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Black Friday: consultoras alertam para “holiday burnout”

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Deloitte, PwC e Accenture deram o sinal de alerta: a época das compras de Natal de 2025 deverá ser marcada por níveis inéditos de stress cognitivo, indecisão e cansaço mental. Os novos relatórios das três consultoras apontam para um fenómeno que vai muito além da pressão económica – uma verdadeira “fadiga das decisões” (ou o chamado “holiday burnout”) que está a afetar consumidores em todo o mundo.

Segundo o Holiday Retail Survey 2025 da Deloitte, 58% dos consumidores classificam as compras de Natal como uma experiência stressante. A Accenture revela que 85% dos compradores online desistem do carrinho de compras antes de finalizar a compra, sobretudo por frustração ou indecisão. Já o Holiday Outlook 2025 da PwC indica que 84% dos consumidores planeia reduzir os gastos sazonais.

Para os clínicos, estes números não surpreendem. “As pessoas não estão apenas cansadas de comprar. Estão mentalmente exaustas devido ao constante processo de tomada de decisões”, afirma a psiquiatra britânica Hannah Nearney, psiquiatra clínica da Flow Neuroscience. “Quando o cérebro fica sobrecarregado, o modo de stress dispara – e isto agrava problemas como ansiedade e depressão”.

A especialista explica que a chamada decision fatigue afeta diretamente o córtex pré-frontal, área responsável pela concentração, planeamento e regulação emocional, levando a sintomas como falta de foco, irritabilidade, humor deprimido e sensação de sobrecarga.

Pressão financeira agrava o desgaste mental

A atual conjuntura económica está a amplificar o problema. De acordo com a Deloitte, 57% dos consumidores acreditam que a economia irá piorar nos próximos seis meses – o sentimento mais pessimista registado pela consultora em quase três décadas.

Quando existe incerteza económica, o cérebro e o sistema nervoso entram num estado de alerta constante”, explica Nearney. “Isso torna ainda mais difícil gerir as compras e o planeamento da época festiva. Perde-se o prazer do momento”.

Geração Z revela maior resistência

Apesar do cenário generalizado de stress, há um grupo que parece reagir melhor: a Geração Z. A PwC indica que estes consumidores pretendem cortar 23% dos gastos natalícios – mais do que qualquer outra faixa etária – mas aumentar as compras relacionadas com bem-estar e saúde mental.

Os jovens estão a perceber que a energia mental é limitada. E isso é extremamente positivo”, sublinha Nearney, que acrescenta que estes “estão a valorizar a concentração e a calma como recursos que merecem ser protegidos”.

A especialista nota ainda que cresce o número de jovens adultos que procuram ferramentas de gestão de stress antes de atingirem o ponto de exaustão. Entre as soluções em expansão estão os dispositivos de estimulação cerebral usados em casa, desenhados para atuar nos circuitos associados ao stress e ansiedade.

Para algumas pessoas, estas ferramentas podem ser úteis. Muitos relatam melhorias no bem-estar após algumas semanas de uso regular”, refere.

Dados clínicos indicam que a estimulação cerebral pode ajudar a regular emoções, melhorar o sono, aumentar o foco e reduzir a ansiedade. Um conjunto de 18.800 utilizadores de dispositivos Flow mostrou que 66% registou melhorias após três semanas de utilização.

A solução: não evitar decisões, mas cuidar do cérebro

Para a psiquiatra, a resposta ao desgaste mental desta época não passa por fugir às compras, mas por adotar práticas de autocuidado.

As pessoas podem organizar decisões por blocos antes de enfrentarem promoções online, fazer pausas, reduzir o tempo de ecrã, praticar meditação ou atividade física – e, nalguns casos, considerar integrar a estimulação cerebral na rotina”, afirma Nearney. “O importante é criar espaço para que o cérebro recupere”.

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