O LinkedIn reuniu as 25 tendências que definirão 2025. Dos CEO Millennial ao “packaging” comestível, em termos gerais, será um panorama ainda mais marcado pelas aplicações práticas da inteligência artificial, pelas transformações geopolíticas e económicas e pela mudança geracional.
IA e semana laboral mais curta
Em 1926, Henry Ford revolucionou a semana de trabalho, reduzindo-a de 48 para 40 horas. Agora, graças à IA, a semana de trabalho de quatro dias poderá tornar-se a norma, graças à implementação de assistentes digitais para auxiliar nas tarefas diárias.
Os especialistas auscultados pelo LinkedIn acreditam que ferramentas de IA que facilitam tarefas como escrever e-mails, resumir relatórios ou priorizar tarefas podem vir a representar gémeos digitais no treinados com base no histórico de trabalho e conhecimentos do utilizador, permitindo-lhe focar-se em tarefas criativas e estratégicas. “No final, os nossos gémeos digitais permitir-nos-ão superar Ford e as implicações para a produtividade, o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e a colaboração serão profundas. Uma semana de trabalho de quatro dias pode realmente estar ao nosso alcance”, sublinha Eric S. Yuan, fundador e CEO da Zoom, um dos especialistas auscultados pelo LinkedIn.
CEO Millennial
2025 e os próximos anos serão também fundamentais para uma mudança geracional na liderança corporativa. Os Millennials estão prestes a ultrapassar a Geração X nas fileiras corporativas, cimentando uma nova forma de liderar com base nas recentes mudanças tecnológicas, sociais e culturais.
Esta nova geração de CEO também se destacará por deixar para trás a figura do CEO fundador, já que a grande maioria serão perfis contratados para liderar organizações, mas que não estiveram envolvidos na sua formação. Serão também figuras com uma perceção diferente do que significa trabalhar e do que as pessoas procuram no trabalho e vão priorizar questões como a comunicação e o bem-estar.
Influenciadores corporativos
Paralelamente, num contexto em que cada indivíduo pode tornar-se criador de conteúdos, será experimentada uma nova vaga de influenciadores corporativos. Ou seja, serão os próprios colaboradores que, orgânica e inorganicamente, irão mostrar o dia a dia, as virtudes ou defeitos das organizações em que trabalham.
O objetivo das empresas ao integrar estes influenciadores é atender à expectativa de conexão e de autenticidade das novas gerações, o que também impulsionará o recrutamento de talentos e contribuirá para o desenvolvimento da marca empregadora.
Seniores estagiários
Tal como no filme “The Intern”, protagonizado por Robert De Niro, um dos fenómenos a observar nos próximos anos, e já a partir de 2025, é a presença de perfis seniores nas empresas, numa resposta a várias questões, incluindo o atraso na idade da reforma ou a instabilidade económica.
De acordo com uma pesquisa recente do Economic Graph do LinkedIn, a proporção de Baby Boomers que regressaram à força de trabalho, em 2023, após se terem reformado, foi 23,9% maior do que em 2022.
Tudo isto levará a uma mudança nos requisitos de idade e de qualificação nas empresas para estágios, que tornar-se-ão mais acessíveis a gerações mais velhas. Algumas empresas internacionais instituíram até programas especiais para alcançar estes grupos demográficos.
EUA como destino de investimento
Outra das tendências apontadas pelo LinkedIn coloca o foco nos Estados Unidos da América, que este ano consolidarão firmemente o seu papel como principal destino do investimento estrangeiro e das despesas de capital.
A força do mercado de capitais norte-americano tem atraído empresas que procuram estar mais próximas dos seus consumidores finais e que, desse modo, reestruturam a sua cadeia de abastecimento. Combinado com um ambiente favorável aos negócios, tal abriu portas para o fabrico de semicondutores, eficiência energética e projetos de eletrificação.
Upgrade nas agências bancárias
Há anos que os clientes bancários abandonam as visitas às agências em favor das aplicações para smartphones, mas a banca presencial vai ganhar um novo alento, a partir de 2025.
Com a crescente ameaça de fraudes, a experiência presencial numa agência bancária será renovada, assemelhando-se mais à ida a uma loja da Apple ou a uma cafetaria da Starbucks, com mais espaços de reunião e seminários e café acabado de fazer. Embora as pequenas transações ainda sejam feitas através de dispositivos móveis, os bancos convidarão os clientes a realizar as grandes operações na agência, onde uma equipa de suporte treinada pode ajudar a evitar fraudes ou até simples erros humanos.
