabalho diretos, o que se prevê que resulte num aumento de produção de 620 mil cadeirinhas por ano e numa subida em 20% nas vendas do grupo. Qualidade, assertividade da produção, flexibilidade e reatividade face às necessidades do mercado são as principais características que o diretor geral reconhece ao mercado português. “Temos um custo interessante dentro daquilo que é a Europa. Existe algo que catapultou a Dorel Portugal para um nível que nos permite hoje falar em expansão da fábrica. A Dorel Portugal faz atualmente parte do Competence Center, onde já estavam a França e a Holanda. Hoje, o Grupo Dorel olha para Portugal como ‘a fábrica europeia’. Em termos de capacidade produtiva, já estamos a ter um início de ano bastante interessante”, detalha.

Futuro
Com números interessantes projetados para os próximos anos, a tendência será que o volume de negócios acompanhe o nível de produção, aumentando o nível de exportação para mercados que apresentem um crescimento ao nível de natalidade maior do que Portugal.

Pela primeira vez, a fábrica da Dorel Portugal vai produzir e montar integralmente um modelo de carrinho de bebé, o Zapex da Quinny. Em quase 30 anos de existência em Portugal, a unidade portuguesa torna-se cada vez mais numa referência a nível mundial e num dos pilares do grupo que opera em todo o mundo, deixando Paulo Anjos muito satisfeito com o percurso trilhado até aqui. “Num local onde, em 1988, existiam pouco mais 40 senhoras com máquinas de costura, hoje somos mais de 300. Quando olhamos para três décadas de história, passámos de uma empresa subcontratada para uma empresa inovadora, de primeira linha e estratégica para o Grupo Dorel. É um orgulho para nós, colaboradores da Dorel Portugal”.

Este artigo foi publicado na edição 43 da Grande Consumo, já disponível online e a chegar na versão em papel em breve.

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