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Bloqueio do canal do Suez acarreta mais um golpe para o sector da moda

Foto Shutterstock

O bloqueio do canal do Suez pelo porta-contentores Ever Given poderá colocar alguns problemas no sourcing dos operadores de moda, ainda não recompostos da pandemia de Covid-19.

A suspensão de uma das mais importantes vias marítimas do mundo, entretanto reabaerta, poderá ter causado importantes atrasos nas entregas, em plena mudança de campanha e após um ano muito difícil para o sector.

 

Problemas no sourcing

Como nota a Modaes, os problemas com o sourcing no sector da moda começaram em janeiro do ano passado, quando o coronavírus começou a paralisar a China e as fábricas optaram por não reabrir após o encerramento no âmbito das comemorações do ano novo.

Com a chegada do vírus a outras zonas do mundo, as lojas de moda tiveram que ser encerradas e muitas encomendas foram canceladas. Desde a reabertura, houve uma escalada dos custos de transporte desde a Ásia, que representou outro choque na cadeia de abastecimento.

Com o bloqueio do canal do Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, pelo Ever Given, que ficou encalhado durante alguns dias, o trânsito em ambas as direções sofreu importantes perturbações. Numa altura em que as lojas começam a receber as peças da campanha primavera-verão, representou mais um duro golpe para a indústria da moda, sobretudo para os grupos europeus, que importam através desta via a mercadoria procedente da Ásia.

 

Risco de desabastecimento

Apesar de poder haver algum stock acumulado do ano passado, a maior parte dos operadores optou por liquidá-lo, nos últimos meses, pelo que os atrasos causados pelo bloqueio poderão levar a algum desabastecimento, numa altura em que alguns países europeus começam a levantar as restrições ao comércio.

A Modaes avança que, no ano passado, apesar da crise pandémica e do seu impacto no comércio mundial, quase 19 mil embarcações cruzaram o canal do Suez, mais 51 do que em 2019. A bordo levavam mercadoria no valor de 1.170 milhões de euros, mais 38 milhões de euros que no ano anterior e o equivalente a 10% do comércio global de mercadorias.

 

Custo horário de 400 milhões de dólares

A publicação especializada Lloyd’s List, citada pela Modaes, estima que o bloqueio do canal do Suez possa ter custado ao comércio 400 milhões de dólares em mercadorias por cada hora de atraso. O tráfego diário para ocidente ronda os 5.100 milhões de dólares e para leste os 4.500 milhões de dólares.

Entre os sectores mais afetados encontra-se o do petróleo, cujos preços começaram logo a subir, após o bloqueio, mas também o da moda, o dos componentes tecnológicos e o do automóvel.

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