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VivaGym aposta na expansão e inovação para liderar o mercado

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A indústria do fitness em Portugal atravessa uma fase de transformação acelerada, marcada pelo aumento da competitividade, mudanças no comportamento dos consumidores e uma crescente valorização do bem-estar físico e mental. No centro deste movimento está a VivaGym, uma das maiores cadeias de ginásios da Península Ibérica, que se prepara para reforçar a sua presença em território nacional com uma estratégia ambiciosa. Juan del Río, CEO da empresa, revela à Grande Consumo que o objetivo passa por duplicar o número de clubes nos próximos anos, num mercado onde ainda há muito espaço para crescer.

Portugal e Espanha são dos países com maior prática desportiva na Europa algo que pode ser motivado pelo elemento climático, começa por contextualizar Juan del Río. Segundo o gestor, embora a pandemia tenha acelerado a procura por saúde e bem-estar, a oferta de ginásios em Portugal continua limitada, sobretudo fora dos grandes centros urbanos. Lisboa, Porto e a faixa litoral são o núcleo. Fora isso, há exceções pontuais como Coimbra ou Aveiro, mas falta capilaridade.

O responsável máximo da VivaGym considera que a falta de tensão competitiva dificultou a maturação do setor em Portugal, algo que começa agora a mudar com a entrada de novos operadores e o reforço de grupos como Solinca, Zulenka e Fitness Hut. Ainda assim, reconhece que a presença da VivaGym tem sido “marginal” nos últimos anos devido à sua prioridade em consolidar o mercado espanhol. “Estávamos muito alavancados após a compra da Fitness Hut em 2018. A pandemia apanhou-nos sem margem para crescer”, admite.

 

Da crise à retoma: um novo ciclo de expansão

A retoma está agora em curso. Juan del Río revela que a VivaGym planeia reativar a expansão em Portugal com a abertura de até oito novos ginásios em 2025. “Se conseguir passar dos 41 atuais para 47 ou 48, já ficarei satisfeito”, afirma. Mas a ambição vai mais longe: Portugal tem potencial para 100 clubes VivaGym.

Este crescimento é sustentado por uma visão estratégica clara: manter o foco na proposta de valor acessível, com preços competitivos, ausência de contratos, amplos horários de funcionamento e oferta diversificada de aulas dirigidas. “Essas são as cinco palancas da nossa proposta e não vamos abdicar delas”, sublinha o CEO.

A marca investiu seis milhões de euros na modernização das suas instalações, apostando na renovação de equipamentos, melhorias de acessibilidade e rebranding. “Melhorar uma instalação é torná-la mais eficiente, mais confortável e mais apelativa para o cliente. E isso exige investimento contínuo”, defende.

 

Mudanças no comportamento do consumidor

A pandemia alterou profundamente a relação das pessoas com o exercício físico. O boom do home fitness e das plataformas digitais foi notório nos anos de confinamento, mas os dados apontam para uma inversão da tendência. “Em 2022, 65% das pessoas treinavam em casa. Em 2025, estima-se que esse número baixe para 50%. O treino em clubes subiu de 34% para 51%”, refere Juan del Río, citando estudos recentes do setor.

Mais interessante ainda, observa-se que o home fitness e o treino outdoor, inicialmente vistos como substitutos do ginásio, tornaram-se agora complementares. “Quase 80% das pessoas que fazem treino em casa ou ao ar livre também frequentam clubes. Isso é uma grande oportunidade para nós”, destaca.

Em termos de perfil do consumidor, há também uma ligeira mudança: o público masculino ganhou peso após a pandemia, impulsionado pelo crescimento do treino de força e peso livre. “Antes tínhamos 51% de mulheres e 49% de homens. Agora é o inverso: 52% homens, 48% mulheres”, revela. Quanto à idade, o receio do contágio afastou inicialmente os maiores de 45 anos, mas essa hesitação está a desaparecer. “Em 2026 já estaremos novamente equilibrados nesse segmento”, antecipa.

