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“Alimentar a Economia” foi o mote para a 7.ª Conferência para a Competitividade organizada pela FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, no dia 22 de maio.
O encontro, que decorreu no Centro Cultural de Belém, contou com a presença do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e diversas individualidades do sector agroalimentar, numa reflexão sobre temas como a soberania alimentar na Europa e os desafios da cadeia de valor agroalimentar.
Jorge Henriques, presidente da FIPA, destacou no seu discurso o compromisso do sector em produzir mais e melhor a partir dos recursos disponíveis no território. Um posicionamento acompanhado de “inovação constante, que tem permitido melhorar a eficiência produtiva, a qualidade dos produtos e a sustentabilidade das operações”.
Com o país prestes a entrar num novo ciclo político, o presidente da FIPA sublinhou ser essencial que o novo Governo reconheça a importância estratégica da indústria agroalimentar e implemente políticas que incentivem a inovação, a exportação e a segurança alimentar. Defendeu ainda um Ministério da Agricultura e da Alimentação e uma Secretaria de Estado da Alimentação. Apelou no sentido de o novo Governo definir, com a ajuda da fileira, um plano nacional de segurança alimentar, programas de incentivo e apoio à inovação e um programa de apoio à exportação e à internacionalização. Ao nível fiscal, voltou a reforçar a necessária harmonização do IVA dos produtos alimentares na taxa reduzida e a eliminação dos impostos sobre as bebidas açucaradas.
Com os desafios a acontecerem à escala global, o ministro da Agricultura e Pescas destacou na sua intervenção temas como segurança energética e natalidade e sublinhou que a “agricultura e agroindústria são estratégicas, que a digitalização é essencial, tal como a investigação”.
Segurança alimentar
Na mesa-redonda que contou com a presença de Arlindo Cunha, professor da Universidade Católica Portuguesa, Eduardo Diniz, diretor geral do GPP, José Romão Braz, presidente da IACA, e Patricia Fonseca, consultora da Presidência da República, debateu-se segurança alimentar, reservas estratégicas e o quanto são importantes para a soberania nacional. Defendeu-se mesmo a necessidade de definir stocks estratégicos de cereais, que não temos em quantidade suficiente.
A anteceder este painel, Raquel Vaz Pinto, professora da Nova FCSH, fez um retrato da geopolítica atual e abordou os desafios dos países europeus. Entre esses desafios conta-se o de “desacelerar a hiper-regulação e fasear os objetivos da economia verde e da economia digital de forma mais exequível” e a necessária articulação dos interesses dos grandes Estados-membros face ao desafio do coletivo.
Desafios
Na segunda parte da conferência, António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, foi o orador convidado e efetuou reflexão sobre os desafios da cadeia de valor agroalimentar. No final, desafiou as empresas, nomeadamente as do sector agrícola, a integrar na sua cultura o saber das universidades.
“Os desafios da cadeia de valor agroalimentar” foi também o tema do debate que se seguiu entre Adolfo Mesquita Nunes, sócio da Pérez-Llorca, António Casanova, CEO da Unilever FIMA, Catarina Pinto Correia, sócia da VdA, e José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA. Esta conversa deixou pistas para o futuro, numa altura em que temas como a inteligência artificial, para otimizar processos e melhorar a eficiência das cadeias de abastecimento, dá passos firmes em direção a um futuro mais ágil e mais inteligente.