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Um estudo realizado pela Fraunhofer Austria para a refurbed revelou um potencial surpreendente nos smartphones que se acumulam nas casas portuguesas.
O estudo revela que cerca de 16,2 milhões de smartphones permanecem guardados nas gavetas dos portugueses, o equivalente a 1,57 smartphones por habitante. Destes, cerca de 5,1 milhões estão em condições ideais para serem renovados, um número que abre caminho a uma “segunda vida” que reduziria drasticamente os resíduos eletrónicos (e-waste) e a dependência dos recursos naturais.
162 milhões de euros é o valor potencial de mercado que poderia ser gerado se estes telemóveis fossem reintegrados no mercado através da economia circular.

Tendência europeia
O cenário português reflete uma tendência europeia preocupante. Cerca de 642,6 milhões de smartphones permanecem inativos nas gavetas dos cidadãos da União Europeia, que contêm matérias-primas avaliadas em 3,5 euros per capita. O relatório conclui que a União Europeia poderia poupar 24 milhões de toneladas de CO2 se conseguisse renovar os 211 milhões de smartphones que ainda estão em condições ideais para serem recondicionados.
Em Portugal, os dados indicam que se todos os smartphones recondicionáveis tivessem uma segunda vida, seriam evitadas 580.095 toneladas de emissões de CO2. Em termos comparativos, para absorver esta quantidade de CO2 num ano, seriam necessárias cerca de 23 milhões de árvores.
Recondicionar destes dispositivos reduziria a utilização de recursos em 86% (em comparação com a produção de novos dispositivos) e em 69% o consumo de matérias-primas consideradas críticas pela Comissão Europeia, tais como terras raras, cobalto, lítio e outros metais estratégicos. Outro benefício significativo seria uma redução de 97% na utilização de minerais extraídos em zonas de conflito, frequentemente associados a violações dos direitos humanos.
De 18 a 82
O número de smartphones acumulados cresceu significativamente desde 2011, quando 82% da população europeia não tinha qualquer smartphone e apenas 18% tinha um ou mais dispositivos. 12 anos mais tarde, em 2023, as percentagens inverteram-se completamente: agora, apenas 18% dos europeus não tem um smartphone e 82% tem pelo menos um.

Quando questionados sobre o estado dos aparelhos eletrónicos que já não utilizam, a maioria dos cidadãos da União Europeia não teve dúvidas: 49% dos inquiridos confirmou que ainda os tem em casa (dados do Eurostat).

“O número de smartphones não utilizados em Portugal, e na Europa, é alarmante”, afirma Peter Windischhofer, cofundador e CEO da refurbed. “Estamos a desperdiçar uma oportunidade de proteger o nosso planeta, conservar recursos essenciais e construir um futuro mais sustentável. O modelo linear de extrair, produzir e descartar já não é viável.
A renovação dos dispositivos é uma solução vantajosa para todos, explica Peter Windischhofer. “Os consumidores têm acesso a tecnologia de ponta a preços mais acessíveis, enquanto contribuem ativamente para um futuro mais ecológico. Apelamos a todos os consumidores para que considerem os dispositivos eletrónicos recondicionados como uma opção inteligente e responsável”.



