No sector do retalho, a divisão entre os “vencedores” e os “perdedores” continua a alargar. Só os 25 principais operadores foram responsáveis por mais de 90% do crescimento em termos de capitalização, numa altura em que os mercados financeiros estão a recompensar os retalhistas mais bem preparados para a era pós-Covid.
Segundo a McKinsey, o ano de 2020 demonstrou que a receita de sucesso no retalho sofreu alterações e que as empresas que demoram muito tempo para se adaptarem às mudanças no comportamento do consumidor poderão não conseguir recuperar. As tendências exacerbadas pela pandemia estão a acelerar a reestruturação no sector, iniciada há já alguns anos.
O impacto da crise do coronavírus é claro, mas, apesar da perda de rendimentos por parte da população, sobretudo nos países onde as medidas de apoio foram limitadas, muitos consumidores começaram a renovar as suas casas, a descobrir novos hobbies, a cuidar das famílias e dos animais de companhia e a gastar o seu orçamento em produtos, serviços e experiências entregues online. Os retalhistas que souberam satisfazer estas necessidades e, ao mesmo tempo, manter uma forte pegada digital emergiram como vencedores.
Neste âmbito, os retalhistas norte-americanos e chineses, no seu conjunto, representaram três quartos do crescimento da capitalização de mercado no sector do retalho. De acordo com a McKinsey, isto deve-se ao facto de operarem em mercados muito amplos, com modelos de negócio digital muito mais avançados. Mais especificamente, a consultora identifica 25 “super retalhistas”, que estão a ter um desempenho significativamente superior à média.
4 categorias
Mais de 80% da criação de valor no retalho norte-americano deveu-se a cinco empresa, com a Amazon, sozinha, a representar 60%. Na China, apenas quatro operadores foram responsáveis por 98% do crescimento da capitalização.
Estes super vencedores podem ser divididos em quatro categorias: operadores de economia doméstica, retalhistas de valor, especialistas online e operadores de plataformas.
O grupo dos 25 líderes inclui gigantes do bricolage como a Home Depot e a Lowe’s, operadores de discount como a Costco e a Dollar General, retalhistas online como a Zalando, a Etsy e a Chewy (uma loja online norte-americana de pet food) e plataformas chinesas como Alibaba, JD.com e Pinduoduo, mas também a Mercado Libre, a maior da América Latina, e a Amazon.
Agilidade e velocidade
A McKinsey sustenta que, de modo a competir com estas grandes plataformas, que têm enormes recursos financeiros ao seu dispor, há que tomar decisões estratégicas e escolher necessidades e momentos de consumo muito específicos para as ultrapassar
Um dos grandes desafios que os outros operadores enfrentam é tornar o negócio online, assim como as lojas físicas, que estão a sofrer um declínio de tráfego, rentáveis ao mesmo tempo. Para tal, é essencial pensar em termos de ecossistema e estabelecer as parcerias certas.
A consultora defende que alguns retalhistas não terão outra opção a não ser mudar drasticamente de curso. Os que forem bem-sucedidos neste exercício, poderão voltar ao caminho certo durante, pelo menos, uma década.