Hospitais diversificam fontes de receita
Na área da saúde, os especialistas auscultados pelo LinkedIn indicam que os hospitais vão procurar novos fluxos de receita. Um estudo recente que analisou seis ativos do serviço nacional de saúde no Reino Unido, por exemplo, apurou que entre 12% e 53% da receita gerada entre 2021e 2022 teve origem em atividades comerciais.
Cirurgias à distância
Em 2025, os cirurgiões poderão estar na vanguarda da expansão do acesso às mais recentes inovações na área da saúde. A cirurgia remota – que utiliza tecnologia robótica e redes wireless para conectar pacientes e cirurgiões geograficamente distantes – teve um crescimento significativo desde a primeira operação bem-sucedida, realizada em 2001.
A expansão contínua do 5G poderá permitir que mais pacientes possam em breve ter acesso a este tipo de procedimentos. Em setembro passado, um cirurgião em Pequim realizou uma cirurgia a um paciente de Bordéus, com um atraso de apenas 132 milissegundos entre os seus comandos e os movimentos do robô. Esta resposta quase instantânea foi possível graças aos avanços no 5G.
Além disso, a realidade aumentada melhorará a orientação cirúrgica em tempo real, como explica Shady Saikali, médico especializado em cirurgia robótica. “A análise alimentada por IA também desempenhará um papel fundamental no apoio à tomada de decisões durante a telecirurgia”, acrescenta.
Cerca de 300 milhões de cirurgias são atualmente realizadas anualmente em todo o mundo, mas outros 143 milhões seriam necessárias para atender às necessidades da população, de acordo com um estudo recente. De acordo com o médico escutado pelo LinkedIn, a telecirurgia pode ajudar a colmatar esta lacuna.
Robôs construtores
A tecnologia também virá em socorro do sector da construção. À medida que a escassez de mão de obra se aprofunda, os robôs alimentados por IA podem ser a chave para construir casas de forma mais rápida e eficiente.
Pelo menos 1,6 mil milhões de pessoas carecem de habitação adequada em todo o mundo, um número que pode quase duplicar até 2030, de acordo com as Nações Unidas. Cerca de 250 mil trabalhadores adicionais são necessários até 2028 para atender às necessidades globais de habitação e quase um terço das empresas de construção classifica a busca por pessoal qualificado como um desafio.
Novas startups, como a Monumental, com sede em Amsterdão, nos Países Baixos, podem ajudar a fechar a lacuna. Os seus robôs alimentados por IA são especializados no assentamento de tijolos e podem potencialmente ajudar a aliviar a necessidade de mão de obra.
Inovações no clima
Ao longo do próximo ano, algumas das soluções mais poderosas para combater as alterações climáticas funcionarão à vista de todos e entrarão nas nossas casas, locais de trabalho e supermercados, para se tornarem parte da vida quotidiana, acredita Bill Gates, fundador da Breakthrough Energy. Tal se deve ao facto de não só combaterem as alterações climáticas, como também porque poupam tempo, reduzem custos e têm um melhor desempenho.
Embalagens comestíveis
As crescentes preocupações com a sustentabilidade e o impacto no ambiente levaram à eliminação dos plásticos descartáveis nas embalagens e poderão, em breve, fazer com que as embalagens comestíveis cheguem ao mercado. Esta opção pode ser consolidada graças a campanhas de sensibilização, divulgação e marketing que convidam à adoção de novos hábitos de consumo.
De acordo com a Grandview Rsearch, projeta-se que o mercado global de embalagens comestíveis atinja cerca de 1,28 mil milhões de dólares até 2030, crescendo a uma taxa composta de crescimento anual de 5,4%.
Um dos materiais que se destacam neste campo são as algas, principalmente devido à sua abundância, natureza biodegradável e capacidade de proteger os alimentos.
No entanto, as embalagens também estão a inovar para reduzir o seu impacto, apostando em soluções inteligentes, como os sensores IoT (Internet of Things), que facilitam a gestão do prazo de validade dos produtos.
Alianças no streaming
2025 continuará a definir o panorama do streaming. A crescente fragmentação tem levado os grandes proprietários das plataformas a procurarem a rentabilidade através do aumento dos preços, apostando na publicidade e agregando serviços. No entanto, o utilizador está cada vez mais frustrado com as taxas, o acúmulo de assinaturas ou a experiência.
É por isso que a presença de pacotes se tornará cada vez mais comum, ou seja, empresas a priori concorrentes que se unirão para oferecer os seus catálogos de forma unificada. Veja-se a união entre Apple e Amazon, com a Apple TV a passar a integrar o serviço Prime Video nos Estados Unidos.
