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O novo relatório do Institute of Grocery Distribution (IGD) lança um alerta: os retalhistas discount estão a ganhar quota de mercado a um ritmo acelerado, colocando uma pressão crescente sobre os grandes grupos de distribuição alimentar. Esta tendência é alimentada por um consumidor mais sensível ao preço, com menor fidelidade às marcas e mais exigente quanto à relação qualidade-preço.
Nas mais recentes previsões a cinco anos até 2029, o discount será o formato físico de retalho alimentar com o crescimento mais rápido, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 5,2%.
Estes operadores deverão crescer 217 mil milhões de dólares, cerca de 200 mil milhões de euros, a nível global, entre 2024 e 2029, tornando-se assim o canal físico com o crescimento mais rápido no retalho alimentar.
O peso crescente do canal discount no mercado do Reino Unido, que é o terceiro maior a nível global em valor, é notório. As previsões indicam que as vendas crescerão mais de 19% entre 2024 e 2029, atingindo uma quota de mercado de 16,6%.
A Europa continua a ser o coração do canal discount, com os 14 países com maior quota de mercado localizados nesta região. Apesar disso, assiste-se a um crescimento encorajador noutras zonas do globo, com novos operadores regionais a emergirem, os discounters a expandirem-se para novos mercados e os retalhistas a darem mais atenção às suas insígnias discount.
Dan Butler, senior Iinsights analyst, afirma que “o crescimento contínuo dos discounters no retalho alimentar não pode ser ignorado. Os fornecedores precisam de identificar oportunidades para trabalhar com estes operadores e os concorrentes devem saber como reagir”.
Tendências mais importantes em 2025
O preço continua no centro do modelo operacional dos discounters e no topo das prioridades dos consumidores. Estes operadores manterão a política de EDLP (Every Day Low Prices) como base, mas também vão experimentar programas de fidelização e evoluir os formatos de loja para manterem a sua posição como líderes em valor.
Os discounters estão também a retomar planos ambiciosos de expansão da sua rede de lojas. Os centros urbanos tornam-se alvo de novas aberturas e a aquisição de operadores locais será utilizada em mercados saturados. Para acompanhar as novas exigências dos consumidores e promover lojas mais sustentáveis e eficientes em termos energéticos, muitas unidades existentes serão alvo de renovações e atualizações.
O IGD destaca ainda que os discounters precisam de adaptar a sua estratégia de não alimentar para responder às novas necessidades dos consumidores. As lojas outlet dedicadas ganharão visibilidade e os discounters de variedade continuarão a crescer rapidamente, impulsionados pela forte expansão de lojas na Europa. O e-commerce também terá um papel relevante neste segmento.
Outra tendência é a saúde acessível. Os discounters procurarão minimizar o impacto do preço nas decisões de compra de opções mais saudáveis, com a saúde física apoiada através de ativações promocionais, gamas não alimentares e educação do consumidor.
O ano de 2025 será também crítico para os compromissos assumidos na área da sustentabilidade e os discounters aumentarão os seus esforços nesse sentido. Os consumidores esperam que estes operadores os ajudem a fazer escolhas sustentáveis a preços acessíveis, o que contribuirá para reforçar a confiança e a fidelização à marca.
Perspetivas para os próximos anos
A Europa manter-se-á como epicentro do canal discount, com a sua quota de mercado a ultrapassar os 23% das vendas globais até 2029. Os mercados da Europa Central e de Leste e Portugal oferecem fortes perspetivas de crescimento, com taxas elevadas de penetração e crescimento nas vendas até ao final da década.
Todas as regiões, exceto a Ásia, deverão continuar a registar um aumento da quota de mercado dos discounters. Este crescimento será impulsionado por consumidores que estão a mudar para este canal e pela expansão contínua das suas redes de lojas. No entanto, apenas um mercado fora da Europa — o Canadá — deverá ultrapassar os 15% de quota de mercado no canal discount em 2029.
No que toca a operadores, a Aldi e a Lidl manter-se-ão como líderes globais. As vendas combinadas dos dois discounters deverão ultrapassar os 320 mil milhões de dólares, aproximadamente 294,4 mil milhões de euros, até 2029. Juntos, representarão 34% das vendas globais do canal discount nesse ano.
Lidl, Aldi e outros 18 operadores responderão por 83% do crescimento adicional do canal entre 2024 e 2029, sendo, por isso, fundamentais em qualquer planeamento estratégico neste segmento.