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Covid-19 traz novos desafios para as cadeias de abastecimento

Foto Shutterstock

A Covid-19 fez estragos nas cadeias de abastecimento dos bens de consumo e dos retalhistas mundiais, expondo deficiências críticas e fazendo com que muitas empresas procurem agora identificar e investir nas capacidades adequadas, a longo prazo, revela uma análise da Bain & Company e da Microsoft.

As duas empresas consideram de surpreende a nova disposição dos gestores seniores de fazer concessões. “Muitos dos que viam na cadeia de abastecimento uma fonte de custos, agora encaram como uma capacidade estratégica”, assinalam, indicando que, das empresas inquiridas, 90% planeia fazer alterações e mais de 40% espera aumentar o seu investimento total na sua cadeia de abastecimento, com o objetivo de melhorar a velocidade, a agilidade e a resistência.

Mikey Vu, partner de Retail Practice na Bain & Companuy e coautor do estudo sublinha que, quando a Covid-19 paralisou as cadeias de abastecimento globais, também desencadeou um aumento massivo das vendas pela Internet, “um duplo impacto que poucos retalhistas e empresas de bens de consumo estavam preparados para lidar. A nossa análise mostra que as empresas com cadeias de abastecimento desenhadas para obter a máxima rentabilidade não puderam responder rapidamente a estes choques repentinos na oferta e nos picos de procura. O prémio da eficiência obteve-se à custa da resiliência”.

 

3 alterações críticas

Intitulado “It’s Time to Build Resilience in Retail and Consumer Goods Supply Chains”, o estudo revela três alterações críticas na gestão das cadeias de abastecimento do retalho e bens de consumo. “Estamos a observar uma mudança significativa nas estratégias da cadeia de abastecimento, à medida que os nossos clientes se adaptam para satisfazer as procuras causadas pela Covid-19. Não obstante a redução de custos e a eficiência continuarem a ser uma prioridade crítica, vemos que a agilidade das mesmas se eleva ao mais alto na lista de prioridades das equipas diretivas. Esta necessidade de agilidade provocou consideração da arquitetura baseada na cloud”, comenta Shelley Bransten, CVP Consumer Goods & Retail Industries na Microsoft.

Os retalhistas e as empresas de bens de consumo bem-sucedidos começaram a construir uma rede de fornecedores flexível e a associar-se com fabricantes, o que leva a estabelecer relações alternativas com outros fornecedores, diferentes lugares de fabrico e centros de assemblagem e a aproveitar ao máximo as ferramentas da indústria 4.0 para otimizar os custos, melhorar a visibilidade na rede e acelerar os tempos de reação. À medida que dão estes passos, as equipas de gestão estão a fazer concessões críticas na eficiência, conveniência e capacidade de resposta para melhorar a resiliência.

Outra alteração estratégica é que as equipas de gestão começam a incluir os principais responsáveis na cadeia de abastecimento na tomada de decisões corporativas, reconhecendo que os dados e o conhecimento daquela são vitais para o sucesso do negócio. De facto, das empresas inquiridas, 47% espera que a cadeia de abastecimento proporcione informação para a maioria ou a totalidade das operações estratégicas importantes, como o merchandising, a operação na loja e a estratégia de produto, nu aumento de 17 pontos percentuais em comparação com os 12 meses anteriores à Covid-19. Como tal, está-se a utilizar aplicações baseadas na Cloud e outras ferramentas que podem partilhar informação com as redes de fornecedores e parceiros.

O estudo mostra, ainda, que as empresas estão a centrar o seu investimento em três áreas importantes para reforçar a velocidade e a agilidade da cadeia de abastecimento: execução omnicanal, planeamento preditivo e previsão da procura e, ainda, operações flexíveis. Estas três capacidades, que já eram importantes antes da Covid-19, tornaram-se agora fundamentais para fazer face ao aumento contínuo das vendas online.

 

Obstáculos

Por outro lado, embora muitas empresas confiem em transformar as suas cadeias de abastecimento para uma nova era, também estão a lidar com uma série de obstáculos que podem atrasar esse progresso. 40% admite que ainda não tem as soluções internas ou os parceiros externos necessários para atingir os objetivos e muitos carecem dos recursos para investir em cadeias de abastecimento resistentes. Outros obstáculos passam pela oposição a novos modelos de tomada de decisão e por sistemas internos de dados obsoletos, o que dificulta a melhoria da visibilidade sobre a cadeia de abastecimento.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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