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Aumentam os receios de uma guerra comercial entre a União Europeia e a China

Foto: Shutterstock

A União Europeia planeia impor novas tarifas aos veículos elétricos fabricados na China, a partir de outubro, avança a Crédito y Caución. Se os Estados-membros aprovarem a medida, os direitos niveladores acrescem aos direitos de importação de 10% já em vigor para proteger “a produção local das importações chinesas, injustamente subsidiadas, através de direitos aduaneiros”, detalha.

A nova proposta é o resultado de uma extensa pesquisa da cadeia de valor que aborda a fixação de tarifas empresa a empresa. Uma conhecida marca americana será a que mais irá beneficiar com o novo cálculo: as tarifas sobre os seus veículos elétricos são reduzidas para 9%. As duas principais marcas alemãs e os seus parceiros em joint-venture na China terão de enfrentar 21,3%. As taxas propostas para os principais fabricantes chineses situam-se entre os 17% e os 36,3%.

 

Medidas com pesos distintos

“A abordagem casuística da União Europeia é uma medida mais moderada do que a dos Estados Unidos, cujo governo elevou as tarifas sobre todos os veículos elétricos fabricados na China de 25% para 100%”, considera a Crédito y Caución.

No curto prazo, os grandes fabricantes chineses de veículos elétricos provavelmente terão capacidade para absorver os custos adicionais sem aumentar os seus preços na Europa, mas o mesmo não acontecerá nos Estados Unidos. No entanto, este mercado representa apenas 1% das exportações chinesas de veículos elétricos, em comparação com os 40% destinados à Europa.

 

Mal-estar ocidental crescente

A adoção de novas taxas evidencia o crescente mal-estar ocidental, com o aumento generalizado das exportações da China em muitos sectores a preços muito agressivos para combater a fraca procura interna. Nos últimos anos, os compradores ocidentais tornaram-se mais sensíveis aos preços e a diferença de qualidade percebida entre os produtos chineses e ocidentais diminuiu. “O governo chinês, provavelmente, está a impulsionar o crescimento das exportações para cumprir as suas metas do PIB e a incentivar as empresas a manterem a produção para evitar despedimentos em massa. Esse excesso de capacidade é redobrado nas indústrias sustentáveis, como a produção de veículos elétricos, cujo desenvolvimento a China tem promovido intensamente com fácil acesso ao crédito“, acrescenta.

As tarifas apresentam-se, assim, como uma resposta imediata para proteger os fabricantes nacionais num contexto de frágil recuperação. No entanto, as suas consequências, a longo prazo, são imprevisíveis, pois o excesso de oferta de veículos elétricos chineses baratos pode ser direcionado para outros mercados e, consequentemente, ameaçar as exportações de veículos ocidentais.

Outro problema imediato é a possibilidade de “fogo amigo”: muitas marcas europeias que têm centros de produção na China serão afetadas. Além disso, é provável que a localização da produção chinesa de veículos elétricos na União Europeia acelere, o que vem trazer, necessariamente, uma nova variável a esta equação.

 

Incerteza num sector com riscos de baixa

O contexto das novas tarifas acrescenta incerteza a um sector que já enfrentava riscos de baixa. É provável que as taxas impeçam a queda dos preços, retardando a expansão deste segmento.

Os fabricantes europeus opõem-se às tarifas por receio de uma espiral de medidas retaliatórias. De momento, o mercado asiático não planeia impor tarifas sobre os veículos elétricos europeus, mas esse aspeto pode mudar, dependendo das negociações em curso.

A China iniciou investigações sobre algumas importações europeias de alimentos e bebidas, aumentando a perspetiva de uma guerra comercial mais ampla com a União Europeia.

 

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Por Bruno Farias

Diretor na revista Grande Consumo. Um eterno sonhador, um resiliente trabalhador. Pai do Afonso e do José.

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