A GS1 Portugal organizou o seu nono congresso. O evento, focado nos desafios da sustentabilidade e transição digital, reuniu especialistas, empresas e líderes de diversos sectores para debater o impacto dos pilares ESG (ambiental, social e governação) na gestão e na sociedade.
A abertura do congresso coube ao secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, que destacou a importância dos pilares ESG na competitividade das empresas.
Paulo Portas enquadrou equacionando a inter-relação entre “Os conflitos e a soberania das nações: temas que afetam as empresas”, tendo explorado a influência dos contextos geopolíticos na gestão empresarial global. “A Europa regula primeiro e depois inova. Precisamos de pensar num cenário regulatório que não bloqueie a inovação”, mencionou.
Novos ângulos sobre o tema foram equacionados na entrevista conduzida por Pedro Pinto, ex-jornalista, a António Bagão Félix, ex-ministro do Trabalho e Segurança Social e das Finanças, que trouxe à discussão questões cruciais sobre a gestão financeira e social no contexto atual. “Nos dias de hoje, é necessária muita coragem para escolher a moderação e não caminhar para os extremos” referiu o ex-ministro. Neste contexto, foi sublinhada a necessidade de se repensar o papel da despesa do Estado, defendendo que tem de se adaptar às necessidades dos cidadãos e não o contrário.
Sustentabilidade e transição digital
Durante o evento, dois painéis de discussão centraram-se nos novos modelos de gestão empresarial e no papel do consumidor na sustentabilidade. No painel “Sustentabilidade e Transição Digital: novos modelos de gestão empresarial”, moderado por Miguel Poiares Maduro, destacaram-se as intervenções de Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, Afonso de Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Logística, Fernando Matos, presidente da Data Science Portuguese Association, e João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1 Portugal, que abordaram as novas exigências para as empresas no contexto da transição digital.
“Temos registado ganhos ambientais e económicos relacionados com a criação de riqueza pós-consumo. No entanto, ainda é difícil compreender como 34 a 35 milhões de embalagens acabam todos os anos em aterros, quando poderiam ser reaproveitadas como recursos valiosos”, referiu Ana Isabel Trigo Morais.
“Cidades como Lisboa terão de criar hubs para realizar distribuições de forma mais local. Os centros urbanos não suportam o crescimento atual dos movimentos de entregas e distribuição”, defendeu Afonso de Almeida.
“A IA pode ser utilizada em várias áreas, dependendo dos objetivos de cada empresa. Os líderes empresariais têm a responsabilidade de saber navegar nesta área e aproveitar as oportunidades para as suas organizações”, afirmou Fernando Matos.
“A sustentabilidade ganha mais importância quando traz outro benefício associado”, mencionou Ana Paula Barbosa, da Nielsen IQ Portugal, que lançou o mote para a programação da tarde.
Consumidor perante a sustentabilidade
Seguiu-se, depois, o painel “O consumidor perante a sustentabilidade: como passar da intenção para a ação?”. Moderado por Paulo Câmara, da Universidade Católica Portuguesa, e com a participação de Rodrigo Tavares, professor catedrático convidado da NOVA SBE, Mário Parra da Silva, residente Associação Portuguesa de Ética Empresarial, e José Costa Pinto, vogal da Direção do Instituto Português de Corporate Governance, que discutiram estratégias para envolver o consumidor na adoção de práticas mais sustentáveis.
“O que não se mede não se consegue gerir. O Instituto Português de Corporate Governance foi a primeira entidade a procurar sistematizar e medir critérios de ‘governance’ das empresas”, salientou José Costa Pinto.
“O tecido empresarial português, composto maioritariamente por microempresas, exige que o debate sobre sustentabilidade não seja exclusivo das grandes empresas, devemos adaptar o discurso e as ferramentas de apoio às PME”, enfatizou Rodrigo Tavares.
“É mais difícil para as empresas certificarem-se do que efetivamente implementarem medidas”, defendeu Mário Parra da Silva.
Encerramento
O congresso foi encerrado com uma síntese das conclusões apresentada por João de Castro Guimarães, que sublinhou a importância da colaboração entre empresas, governos e consumidores para acelerar a transição para uma economia mais sustentável. Destacou, ainda, que essa transição deve integrar e gerir o impacto das dimensões ambiental, social e ética, de “governance”, (ESG) na sustentabilidade das empresas e das economias, enfatizando o poder dos standards para alcançar eficiência e crescimento de forma ágil.