De acordo com o relatório anual da Oliver Wyman em parceria com a Morgan Stanley, “Into The Great Unknown For Wholesale Banking”, prevê-se que, nos próximos três anos, a rentabilidade da banca de retalho varie entre 11,7% e 14,5%, dependendo do cenário que se venha a verificar.
O relatório também deixa claro que, embora todos os bancos de retalho apresentem grandes oportunidades de crescimento e lucro, a concorrência dentro e fora do sector bancário é feroz e os fatores económicos do negócio continuam a ser altamente vulneráveis a choques externos e tendências de mercado.
As potências norte-americanas dominaram o sector bancário de retalho durante a última década, mas o panorama está a mudar. Os bancos globais e regionais com sede fora dos Estados Unidos estão preparados para beneficiar deste “boom” económico, colmatando a diferença de rentabilidade entre eles. Mas, para fazê-lo, vão enfrentar uma série de mudanças na economia e a pressão crescente dos concorrentes não bancários.
Redefinir o modelo de negócio
Desde a última crise financeira mundial, o sector tem vindo a redefinir o seu modelo de negócio para aumentar a resiliência e gerar retornos de investimento positivos. No entanto, de acordo com as estimativas, estes esforços podem ser afetados por dois fatores que vão exercer uma profunda pressão sobre a economia e o ambiente da banca de retalho – o fim da política monetária em vigor desde março de 2022 e a eliminação dos estímulos fiscais, que reduziram as receitas do sector em 2% em 2022, para 581 mil milhões de dólares. Além disso, a introdução de um novo regime de capital a partir de 2025 a nível mundial, baseado nas novas regras propostas pelos reguladores dos EUA, o chamado Basel III Endgame, que são mais conservadoras e restritivas do que as regras globais atuais.
A rápida subida das taxas de juro desencadeou uma crise bancária contida em março de 2023, que pôs em causa a gestão da liquidez e o risco de taxa de juro da banca de retalho. Em resultado deste aumento, a procura das atividades de consultoria e de subscrição que impulsionaram as receitas e os lucros do sector durante a pandemia também abrandou.
Contudo, apesar desta desaceleração, as receitas do sector têm apresentado uma tendência de crescimento (+12%) em comparação com os níveis anteriores à pandemia, refletindo o aumento da volatilidade e os rendimentos mais elevados do sector, bem como o crescimento económico subjacente e o aumento do valor das ações.
As consequências da mudança de ciclo para uma política económica mais restritiva já se refletiram no primeiro semestre de 2023, mas de forma desigual entre as diferentes linhas de negócio. Enquanto as receitas da banca de investimento (IBD) diminuíram até 15%, as receitas de mercado estabilizaram, diminuindo apenas 8%, e a banca de transações e serviços de segurança continuaram a crescer mais 29% e 10%, respetivamente.
Oportunidades de crescimento
Apesar destes desafios, existem oportunidades de crescimento para alguns bancos. Em particular, as taxas de juro vão aumentar significativamente as receitas e a rentabilidade dos bancos com atividades de banca transacional e de serviços de valores mobiliários. De acordo com as estimativas deste relatório, estas atividades terão crescido 39% e 14%, respetivamente, entre 2020 e 2025, representando 29% das receitas totais do sector em 2025, em comparação com 24% em 2020.
Além disso, a aplicação equilibrada das regras de capital Basel III Endgame fora dos EUA, a par da aplicação de um regime de capital mais rigoroso, permitirá aos bancos de outras partes do mundo conquistar maior quota nos seus mercados nacionais, aumentar a sua presença no sector e reduzir a diferença de rentabilidade em relação aos líderes dos EUA.
Tendo em conta as perspetivas atuais e os fatores que vão condicionar as receitas do sector da banca de retalho, a Oliver Wyman e a Morgan Stanley propõem cenários macroeconómicos possíveis para os próximos três anos, com base em três fatores principais: inflação, política monetária subjacente e preços dos ativos.