André Marques da Silva, CEO da GMS Store, aborda a evolução do grupo que, em Portugal, representa a Apple e a Bang & Olufsen, e que recentemente reforçou o seu parque de lojas, com a abertura de uma loja no Centro Comercial Alegro Alfragide, uma loja com cerca de 120m2 projetada para oferecer aos clientes uma ampla variedade de produtos Apple e acessórios, “com um atendimento especializado e de qualidade”.
Grande Consumo – Como começou a sua jornada no mundo dos negócios e o que o levou a escolher o sector da tecnologia?
André Marques da Silva – A minha jornada começou no ramo automóvel, um dos negócios do grupo que ainda perdura até aos dias de hoje. Porém, a minha paixão pelas áreas da tecnologia já tem algumas décadas e tudo começou com uma chamada telefónica. Um dia, o meu pai telefonou-me diretamente dos EUA, quando estava dentro de uma loja da Apple e, como um bom empresário, lançou-me uma questão: Porque não trazer a Apple para Portugal?
Uma boa ideia, mas que parecia longínqua em termos de execução. A minha paixão falou mais alto e fez com que aceitasse este desafio e aí surgiu a GMS Store.
GC – Quais foram os principais desafios que encontrou ao longo da sua carreira, especialmente no início da GMS Store?
AMS – O principal desafio foi estabelecer a credibilidade que hoje nos reconhecem e, principalmente, compreender como nos podíamos diferenciar ao nível da experiência de compra. Para além disso, a abertura de qualquer loja exige uma série de padrões rigorosos por parte da Apple que, em muitos casos, são desafiantes de assegurar. Além disso, ano após ano, o desafio é constante: adaptar continuamente a nossa oferta às necessidades do mercado português e a uma experiência de compra cada vez mais personalizada.
GC – Como foi a experiência de estabelecer uma parceria com marcas de renome, como a Apple e a Bang & Olufsen?
AMS – Para um apaixonado por design e tecnologia poder representar marcas como a Apple e a Bang & Olufsen é algo extraordinário, é uma oportunidade incrível, apesar de desafiadora. As exigências de qualidade e inovação dessas marcas é altíssima. Porém, foi mesmo essa sinergia de valores que fortaleceu a nossa missão e o nosso objetivo desde que idealizámos este conceito: disponibilizar produtos e serviços da mais alta qualidade.
GC – Quais são os momentos mais marcantes da sua carreira e como moldaram a sua visão empresarial?
AMS – Como não podia deixar de ser, 2011, com a criação da GMS Store foi um marco significativo. Mais recentemente, a reabertura da GMS Store do Colombo – a primeira loja Apple Premium Partner em Portugal, um programa com um conceito de loja muito próximo dos espaços da Apple em todo o mundo – ou a inauguração da B&O, em Cascais, – uma loja única por ter sido pensada em formato casa para proporcionar uma experiência de cliente única – são dois momentos que, certamente, serão para recordar.
As exigências de qualidade e inovação dessas marcas (Apple e Bang & Olufsen) é altíssima. Porém, foi mesmo essa sinergia de valores que fortaleceu a nossa missão e o nosso objetivo desde que idealizámos este conceito: disponibilizar produtos e serviços da mais alta qualidade
GC – Como avalia a evolução do mercado de tecnologia e design em Portugal, nos últimos anos?
AMS – A tecnologia e o design tornaram-se componentes essenciais na vida dos consumidores do mundo, sem exceção para Portugal. Nesse sentido, é um mercado que tem evoluído significativamente com um aumento considerável na procura por produtos de alta qualidade e com uma experiência de compra cada vez mais personalizada, humana e com foco no cliente. Neste segmento, as projeções do mercado do luxo para 2024 acentuam o interesse de quem consome e apontam para um crescimento do mercado na casa dos 40%. Um valor bastante significativo, tendo em conta o panorama transversal aos restantes setores.
GC – Quais são as expectativas dos consumidores portugueses em relação a produtos de tecnologia de alta qualidade?
AMS – As expectativas dos consumidores a produtos tecnológicos de alta qualidade sempre foram bastante altas. Produtos que ofereçam inovação, design fora do normal, sistemas operativos intuitivos. Em muitos momentos, estes produtos funcionam quase como um status quo. O que tem vindo a ser alterado nos últimos anos está relacionado com a experiência de compra em loja. Será através da integração de soluções tecnológicas que permitam uma maior autonomia dos colaboradores de loja que fará a diferença. Falo de colaboradores que consigam antecipar compras, perceber tendências e necessidades de cada um dos clientes, tornando a experiência em loja verdadeiramente ‘taylor made’.
GC – De que forma a pandemia e a inflação afetaram o comportamento dos consumidores e como a GMS se adaptou a essas mudanças?
AMS – A pandemia e a inflação levaram os consumidores a dar muito mais valor à qualidade e à funcionalidade dos produtos tecnológicos. O nosso objetivo passou por compreender de que forma podíamos colmatar esta variação no comportamento dos consumidores. Adaptámo-nos, reforçámos a nossa presença online e procurámos apostar num serviço de entrega eficiente, mantendo sempre, claro, o compromisso que nos diferencia: uma experiência de compra sem precedentes.
Quando falamos na retenção de talento, muitas vezes, caímos na ideia errada de referimo-nos obrigatoriamente a profissionais de IT, mas isso não corresponde à verdade. Precisamos de estimular em Portugal melhores mecânicos, soldadores ou eletricistas. Profissionais que sejam capazes de responder às novas exigências de um mercado competitivo e sempre inovador
GC – Quais são os principais desafios na retenção de talentos na sua empresa e no sector de tecnologia em geral?
