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6 produtores distinguidos nos Prémio Intermarché Produção Nacional

O primeiro gin português feito de abóbora, um vinho de uma casta nacional que se encontra praticamente extinta, a Jampal, um inédito queijo kefir de cabra, um peito de pato fumado, fatiado e pronto para saborear, carne de Cachena e as castanhas Martaínhas sagraram-se, este ano, vencedores do Prémio Intermarché Produção Nacional.

A presente edição, a quinta, recebeu o número mais elevado de candidaturas desde o lançamento, totalizando mais de 80 produtos a concurso. O júri teve de ampliar o número de distinções, com a atribuição de quatro menções honrosas ao azeite biológico Olmais, ao óleo de grainha de uva Graduva, à maçã Riscadinha de Palmela e à carne biológica Geo do Prado.

Os produtores distinguidos têm como recompensa a entrada na cadeia Intermarché, com o escoamento dos seus produtos assegurado durante um ano na rede nacional de lojas e, nos casos que o justificam, também nos pontos de venda da insígnia em França, na Bélgica e Polónia.

Adicionalmente e fruto da parceria com o Portugal Sou Eu, os vencedores que cumpram os requisitos deste programa beneficiarão deste selo identitário da origem nacional. “Esta quinta edição do Prémio Intermarché Produção Nacional confirma que temos um sector primário mais dinâmico, sustentável e inovador, que está hoje em muito melhores condições para se afirmar como uma peça essencial na engrenagem do desenvolvimento económico nacional. É exatamente isto que queremos premiar, ajudando-os a consolidar o seu crescimento ao mesmo tempo que eles nos ajudam a levar aos consumidores produtos portugueses de qualidade, muitos dos quais vão integrar o nosso Programa Origens”, sublinha Martinho Lopes, administrador do Intermarché.

Os prémios foram entregues esta terça-feira, dia 2 de outubro, numa cerimónia realizada na Câmara de Comércio e Indústria, em Lisboa, na presença do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos. A revelação dos projetos em destaque foi precedida pelo debate “Sustentabilidade na produção e na fileira”, que contou com a jornalista Patrícia Carvalho como moderadora e com um painel composto por Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), João Branco, presidente da Quercus, Susana Mendes, sócia-gerente da Pepe Aromas e uma das vencedoras deste prémio em 2017, e por Rui Assis, diretor do Intermarché.

O Gotik Gin da ribatejana MVPGIN – Alimentos e Destilados foi premiado na categoria de produtos transformados. A empresa nasceu do sonho de um produtor de abóbora manteiga que, com mais quatro empreendedores, decidiu investir na produção de destilados e especializar-se em gins. O seu primeiro gin, o Gotik Gin, tem a abóbora manteiga como ingrediente inédito e as sete destilações a que é sujeito resultam num suave London Dry. O primeiro gin ribatejano junta à abóbora 21 outros botânicos provenientes de produtores certificados da região, que lhe atribuem um bouquet distintivo e um carácter exuberante. Além de aproveitar abóbora não comercializável por défice de calibre, que seria desperdiçada, Gotik Gin é destilado segundo técnicas ancestrais, em alambique de cobre, e a produção é apoiada por etanol, energia limpa “gerada” internamente. O nome Gotik e a imagem que o representa são um tributo à arquitetura da capital do Ribatejo e do Gótico, Santarém.

Também na categoria de produtos transformados foram premiados os vinhos ManzWine. A ManzWine afirma-se como uma “’boutique winery’ empenhada na recuperação do passado vitivinícola da Aldeia de Cheleiros, em Mafra, e na recuperação de património vitivinícola e ampelográfico português“, que assumiu como missão resgatar da extinção a uva autóctone Jampal. A sua aposta passa pela plantação de uvas autóctones portuguesas, em especial a casta Jampal, e pela produção de vinhos de qualidade, que chegam já a 21 mercados internacionais. Na sua produção, salienta-se o único monocasta Jampal do mundo, já considerado entre os 50 melhores vinhos de Portugal. Além da vinha própria e de nova plantação em áreas recentemente adquiridas, a ManzWine estimula agricultores locais a plantarem ou recuperarem vinhas, apoia-os tecnicamente, e assegura a compra da sua uva. A colheita própria é feita manualmente, assim como o transporte das uvas para a adega, e a tradição mantém-se também nos tintos, com os vinhos de lote. A vertente de enoturismo é igualmente central na sua atividade e, além de ter construído um museu dedicado à história da aldeia e do vinho de Cheleiros, transformou um dos prédios mais antigos da aldeia na sua adega, onde recebe visitantes de todo o mundo.

