Um operário de construção em um chapéu rígido amarelo e colete reflexivo está ajoelhado em um canteiro de obras, organizando cuidadosamente vergalhões de aço.
Imagem: Shutterstock
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Como mudou o perfil do trabalhador português em 25 anos

Mais idade, maior paridade, mais qualificações e melhores salários

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Existem já quase tantas mulheres quanto homens no mercado de trabalho em Portugal. A maior fatia dos trabalhadores portugueses tem entre 45 e 55 anos, terminou um curso superior e tem uma atividade profissional intelectual ou científica, pela qual recebe um salário médio mensal de 1184€.

Este é o perfil-tipo do trabalhador em Portugal em 2025. Ao recuar até ao ano 2000, a única característica que se mantém é a concentração de trabalhadores na região Norte do país. Há 25 anos, 55,1% dos trabalhadores eram homens (hoje está-se próximo da paridade) entre os 25 e os 34 anos, a maioria (34,7%) tinha apenas o 1º ciclo do ensino básico e trabalhava na indústria ou na construção.

Por ocasião do Dia do Trabalhador, a Randstad Research analisou a evolução do perfil profissional em Portugal ao longo dos últimos 25 anos. O objetivo é “observar as mudanças na composição da força de trabalho portuguesa em termos de sexo, grupo etário, profissão e nível de escolaridade, utilizando dados da população empregada e da população empregada por conta de outrem do Instituto Nacional de Estatística (INE)”.

 

Envelhecimento acentuado da força de trabalho

Nos últimos 25 anos, Portugal assistiu a um envelhecimento acentuado da força de trabalho. O grupo etário 45-54 anos tornou-se o mais representativo, ultrapassando os jovens adultos. Em 2000, os jovens entre os 16 e 24 anos representavam 12,7% da população empregada. Em 2025, essa percentagem caiu para apenas 6%.

Já a escolaridade da população ativa sofreu uma autêntica revolução. A proporção de profissionais com ensino superior saltou de 9,4% em 2000 para 34,6% em 2025. Em oposição, o número de trabalhadores com apenas o 1.º ciclo do ensino básico caiu drasticamente (de 34,7% para 6,4%).

Em 2000, os profissionais qualificados da indústria e construção lideravam o mercado (21,8%). Hoje, os especialistas das atividades intelectuais e científicas são o maior grupo profissional, representando 23,3% da população ativa.

 

Rendimento médio

O rendimento médio nominal da população empregada por conta de outrem em Portugal registou um aumento superior a 120% ao longo dos últimos 25 anos. Ainda assim, o crescimento foi desigual: setores como a agricultura e as Forças Armadas tiveram aumentos superiores a 120%, enquanto profissões altamente qualificadas cresceram abaixo da média.

Outra grande diferença que podemos encontrar nos últimos 25 anos, é na estrutura do emprego: a percentagem de trabalhadores por conta de outrem passou de 72,3% para 84,8%. Em contrapartida, os trabalhadores por conta própria perderam quase metade da sua representatividade (de 27,7% para 15,2%).

“A força de trabalho portuguesa é hoje mais qualificada do que nunca, o que reflete o investimento feito na educação e formação ao longo das últimas décadas. Contudo, esta transformação traz também novas exigências, sendo, por isso, essencial que o mercado de trabalho consiga absorver e valorizar este talento, oferecendo oportunidades alinhadas com as suas competências”, destaca Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad.

“A qualificação não é apenas um indicador estatístico, é uma alavanca fundamental para a inovação, produtividade e competitividade do país”, acrescenta a responsável

 

Renovação da força de trabalho

Portugal enfrenta um desequilíbrio demográfico que ameaça a renovação da sua força de trabalho. Em 1998, por cada 10 pessoas que saíam do mercado de trabalho, entravam 12 jovens em idade ativa nos dez anos seguintes. Em 2023, esse número caiu para menos de 7. Ou seja, a renovação geracional passou de 120% para 68% em apenas 25 anos.

“Esta inversão demográfica, impulsionada por décadas de baixa natalidade e envelhecimento da população, está a reduzir drasticamente o número de novos trabalhadores disponíveis para substituir os que se reformam ou abandonam o mercado laboral”, explica Isabel Roseiro.

“As implicações desta tendência colocam enormes desafios às empresas em termos de recrutamento e retenção de talento, mas também ao país, uma vez que podem conduzir a uma perda de dinamismo económico e aumentar a pressão sobre o sistema de pensões”.

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Por Bruno Farias

Diretor na revista Grande Consumo. Um eterno sonhador, um resiliente trabalhador. Pai do Afonso e do José.

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