AMS – Sabia que somos um dos principais países da Europa onde é mais difícil gerir recursos humanos? Podemos dizer que isto demonstra a falta de competitividade das nossas empresas e o próprio crescimento económico do país.
Quando falamos na retenção de talento, muitas vezes, caímos na ideia errada de referimo-nos obrigatoriamente a profissionais de IT, mas isso não corresponde à verdade. Precisamos de estimular em Portugal melhores mecânicos, soldadores ou eletricistas. Profissionais que sejam capazes de responder às novas exigências de um mercado competitivo e sempre inovador.
Neste sentido, creio que um dos maiores desafios passa pelos próprios empresários. Precisamos de estimular uma nova cultura interna e deixar para trás os ideais arcaicos que não nos deixam competir com outros países da Europa. Aliado a isto, também a fiscalidade é um dos maiores desafios, na medida em que a proporção entre o que uma empresa paga e o que um colaborador recebe está consideravelmente acima do rácio praticado na União Europeia (24,1% e 20,8%, respetivamente).
GC – Que estratégias tem implementado para atrair e manter talentos qualificados na GMS?
AMS – Na GMS temos procurado apostar bastante na formação profissional porque é uma das melhores formas que temos de ter talento. Só assim será possível oferecermos a melhor experiência de loja do mercado. Uma vez que atualmente os colaboradores valorizam, cada vez mais, incentivos e benefícios que não estão diretamente ligados à remuneração, até porque, como já expliquei, para que consigamos oferecer salários mais atrativos, é fundamental que as políticas salariais sejam revistas, tornando-se mais competitivas.
Assim, o que temos procurado fazer é desenvolver as condições internas para que consigamos oferecer aos nossos colaboradores um ambiente de trabalho saudável e que valorize o seu trabalho e dedicação.
A ideia é continuar a expansão da marca Apple/GMS Store em Portugal, nomeadamente em regiões onde a marca não tem presença através de lojas físicas. Foi nesse sentido que abrimos a loja no Centro Comercial Alegro Alfragide, não só por ser um centro comercial muito movimentado, é uma localização que chama muitas pessoas, devido à sua excelente localização, visibilidade e acessibilidade
GC – Como vê a importância da cultura organizacional na retenção de talentos e na motivação dos colaboradores?
AMS – É um pouco o que referi acima. A cultura organizacional é o primeiro passo para reter talento. Criar um ambiente de trabalho inclusivo, positivo, que direcione os colaboradores no caminho certo, onde estes se sintam valorizados e motivados. Num negócio como o nosso, onde a experiência em loja é o maior diferencial, sem colaboradores motivados é impossível ter sucesso.
GC – Quais são os planos futuros para a GMS e quais as novas áreas de negócio que gostaria de explorar?
AMS – A ideia é continuar a expansão da marca Apple/GMS Store em Portugal, nomeadamente em regiões onde a marca não tem presença através de lojas físicas. Foi nesse sentido que abrimos a loja no Centro Comercial Alegro Alfragide, não só por ser um centro comercial muito movimentado, é uma localização que chama muitas pessoas, devido à sua excelente localização, visibilidade e acessibilidade. É também uma zona com uma comunidade que alinha a 100% com o perfil e valores dos nossos clientes. Esta nova loja, com cerca de 120m2 foi projetada para oferecer aos clientes uma ampla variedade de produtos Apple e acessórios, com um atendimento especializado e de qualidade.
GC – Como vê o papel da inovação tecnológica no futuro do Grupo Marques da Silva e quais são as próximas grandes tendências que espera ver no mercado?
AMS – A inovação tecnológica sempre foi o pilar do Grupo Marques da Silva. Trabalhamos, diariamente, para implementar e compreender as tecnologias mais avançadas que o mercado tem. Acreditamos que a inovação é um motor vital para o crescimento e sustentabilidade do grupo.
Entre as próximas grandes tendências, em termos tecnológicos, podemos falar do papel cada vez mais preponderante da Inteligência Artificial (IA) e da automação. A IA, além de estar a transformar a forma como nos relacionamos com a tecnologia, está a revolucionar uma área que é crucial no nosso ramo: atendimento ao cliente, a personalização de produtos e a análise de dados. No contexto da GMS Store, isso significa oferecer experiências de compra mais intuitivas e personalizadas, bem como melhorar a eficiência do serviço ao cliente.
A sustentabilidade e a tecnologia verde também são tendências emergentes que acreditamos serem essenciais para o futuro. Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a sustentabilidade, os consumidores estão cada vez mais interessados em produtos que sejam ambientalmente responsáveis. A GMS está a explorar soluções tecnológicas que não só atendam às necessidades dos consumidores, mas que também contribuam para este caminho que todos temos de percorrer.
GC – Que conselhos daria a jovens empresários que estão a iniciar os seus próprios negócios em Portugal?
AMS – Aconselho-os a seguirem a sua paixão, a não terem medo de arriscar e a manterem um compromisso constante com ideias que vão além do óbvio. É uma fase crucial que, muitas vezes, gera dúvidas e questões. Mais do que nunca o que nos diferencia uns dos outros passa pela criatividade e inovação, pela capacidade de irmos mais além e explorarmos pontos que os outros não conseguem antecipar.
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