Na categoria de inovação, venceu o Queijo de Kefir de Cabra da Brejo da Gaia -Queijo Artesanal Gourmet. Produzido com leite de produção própria e de forma manual, é um queijo macrobiótico e integra a categoria dos chamados superalimentos, com baixo teor de lactose e de gorduras nocivas, propriedades probióticas e de reforço imunitário. Apresenta-se numa embalagem simples, em papel e cartão reciclado, alusiva ao tipo de produção artesanal. Este queijo é uma inovação da Brejo da Gaia, uma queijaria criada por dois irmãos zootécnicos, em 2012, no seio de uma exploração de caprinos, o que lhe permite transformar o seu próprio leite de forma artesanal, moldando cada queijo individualmente. Vários prémios têm reconhecido os seus queijos, inclusive, já este ano, com duas medalhas de ouro e uma de prata.

O Peito de Pato Fumado Fatiado Quinta dos Fumeiros destacou-se na categoria das ideias com potencial. Pronto a comer, o peito de pato é produzido de forma artesanal, com o tempero de vinha de alhos típico do Minho, e defumado com lenha de azinho, o que lhe confere um sabor único. Além de ampliar as variedades de fumeiro de aves disponíveis no mercado, a opção pelo pato permite levar aos consumidores uma carne nobre, de sabor marcante e com características que vão ao encontro de uma alimentação mais saudável, já que o pato é mais digestivo e menos calórico do que outras carnes de ave (frango, por exemplo), sendo fonte de zinco, ferro e vitaminas do grupo B. “Inovar a Tradição” é a estratégia que tem levado a Quinta dos Fumeiros a crescer de forma sustentável, desde a produção de enchidos de porco, que esteve na sua origem, em 2006, às cerca de 30 referências de produtos de fumeiro, de aves e porco que disponibiliza atualmente.

Já na categoria de produção primária foram entregues dois prémios. A Castanha dos Soutos da Lapa DOP Agrotamanhos foi uma das distinguidas. De sabor, calibre e aspeto diferenciador, a Castanha Soutos da Lapa DOP é obtida com total respeito pelas práticas ancestrais da produção, com os castanheiros a crescer o mais naturalmente possível e mantendo a apanha manual, assim como a escolha da castanha, que se faz “uma a uma”, e que é seguida de um sistema de polimento que evidencia o brilho natural da variedade Martaínha. A Castanha Soutos da Lapa DOP chega ao consumidor em embalagens rústicas de um quilograma.

Também nesta categoria foi distinguido o trabalho da PEC Nordeste e da Cooperativa Agrícola dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, que, em 2014, iniciaram uma parceria para a criação e comercialização da Carne de Cachena DOP, uma raça bovina de pequeno porte (a altura ao garrote não chega aos 1,15 metros), típica da alta montanha, que integra o património genético nacional (autóctone da Península Ibérica). A Cachena da Peneda é criada no Solar da Raça, em pleno Parque Nacional Peneda-Gerês, território classificado como Reserva Mundial da Biosfera, pela UNESCO, por ser um “laboratório vivo” para a “conservação de paisagens, ecossistemas e espécies”e para “o desenvolvimento sustentável a nível social, económico, cultural e ecológico”. A alimentação equilibrada, sustentada no pastoreio livre em pastos naturais e complementada pelos cereais produzidos na exploração, é essencial para uma carne tenra, ligeiramente húmida e muito suculenta, com pouca gordura intramuscular e uma consistência firme. Esta qualidade levou a organização internacional Slow Food a classificá-la no catálogo de “sabores esquecidos” e “ameaçados pela standardização industrial, mas com viabilidade económica e potencial comercial”. 

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