Fragmentação das redes sociais
Paralelamente, o surgimento de novas plataformas digitais e a transformação das redes sociais tradicionais, que marcaram os últimos anos, continuarão a ser o padrão nos próximos tempos. O crescimento do TikTok, a consolidação do Threads e alternativas ao X, como Bluesky ou Mastodon, serão aspetos fundamentais no campo da comunicação.
Tal dará origem a um cenário em que a conversa social não estará mais concentrada num único ponto, o que gerará uma diversidade de comunidades online. Tudo isto será também influenciado pelo aumento da regulamentação e por medidas para limitar questões como a moderação de conteúdos ou a desinformação.
Realidade virtual e aumentada para o turismo
2025 será o ano em que as tecnologias de realidade virtual e aumentada revolucionarão o turismo. Uma variedade de soluções imersivas permitirá que os utilizadores olhem para os seus próximos destinos e aprimorem a experiência através de mapas interativos e recomendações personalizadas de participantes remotos.
O turismo virtual deverá atingir mais de24 mil milhões de dólares até 2027, de acordo com a Statista, mas isso não significa esquecer as viagens no mundo real.As ferramentas de realidade aumentada poderão melhorar a experiência, ajudando a fornecer instruções ou traduções em tempo real, detalhes de trânsito atualizados ou informações sobre monumentos históricos e locais de interesse.
Regresso à lua
Novos esforços para explorar o cosmos podem levar de volta à lua. A Artemis II da NASA, a primeira missão tripulada à lua em mais de 50 anos, está programada para ser lançada no final de 2025. A Artemis II não vai pousar, mas, devido à sua trajetória, o voo será o mais longo feito por seres humanos. Irá testar os sistemas de suporte de vida e voo necessários para a missão com aterragem, que verá a NASA a fazer uma parceria com a SpaceX para colocar um foguete Starship na superfície lunar nos próximos anos. A China também ir à lua até 2030.
A astronauta australiana Katherine Bennell-Pegg diz num vídeo no LinkedIn que “os humanos estão a regressar à lua para trabalhar, não para andar”, acrescentando que o programa Artemis vai acelerar os avanços científicos e tecnológicos, tal como fez a Apollo. “Estamos à beira de uma nova era de exploração espacial e industrialização que transformará a robótica, os sistemas autónomos, a IA, a medicina, a energia, os recursos, a agricultura e muito mais”.
Mudanças na ordem global
Na sequência da presidência de Donald Trump, os Estados Unidos estarão focados em si mesmos. Depois de décadas a atuarem como “polícia do mundo”, os americanos recuam na intervenção no estrageiro. Tal acarreta um maior grau de incerteza para os aliados dos Estados Unidos e representa uma oportunidade para os seus adversários e para uma maior volatilidade nos mercados mundiais.
Investimento na produtividade
Nos últimos anos, as políticas económicas globais têm-se preocupado em lidar com a pandemia e as suas consequências, l com os conflitos globais e as tensões geopolíticas, em combater a inflação e evitar uma recessão global. A economia mundial perseverou, mas ficou com um legado preocupante de baixo crescimento e elevado endividamento.
Mais de 50% do declínio do crescimento mundial, nos últimos anos, deveu-se a tímidos ganhos de produtividade. Como tal, a partir de 2025, as principais economias investirão para inverter esta situação.
O objetivo, a partir de agora, será focar no crescimento e, para isso, as empresas investirão na sua força de trabalho e na produtividade. De acordo com Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional, a tónica será colocada na redução dos obstáculos à concorrência e à burocracia e no avanço da digitalização, com vista a aumentar a produtividade, melhorar as competências e colher os benefícios das transições sustentável e digital.
Refeições em equipa
Com o regresso dos trabalhadores das grandes empresas ao escritório, após o teletrabalho devido à pandemia, as refeições no escritório vão destacar-se como um ponto para envolver os trabalhadores e reavivar sentimentos de comunidade e de pertença. Algumas pesquisas t sugerem que as refeições em equipa estão ligadas a melhores resultados, desempenho e retenção.
Muitas empresas pensam nestes momentos menos como um mecanismo para promover o atendimento presencial e mais como uma forma de criar cultura dentro do escritório. Coffee breaks ou pequenos-almoços também são situações que serão promovidas para fortalecer a cultura corporativa.
Ambientes mais inclusivos graças à IA
A inteligência artificial também facilitará ambientes de trabalho mais inclusivos. Por exemplo, ao permitir a gestão de tarefas através de comandos de voz ou leitura de ecrã, cada vez mais pessoas com deficiência poderão ingressar no mercado de trabalho.
