Bens de consumo: como pode a IA potenciar vendas, portefólio de produtos e supply chain?

Daniel Pereira, líder do Departamento de Bens de Consumo na consultora LTPlabs
Daniel Pereira, líder do Departamento de Bens de Consumo na consultora LTPlabs

A nível mundial, a indústria dos bens de consumo é um dos setores que têm demonstrado uma adaptação mais lenta no que diz respeito ao uso de Inteligência Artificial (IA), com impactos negativos para as margens e para a competitividade de cada empresa.

No entanto, este atraso é caminho fértil para os early adopters, na medida em que não só apresentam ganhos potenciais acrescidos como também se posicionam como líderes do setor, com vantagens expressivas a vários níveis, nomeadamente: vendas & marketing, portfólio de produtos e operações & supply chain.

Para promover mais eficiência e sustentabilidade, as organizações devem reavaliar o seu negócio e identificar áreas prioritárias para uso de IA. Apesar de agora estarem focadas na IA Generativa por esta criar conteúdo humanizado (texto, imagem, áudio…), para potenciar resultados é fundamental conciliá-la com a IA Analítica (baseada mais em números).

 

Vendas & marketing: IA alavanca preço, comunicação e canal

No marketing e nas vendas, a IA Analítica — como avalia dados sobre todos os produtos semelhantes no mercado — permite entender a evolução esperada da procura em relação a variações de preço e ainda otimizar planos comerciais.

Paralelamente, a IA Generativa proporciona insights sobre o perfil dos consumidores e as suas motivações e preocupações, complementando com informação do comportamento esperado do mercado. Isto possibilita personalizar a comunicação e as ofertas e planear o esforço de vendas, estimando por produto o potencial de cada canal.

 

 

Produtos: IA segmenta consumidores e deteta padrões de compra e tendências

O ramo dos bens de consumo requer um esforço continuo no delineamento da estratégia de portfólio de produtos. A IA Generativa segmenta ao pormenor os consumidores, detetando padrões de compra e tendências emergentes. Estes dados, além de personalizarem a comunicação, são vitais para a reformulação do que cada empresa decide pôr no mercado.

Já a IA Analítica complementa este estudo e ativa a identificação e a antecipação de tendências com uma margem de erro reduzida, mesmo em situações com elevada granularidade (por cada dia, por produto e por estabelecimento).

Claro que a interpretação e a análise dos resultados destes modelos requerem alguma compreensão técnica e também noção do negócio e do contexto de mercado. Porém, a IA Generativa simplifica o acesso e a própria interpretação destes dados aos líderes.

 

Operações & supply chain: IA reduz custos e melhora stocks e recursos

Na gestão operacional e da supply chain, a IA Analítica revolucionou o planeamento da produção, atendendo às restrições de cada caso e ao trade-off entre objetivos. Esta tecnologia garante minimizar custos, melhorar a alocação de recursos, aprimorar stocks e, em acontecimentos inesperados, fornecer análises de cenários e de sensibilidades.

Por sua vez, a IA Generativa auxilia na automação e na simplificação de processos, na gestão do conhecimento interno e na tomada de decisões complexas. Funciona como um assistente virtual: sabe todos os dados e informação relevante, tem capacidade para criticar e está preparado para responder às várias hipóteses apresentadas pelo decisor.

 

IA para empresas mais complexas ou com menor maturidade analítica

Entidades mais complexas ou com menor maturidade analítica podem iniciar a transição para a IA com um processo de diagnóstico — agiliza a identificação de oportunidades e do retorno esperado — e com dar formação a equipas operacionais e sobretudo executivas, pois, quando se entende a solução, estimula-se a adoção de IA no negócio.

Independentemente da posição atual da empresa, do seu histórico de desempenho e das suas áreas-chave, a verdade é que a aplicação da Inteligência Artificial será determinante para o sucesso e para posicionar a mesma como benchmark do ramo.

A questão já não é se as estruturas devem adotar esta nova realidade tecnológica, mas sim quando e como o farão para maximizar o seu potencial. Portanto, quem trabalha na área de bens de consumo e considere que a IA é um não-assunto do presente pode estar a tornar a sua entidade uma não-empresa no futuro próximo.

 

Daniel Pereira, líder do Departamento de Bens de Consumo na consultora LTPlabs
Daniel Pereira
líder do Departamento de Bens de Consumo na consultora LTPlabs

Armando Mateus, Chief Experience Officer da TouchPoint Consulting International

A Inteligência Artificial e os Feiticeiros