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A Constellation Brands registou uma queda menor do que a esperada nas suas vendas do segundo trimestre, impulsionada por uma procura estável pelas suas marcas de cerveja, apesar dos desafios económicos e sociais que afetam especialmente os consumidores hispânicos nos Estados Unidos.
A empresa, detentora de marcas populares como Corona e Modelo, tem enfrentado um ambiente difícil, agravado pelas políticas de imigração da administração Trump, que têm gerado receios nas comunidades latinas — um dos públicos-alvo mais importantes da empresa. Mesmo com estes entraves, a divisão de cerveja da Constellation teve um desempenho superior ao do sector.
As vendas líquidas da empresa caíram 15% no trimestre terminado a 31 de agosto, atingindo 2,48 mil milhões de dólares, ultrapassando ligeiramente as estimativas dos analistas, que apontavam para 2,46 mil milhões, de acordo com dados da LSEG. O lucro trimestral situou-se nos 3,63 dólares por ação, também acima das previsões de 3,38 dólares por ação.
Apesar das dificuldades, a Constellation Brands reafirmou as suas previsões de vendas e lucros para o ano fiscal, após uma revisão em baixa no mês anterior. A empresa prevê uma queda orgânica de vendas entre 4% e 6% no ano fiscal de 2026 e projeta lucros por ação ajustados entre 11,30 e 11,60 dólares.
A divisão de cerveja, que representa a maior fatia da receita da Constellation, registou uma queda de 2,7% no volume de escoamento (medida da quantidade de produto vendida ao consumidor final), enquanto os envios diminuíram 8,7%.
O CEO da empresa, Bill Newlands, reconheceu o impacto do atual “ambiente socioeconómico desafiante“, que tem reduzido a procura por parte dos consumidores, mas destacou o desempenho robusto da divisão de cerveja. Esta resiliência ocorre num contexto em que fabricantes de bebidas alcoólicas nos EUA, como a Molson Coors e a Brown-Forman, também enfrentam uma procura enfraquecida, agravada ainda mais pelo aumento das tarifas sobre latas de alumínio para 50%, o que pressiona as margens de lucro.
As ações da Constellation Brands, que já perderam 37% do seu valor este ano, subiram cerca de 4% nas negociações pós-fecho do mercado.