Excluir pessoas com deficiência da força de trabalho poderá custar até 7% do Produto Interno Bruto (PIB) de um país, de acordo com o relatório de 2023 do Fórum Económico Mundial sobre IA e inclusão de pessoas com deficiência. A implementação de uma estratégia de negócios inclusiva poderia levar a um aumento de 28% na receita e de 30% nas margens de lucro para as empresas.
Além disso, a tecnologia também permitirá que o recrutamento seja mais inclusivo e ofereça aos funcionários oportunidades de aprendizagem e processos adaptados às suas necessidades específicas.
Impacto tangível da IA
Após um 2024 marcado pela expectativa da inteligência artificial, as empresas vão procurar aplicações práticas. A questão não é mais se a IA deve ser usada, mas como a aproveitar para entregar resultados significativos e mensuráveis.
Os líderes empresariais precisam de estar cientes de que a transformação da IA pode surgir em áreas inesperadas, por isso, precisarão refletir e concentrar-se em explorar o potencial da tecnologia. Tal envolve também a definição de metas claras em torno do que a IA está a tentar alcançar, seja o acesso rápido a informações críticas, a tomada de decisão mais rápida, o aumento da produtividade ou a eficiência operacional.
Namorar em 2o25
No contexto das relações, cada vez mais, o namoro passa pelo mais. Assim indicam três em cada dez adultos numa pesquisa da Pew Research. Não obstante, em 2025, mais solteiros abandonarão as apps de namoro e procurarão formas alternativas de se relacionar, como clubes sociais e eventos de encontros.
“Desestigmatizar” a menopausa
Até há pouco tempo, o que se falava sobre a menopausa era tabu. No seguimento de uma pesquisa global de outubro de 2024 com quase 2.900 funcionários em oito países, a Catalyst concluiu que quase três quartos das mulheres esconderam os sintomas no trabalho, pelo menos, uma vez.
De acordo com a Mayo Clinic, as perdas de produtividade relacionadas com menopausa custam às empresas norte-americanas aproximadamente 1,8 mil milhões de dólares anualmente. A qualquer momento, 20% da força de trabalho passa por algum estágio da menopausa.
Como tal, as empresas estão a perceber que “desestigmatizar” a menopausa pode contribuir para os resultados. Como tal, estão a intensificar os esforços para proporcionar apoio aos seus colaboradores, oferecendo regimes de trabalho flexíveis, seguros de saúde, acesso a profissionais de saúde especializados e educação no local de trabalho.
Os custos da obesidade
Os agonistas dos recetores GLP-1 têm sido amplamente aclamados, mas esse brilho pode ser ofuscado pelos custos relacionados com o tratamento da obesidade. Até porque há dúvidas quanto aos seus efeitos colaterais a longo prazo, considerando que a maioria dos pacientes precisará tomar esses medicamentos indefinidamente. Por outro lado, os pacientes diabéticos já se mostram com a possibilidade de ser mais difícil encontrar insulina e a os preços mais elevados podem exacerbar as disparidades de saúde.
Ainda assim, a tendência vai manter-se. Há 39 compostos GLP-1 em desenvolvimento em 34 empresas, de acordo com uma análise de novembro.
Vício das apostas desportivas
À medida que a receita das apostas desportivas aumenta – a American Gaming Association projeta que os norte-americanos apostarão 35 mil milhões de dólares nesta temporada da National Football League (NFL), um aumento de mais de 30% em relação à temporada passada – novas pesquisas sugerem que pode haver consequências mais sombrias, incluindo o endividamento e um aumento no jogo problemático.
Como tal, este ano trará mais campanhas de saúde pública contra o jogo, regulamentações mais rígidas sobre publicidade e impostos mais elevados sobre as apostas desportivas. Assim como a crescente consciencialização sobre a saúde pública estimulou a repressão regulatória contra o tabaco, pode-se testemunhar uma reação semelhante contra a indústria das apostas.
Marcas e “nowstalgia”
Ao longo dos últimos anos, tem-se observado como as marcas têm revisitado a nostalgia. Contudo, em 2025, precisarão de a reinventar, apoiando-se no passado e no presente, a chamada “nowstalgia”, para atrair o público moderno.
A HBO, por exemplo, está a produzir uma série de Harry Potter, mais de 15 anos após o lançamento do último filme, tendo assumido o compromisso de selecionar um casting inclusivo, de modo a se conectar com um público mais amplo.