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A subutilização do trabalho – indicador que mede o número de pessoas que trabalham menos do que desejam ou não utilizam plenamente as suas competências – desceu em setembro para 10,2%, o valor mais baixo de que há registo, aproximando Portugal de uma situação de pleno emprego. Há dez anos, a taxa era de 22%, o que representa uma redução para menos de metade.
De acordo com a análise mensal da Randstad Portugal, baseada em dados do INE, IEFP e Segurança Social, o mercado de trabalho português mantém-se dinâmico, com mais 9.400 pessoas empregadas face a agosto (+0,2%) e um aumento de 13.700 pessoas na população ativa (+0,3%), que totaliza agora 5,62 milhões -o valor mais elevado em décadas.
Desemprego cresce apenas entre as mulheres
A taxa de desemprego fixou-se em 6%, mais 0,1 pontos percentuais do que em agosto, mas menos 0,5 p.p. face a 2024. Em setembro, havia 337.200 desempregados, menos 18.500 do que há um ano. No entanto, o aumento mensal do desemprego foi registado apenas entre as mulheres (+7%, ou +12 mil pessoas), enquanto entre os homens a taxa caiu 4,8% (-7.700).
Por faixa etária, o desemprego subiu 2,8% entre os adultos (25-74 anos), mas diminuiu 4% entre os jovens (-2.900).
Nos Centros de Emprego, o número de desempregados registados subiu 0,3% em setembro (+962 pessoas), para 302.600, enquanto os pedidos de emprego aumentaram 0,7% (+3.179). Ainda assim, em termos homólogos, o desemprego registado caiu 2,6% (-8.149 pessoas).
As remunerações médias declaradas à Segurança Social situaram-se em 1.568,97 euros em agosto, representando uma queda mensal de 8,7%, mas um aumento de 4,9% face a agosto de 2024.
Subutilização do trabalho: metade em dez anos
Atualmente, 585,3 mil pessoas estão em situação de subutilização do trabalho, das quais 337,2 mil desempregadas, 118 mil a tempo parcial que desejam mais horas, 31,8 mil inativas à procura, mas indisponíveis, e 98,3 mil inativas disponíveis, mas sem procurar emprego.
Segundo Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, esta evolução é um sinal claro da recuperação e dinamismo do mercado de trabalho, embora persistam desafios estruturais. “A trajetória de descida da taxa de subutilização é uma notícia positiva, pois mostra um mercado mais inclusivo e próximo do pleno emprego. No entanto, o desajuste entre as competências disponíveis e as necessidades das empresas mantém-se. É essencial reforçar as políticas de qualificação e reconversão profissional que acompanhem a transformação do mercado de trabalho”.
Com a subutilização em mínimos históricos e o emprego em níveis recorde, Portugal consolida uma das fases mais estáveis da última década. Ainda assim, a Randstad alerta que a qualidade e a sustentabilidade do emprego dependerão cada vez mais da adaptação das competências à nova realidade económica e tecnológica.
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