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A transição para o aquecimento limpo na Europa já não se coloca em termos de “se” vai acontecer, mas sim de “com que rapidez”. E as bombas de calor estão no centro dessa mudança. Desde 2015, a tecnologia tem vindo a conquistar quota de mercado face aos sistemas tradicionais de aquecimento, e mesmo num 2024 marcado pela desaceleração das vendas globais, manteve a sua relevância no panorama europeu.
Dados divulgados pela European Heat Pump Association (EHPA), no ano passado, as bombas de calor representaram 28% do mercado de aquecimento de espaços na Europa. O número fica ligeiramente abaixo do pico de 2023 (31,6%), mas continua seis pontos percentuais acima do registo de 2021, quando o volume de vendas era semelhante. Em suma, mesmo num contexto de abrandamento, a tecnologia mostra-se resiliente.
Países nórdicos continuam a liderar
O mapa europeu, contudo, mostra realidades muito diferentes. Noruega, Suécia e Finlândia permanecem na linha da frente, com taxas de penetração superiores a 90%. A Noruega lidera isolada, com 97% de quota no aquecimento doméstico através de bombas de calor, um exemplo do que pode ser alcançado quando políticas públicas, condições climáticas e procura dos consumidores convergem no mesmo sentido.
Portugal integra a segunda vaga de crescimento
Uma segunda vaga de países tem vindo a destacar-se, ultrapassando a barreira dos 40% nas vendas anuais de unidades de aquecimento com bombas de calor. Nesse grupo encontram-se França, Áustria, Suíça e Portugal, mercados que há poucos anos estavam bem abaixo desse patamar.
A Suíça é o caso mais expressivo, atingindo uma impressionante quota de 76%, mas Portugal também tem vindo a consolidar a sua posição como um dos mercados emergentes mais dinâmicos no sul da Europa.
Grandes economias ainda em fase inicial
Em contraste, potências como Alemanha, Itália, Países Baixos e Reino Unido apresentam quotas entre os 5% e os 30%. Apesar de ajudarem a baixar a média europeia, estes números revelam igualmente o enorme potencial de crescimento existente. A dimensão destes mercados significa que, mesmo pequenas variações percentuais, representam milhões de unidades no médio prazo.
Políticas públicas são determinantes
A principal conclusão é clara: todos os países europeus registaram progressos na última década, mas o ritmo da transição varia bastante em função das políticas adotadas. O apoio consistente dos governos é visto como fundamental para dar confiança a fabricantes, investidores e consumidores, consolidando o setor como estratégico para o futuro energético europeu.
Além disso, a competitividade da eletricidade face ao gás é crucial. Medidas como a transferência de parte dos impostos das faturas de eletricidade para outros setores podem tornar as bombas de calor mais atrativas do ponto de vista económico para as famílias, enquanto reforçam a ação climática e a segurança energética da Europa.
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