in

Afinal, o Natal ainda é o que era

De acordo com um estudo realizado pela Kantar Worldpanel sobre a alimentação durante a quadra natalícia, sete em cada 10 indivíduos referiam ainda não ter planeado o seu menu para as refeições festivas. Esta aparente inércia e descontração está, na verdade, relacionada com o facto desta ser uma quadra em que imperam as tradições e onde tendemos a repetir rituais, trazendo para a mesa os pratos e sabores que nos são mais familiares. Na verdade, cerca de 77% dos inquiridos planeavam manter o mesmo menu das refeições festivas em relação ao ano anterior.

Por outro lado, entre os indivíduos que tencionavam alterar o menu, encontram-se em particular aqueles que procuram aliar a conveniência à tradição, comprando alguns ou até mesmo a totalidade dos pratos já preparados para levar para casa. A alteração do menu das refeições festivas é também justificada pela vontade de variar em relação ao ano anterior, bem como ao facto de encontrarem conforto ao apresentar uma ementa que sabem ser do agrado de toda a família.

Mas, para a grande maioria dos indivíduos, o Natal é, sem dúvida, uma época mais familiar em que a grande maioria dos pratos são confecionados em casa (79%). Nestes lares prevalecem, assim, os hábitos e costumes passados ao longo dos anos e replicados numa ementa onde se dá destaque aos pratos confecionados de forma tradicional (54%).

Assim, na ementa mais tradicionalista, o bacalhau com legumes tem presença obrigatória na ceia de Natal. Nestes lares coloca-se o habitual Bolo Rei ou Bolo Rainha no centro da mesa, acompanhado por broas, sonhos e rabanadas, frutos secos, bombons e chocolates e outros doces festivos.

Este é, com certeza, o quadro mais comum na maior parte dos lares portugueses, tornando dezembro no mês que concentra mais vendas para os produtos alimentares típicos destas datas e dos produtos necessários para a confeção dos pratos festivos. Este aumento das compras ocorre especialmente em produtos protagonistas dos menus tradicionais, como é o caso do bacalhau, os frutos secos e as frutas cristalizadas, bem como outras categorias de produto, como as farinhas, o açúcar, o óleo e as especiarias.

Uma quadra natalícia com tudo a que temos direito
Nesta quadra tão especial e com a mesa farta, imperam inevitavelmente os momentos de prazer à mesa, onde não há espaço para dietas ou restrições, com 36,5% dos inquiridos a referirem comer sem restrições.

Há quem vá ainda mais além assumindo que durante a época festiva procura escolher produtos de qualidade superior, gourmet ou premium. Em nome da tradição, deleitam-se assim com iguarias como o marisco, o cabrito e a lampreia de ovos.

Com tantos excessos cometidos ao longo de toda a quadra festiva, haverá ainda espaço para uma alimentação e escolhas saudáveis na quadra natalícia?
De facto, nem sempre imperam apenas as tradições. Cerca de 25% dos inquiridos referem procurar fazer escolhas alimentares mais saudáveis, mesmo durante a época festiva, sendo estes, na sua maioria, motivados por restrições alimentares ou dietas específicas, como por exemplo diabetes, intolerância ao glúten ou à lactose.

Mas seja por existir necessidades de dietas alimentares específicas ou por uma questão de hábitos alimentares saudáveis já enraizados, é possível fazer escolhas mais saudáveis sem perder o encanto das celebrações natalícias.

De uma forma geral, verifica-se uma tendência para a redução das quantidades consumidas entre os indivíduos com uma maior “consciência” alimentar. Assim, procuram não cometer excessos de maior, evitando em particular os doces e sobremesas.

Por outro lado, procuram também fazer algumas substituições e privilegiar alguns alimentos mais saudáveis, como, por exemplo, a escolha de carnes mais magras, como o peru (48% opta por incluir o peru nas suas refeições festivas como uma alternativa mais saudável).

Ao longo dos últimos anos, os portugueses têm vindo demostrar uma crescente atenção para uma alimentação mais saudável e natural. Mais do que apenas por motivos de preocupação com a saúde, procuram essencialmente o bem-estar num corpo e mente sãos.

Resta agora saber se a ressaca dos excessos cometidos durante a época festiva será o mote para um foco ainda maior numa alimentação mais saudável. Esta será, com certeza, uma das tendências que a Kantar Worldpanel acompanhará de perto e a que procurará dar resposta.

Por Irma Queirós, Client Executive Kantar Worldpanel

Este artigo foi publicado na edição n.º 48 da Grande Consumo.

IoT, uma oportunidade ou uma ameaça para as casas inteligentes?

poder de compra

Vendas a retalho em Portugal crescem mais do dobro da média europeia