Juan Del Río, CEO VivaGym
Juan Del Río, CEO da VivaGym, revela que a cadeia planeia reativar a expansão em Portugal com a abertura de até oito novos ginásios em 2025. Mas a ambição vai mais longe: Portugal tem potencial para 100 clubes VivaGym

 

O impacto da tecnologia e dos wearables

A revolução digital também chegou ao universo dos ginásios. Se os dispositivos como relógios inteligentes ou faixas cardíacas ainda não são totalmente integrados nos hábitos dos portugueses, a app móvel é, segundo Juan del Río, o “wearable mais poderoso” da atualidade. “É através da app que conseguimos comunicar com o sócio nos momentos da verdade: aniversários, planos de treino, objetivos pessoais. É a melhor forma de personalizar a experiência”, diz.

A VivaGym está a utilizar inteligência artificial para aprofundar o conhecimento dos seus clientes e segmentar melhor os serviços oferecidos. “Mas não o fazemos para parecer modernos. Fazemos porque temos inteligência de negócio. Só com isso conseguimos manter relevância”, insiste.

 

O declínio do cardio, a ascensão da força

As preferências dentro do ginásio também estão a evoluir. O treino cardiovascular, durante anos dominante, está a perder espaço para o treino de força, o peso livre e o exercício funcional. A VivaGym já adaptou a configuração dos seus clubes, criando zonas específicas para treinos de alta intensidade (HIIT), dirigidos por treinadores, com equipamentos próprios e uma identidade visual marcada. Tematizar o exercício é mais importante hoje do que há alguns anos. “As pessoas procuram mais do que perder peso: querem um propósito”, afirma o CEO.

Essa procura por propósito inclui também um reconhecimento crescente do impacto do exercício na saúde mental e na agilidade cognitiva. “Está totalmente interiorizado que o exercício faz bem ao corpo. Mas falta ainda interiorizar que faz maravilhas pela mente. Ler mais rápido, resolver problemas com mais clareza — tudo isso melhora com o treino físico”, defende Juan del Río, lamentando que as políticas públicas ainda não estejam à altura desse desafio.

 

VivaGym aula

A luta pelo IVA e pela democratização do fitness

Para o líder da VivaGym, é urgente uma maior valorização política do setor. “Não chega dizer que o exercício faz bem. É preciso promover ativamente a prática desportiva e criar consciência pública”, afirma. Uma das reivindicações centrais é a redução do IVA aplicado aos ginásios, atualmente ainda elevado em muitos países europeus, incluindo Portugal. “Seria uma medida lógica e justa, mas mais do que isso, precisamos de união no setor”.

Nesse sentido, Juan del Río defende uma mobilização conjunta dos operadores através das associações do setor, como a AGAP em Portugal. “Se só 250 ginásios estão associados, a nossa capacidade de influência é mínima. Se formos 700, muda tudo”, assegura.

 

Uma visão ibérica, mas com foco local

Embora a VivaGym não seja líder de mercado nem em Portugal nem em Espanha, é, nas palavras de Juan del Río, o líder ibérico nas três grandes métricas: número de ginásios, número de sócios e receitas. “Lideramos no agregado. Mas agora quero ser líder em Portugal também, e isso exige ação concreta”.

Essa ambição traduz-se num plano de crescimento sustentável, sem perder de vista os fundamentos: boa localização, preço acessível e proposta de valor clara. “Se mantivermos estas prioridades, não vejo riscos. Vejo um mercado com muito potencial por explorar”, conclui o CEO.

Com uma postura que alia realismo estratégico a uma forte convicção na missão do fitness, Juan del Río projeta um futuro onde o ginásio é não apenas um espaço de treino físico, mas também um motor de saúde mental, socialização e transformação pessoal. E Portugal, garante, será peça-chave nesse caminho.

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