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Atrair pelas compras

As sete colinas de Lisboa, as inacreditáveis praias do Algarve, a beleza da Ribeira no Porto ou mesmo as paisagens dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal está na moda, é um facto. Para além da incontestável beleza natural e arquitetónica, do clima e do custo de vida barato, que conquistam cada vez mais turistas, existe outro turismo que cresce cada vez mais em Portugal. Falamos do turismo de compras, que traz cada vez mais pessoas a este “pequeno país à beira mar plantado”. 

Quase como que de um dia para o outro, Portugal entrou na moda. Entre prémios e “estrelas” internacionais a mudarem-se para o país, o mundo parece ter descoberto o que já sabíamos todos há muito tempo: Portugal é um destino incrível. Só no último ano, o número de turistas que visitaram Portugal alcançou valores recorde.

O turismo de compras, ou turismo de consumo, cresceu 36% em 2017. Por turismo de compras entende-se a deslocação dentro de padrões turísticos com a motivação ligada às compras, com especificidades relacionadas com o bom preço, a exclusividade ou outras características que não são encontradas nos países de origem.

De acordo com os dados apresentando no Summit Shopping Tourism & Economy Lisbon 2018, Portugal é o país europeu que mais cresceu em Tax Free shopping no último ano, sendo que os turistas fora da comunidade europeia gastam, em apenas um dia de compras, o mesmo que um turista europeu numa semana. Os dados da Global Blue sobre Tax Free Shopping, calculados em função do IVA devolvido a estes cidadãos, revelam que os turistas chineses são os que mais dinheiro gastam em Portugal, com um valor médio de 642 euros por dia. Seguem-se os norte-americanos, com 506 euros, os angolanos, com 252 euros, os russos, com 251 euros, os brasileiros, com 225 euros, e, por último, os moçambicanos, com 197 euros.

Criada na década de 1980, a Global Blue introduziu o conceito de Tax Free na Europa. Presente em Portugal desde 1985, data da primeira legislação sobre Tax Free no país, a Global Blue colabora com os comerciantes, de forma a fornecer-lhes meios para a emissão do Tax Free, e com os turistas, para que estes sejam reembolsados. Recentemente, anunciou uma verdadeira “revolução” neste processo. Desde 1 de julho entrou em vigor o sistema eTaxFree, que vem facilitar o processo de devolução do IVA. Integralmente digital, o eTaxFree é um processo no qual os dados transacionais de cada compra são comunicados online, e em tempo real, à Autoridade Tributária (AT), diretamente nos pontos de venda.

A implementação pioneira deste sistema e o impacto na economia são evidentes: menos filas no aeroporto e mais controlo por parte da alfândega em relação às vendas efetuadas. “Este processo de validação digital é um sistema com o qual já operamos em cerca de 15 países e de que temos vindo, nos últimos anos, a demonstrar às autoridades portuguesas a sua mais-valia. Quando falamos de Tax Free, aquilo que surge sempre são as filas no aeroporto, para as pessoas terem a validação do Tax Free e poderem ter depois o reembolso. Ou seja, até aqui, o processo era feito manualmente. A pessoa tinha um formato Tax Free em papel, ficava na fila da alfândega à espera de receber um carimbo manual e só depois ir ao balcão ser reembolsado. Este sistema vem revolucionar isto, fazendo com que o processo seja digital de A a Z. A validação passa a ser feita nos quiosques que a AT instalou nos aeroportos de Portugal, que começou em abril em Lisboa, em maio no Porto e em junho nos restantes aeroportos nacionais. Basicamente, a única coisa que o turista tem de fazer é o scan do seu passaporte neste quiosque e o sistema vai dar-lhe a validação dessas compras Tax Free. Portanto, aquilo que hoje é feito por um agente alfandegário vai ser maioritariamente feito por máquinas. Com isto, as filas de espera vão diminuir, melhorando a experiência do turista à saída de Portugal, levando-o a recomendar o nosso país como destino de compras”, explica Renato Lira Leite, Country Manager da Global Blue Portugal.

Para além de economizar tempo, o novo eTaxFree vem permitir à alfândega um maior controlo, uma vez que “o sistema digital implica que todas as compras Tax Free fiquem registadas na base da AT, dotando-a de meios próprios e capazes de fazer toda a análise de risco”, acrescenta. Uma solução prática que ajuda a terminar em beleza a estadia destes turistas em Portugal.

Para Renato Lira Leite, a experiência relacionada com o Tax Free poderá vir ainda a ser melhorada nos próximos anos. “O que interessa à Global Blue é acompanhar sempre as tendências daquilo que são as necessidades do turista de compras. O que queremos é ter cada vez mais soluções adequadas às necessidades de cada nacionalidade. Mais do que o serviço e sistemas, o turista está no centro da nossa atenção, queremos ter um serviço ‘tailor made’”, remata.

Fenómeno em ascensão
O turismo de compras é um fenómeno em ascensão nas principais cidades europeias, como é o caso de Lisboa, que concorrem pela captação deste tipo de turistas, que chegam a gastar anualmente 245 mil milhões de euros em artigos de marcas de prestígio nas suas viagens pelo mundo.

Este segmento do turismo gera crescimento económico de forma direta e rápida, mas também em “rede”, já que influencia não só o comércio como o investimento em grandes infraestruturas, a captação de investimento hoteleiro, gerando receitas associadas ao uso das novas tecnologias e meios de pagamento e potenciando o património artístico, cultural e até gastronómico. “Claramente, o turismo de compras está a ganhar um peso relativo cada vez mais importante enquanto segmento de turismo. Todas as barreiras iniciais que levavam a uma maior inibição a este tipo de turismo estão, cada vez mais, a diminuir e, na nossa opinião, a tendência é que continue em forte crescimento, com Portugal a seguir esta tendência. Era quase um desperdício ter tantos turistas em Portugal e não deixarem tanto dinheiro na nossa economia local”, explica ainda o Country Manager da Global Blue.

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, em 2025, os turistas chineses gastarão 10,5 milhões de euros em compras durante as férias. Este valor representa uma oportunidade para Portugal e para todos os operadores neste segmento de mercado. Não sendo os únicos turistas a ter em atenção, a verdade é que os consumidores chineses se destacam bastante dos demais. Os turistas extracomunitários gastam num dia de compras o mesmo que os europeus numa semana. “É necessário encontrar a fórmula para medir o impacto do turismo em todas as suas vertentes. Não basta analisar o volume dos novos visitantes no sector do turismo, é preciso analisar o impacto dos seus gastos em todos os demais sectores. Só assim se poderá apurar a real dimensão de cada segmento do mercado de turismo nos bens e serviços mais sensíveis à qualidade. É tempo de inovar, de enfrentar novos desafios e de considerar novos modelos de promoção”, explica Dimas Gimeno, ex-presidente do El Corte Inglés. “As nossas cidades possuem características que lhes permitem competir com êxito na ‘liga dos grandes’. Exibem cultura, música, arte, tradição, modernidade, capazes de atrair e encantar cidadãos de todas as partes do mundo. A nossa gastronomia, tanto a tradicional como a alta cozinha desenvolvida por grandes chefs portugueses, merecem ser dadas a conhecer e a quem, no exterior, tem capacidade para usufruir de toda esta oferta e sabe valorizar a qualidade”, conclui.

Este artigo foi publicado na edição n.º 50 da Grande Consumo.

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