A insígnia francesa de moda feminina Naf Naf, fundada em 1973 e presente em Portugal há mais de três décadas, entrou em liquidação nas suas operações do sul da Europa.
Após anos de dificuldades financeiras e várias tentativas de recuperação, a marca declarou falência em Espanha, Itália e Portugal, encerrando todas as lojas físicas e saindo dos marketplaces digitais na região.
Colapso ibérico e italiano
Em Espanha, a Naf Naf operava através da filial Naf Naf Iberia, com sede em Barcelona. A rede contava com 60 pontos de venda – 52 corners no El Corte Inglés e oito lojas próprias – empregando cerca de 103 pessoas. Todos estes espaços encerraram no final de setembro, dando início a um processo de concurso de credores que deverá prolongar-se durante algumas semanas.
Em Itália, a marca estava presente em 41 pontos de venda, sobretudo corners em redes como Upim e Coin, empregando 41 trabalhadores. O fecho foi igualmente decretado, aguardando apenas homologação do tribunal francês que supervisiona a liquidação da matriz.
Em Portugal, a Naf Naf tinha presença mais reduzida, através de alguns espaços afiliados ligados à estrutura espanhola e da venda online. Com a falência, a marca desaparece também do mercado nacional.
Impacto nos trabalhadores e fornecedores
O encerramento afeta diretamente cerca de 144 colaboradores na Península Ibérica e Itália, além de ter consequências indiretas para fornecedores, parceiros logísticos e franchisados. Em comunicado, o diretor da Naf Naf Iberia, Carlos Pérez Díaz, agradeceu os “mais de 30 anos de história da marca em Espanha e Portugal”, sublinhando o empenho das equipas e dos clientes.
Em França, os sindicatos alertaram para o impacto social da liquidação, que ameaça milhares de postos de trabalho diretos e indiretos.
A Naf Naf acumulava perdas há vários anos. Em 2022 registou um volume de negócios de 141 milhões de euros, mas com prejuízos na ordem dos 14 milhões. A pandemia agravou o endividamento, sobretudo com rendas em atraso. Em 2020, a marca tinha sido salva pelo grupo franco-turco SY International e, em 2024, adquirida pelo fabricante turco Migiboy Tekstil, que prometeu preservar empregos e lojas. Contudo, a recuperação não se concretizou.