A CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas lançou duras críticas à proposta de orçamento apresentada por Ursula von der Leyen, acusando a presidente da Comissão Europeia de desrespeitar os agricultores europeus e de colocar em causa a essência da Política Agrícola Comum (PAC).
Em causa está a proposta de “Um Orçamento da UE dinâmico para as prioridades do futuro”, apresentada como a maior dotação orçamental de sempre, mas que contempla um corte nominal de cerca de 22,5% nos fundos destinados à PAC.
Para a CONFAGRI, esta decisão revela uma clara desvalorização da agricultura enquanto prioridade estratégica para a União Europeia. Ao propor a “nacionalização” dos fundos da PAC, Ursula Von der Leyen dá início, segundo a confederação, a um processo de desmantelamento da mais antiga e estruturante política comum europeia, agravando as desigualdades entre Estados-membros e colocando os países com menor capacidade financeira, como Portugal, numa posição de grande fragilidade.
Fundo Único alvo de críticas
Outra das críticas prende-se com a criação de um Fundo Único, que, na perspetiva da CONFAGRI, representa um ataque direto ao desenvolvimento rural. “A Comissão afirma-se como Comissão Liquidatária do Desenvolvimento Rural, o que terá um impacto dramático em milhares de cooperativas, organizações de produção e agricultores portugueses e europeus”, alerta o secretário-geral da CONFAGRI, Nuno Serra.
O dirigente considera que a proposta atual constitui um “total desrespeito pelos agricultores, por aquilo que é a essência da PAC e por uma Europa mais unida em torno do objetivo comum de garantir segurança alimentar aos seus concidadãos”. Nuno Serra sublinha ainda que a proposta “demonstra um desinteresse completo sobre o futuro do desenvolvimento rural e da agricultura, desprezando a necessária competitividade que o sector agroalimentar europeu tem de ter perante os outros blocos económicos”.
Apelo ao Governo português
Face ao cenário traçado, a CONFAGRI apela ao Governo português e aos eurodeputados nacionais que adotem uma posição firme. “É agora mais importante que nunca que os nossos representantes defendam os interesses dos agricultores portugueses e do mundo rural, assegurando que a PAC continua a ser uma política comum sólida, sem que crie distorções entre Estados-membros e onde não seja permitida a oferta artificial de benefícios aos que mais podem financeiramente”, conclui o secretário-geral.