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Seis grandes mudanças no retalho contribuem para o renascimento do sector na próxima década

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Foto Shutterstock

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Há grandes mudanças a nível global no retalho que estão prestes a transformar profundamente a indústria durante a próxima década, conclui a Bain & Company numa nova análise às principais tendências do sector.

Numa altura em que os retalhistas globais enfrentam uma série de desafios imediatos, como o impacto das tarifas, o relatório da Bain “The Future of Retail: Six Disruptions That Could Shape the Next Decade” recomenda que os retalhistas não percam de vista as seis principais mudanças que impactam o seu sucesso a longo prazo. No futuro, as empresas bem-sucedidas serão aquelas que se movimentarem rapidamente para aproveitar as oportunidades criadas por estas tendências tecnológicas, pelos comportamentos dos consumidores e pelas mudanças na economia do retalho. São essas empresas que vão marcar o ritmo de uma nova era no retalho, explica a Bain.

O retalho está à beira da transformação. Estas mudanças não são especulativas, já estão a acontecer“, afirma João Valadares, partner da Bain & Company. “À medida que as empresas lidam com a turbulência tarifária e outras preocupações imediatas, não se podem dar ao luxo de perder de vista a evolução a longo prazo do cenário estratégico. A nossa análise convence-nos de que o sector será profundamente alterado nos próximos cinco a dez anos, preparando o terreno para um renascimento do retalho”.

 

Seis mudanças

A análise da Bain identifica seis principais tendências que já estão a impulsionar aquilo a que se pode chamar de “renascimento do retalho”. Algoritmos e robots vão orientar o negócio, desde logo. As principais funções do retalho, como a determinação de preços, as promoções e o merchandising, serão cada vez mais automatizadas, tornando mais simples as operações de retalho que, tradicionalmente, ofereciam uma vantagem competitiva. Os retalhistas que não encararem esta realidade, de olharem para os algoritmos e robots como parte essencial do seu negócio, podem vir a perder significativas margens de lucro.

Por outro lado, os clientes vão afetar os retalhistas com agentes de compras de IA: À medida que os clientes transferem a tomada de decisões para ferramentas de IA independentes de marcas, os modelos de fidelização e as estratégias de marketing digital vão sofrer pressões. As equipas executivas têm de começar a planear hoje o impacto provável da crescente utilização de agentes de compras de IA.

Paralelamente, o valor vai tornar-se mais pessoal e contextual. O sucesso vai depender da satisfação das necessidades do cliente no momento e não apenas do preço. Os retalhistas que se destacarem nesta área terão dados que podem apresentar um quadro completo do comportamento de um consumidor, bem como a estratégia de dados e as competências para tirar proveito deles.

Os supermercados vão transformar-se em negócios de bens de consumo rápido (Fast-Moving Consumer Goods). O crescimento da marca própria – com quase metade dos clientes nos Estados Uidos e na Europa a procurar produtos de marca própria – poderá esbater as fronteiras entre retalhista e fornecedor. Se bem utilizada, a marca própria pode oferecer aos retalhistas uma grande diferenciação sob a forma de produtos exclusivos e indispensáveis.

Além disso, talvez não sejam precisas tantas lojas como se pensa. O papel das lojas deve evoluir para refletir as mudanças no comportamento dos consumidores. Os executivos devem continuar recetivos a utilizações alternativas do seu espaço, como o franchising ou o arrendamento a outros comerciantes.

A procura pela escala vai atravessar fronteiras. A dimensão local não é suficiente para acompanhar as expectativas dos consumidores e as pressões da concorrência. As fusões e aquisições além-fronteiras e as alianças virtuais serão fundamentais para financiar o investimento em tecnologia e manter a competitividade.

 

Novas fontes de receita

O estudo da Bain destaca a forma como os retalhistas já se estão a expandir para além da tradicional compra e venda de mercadorias, ganhando acesso a novas fontes de receita em áreas como media de retalho, marketplaces de terceiros, serviços financeiros e logística.

A análise da Bain indica que as receitas “fora do comércio” representaram 15% das vendas e 25% dos lucros em 2024 para o grande retalhista comum, um aumento de 10% em relação a 2021.

Ninguém pode prever o futuro com total certeza, mas já estamos a ver como os principais retalhistas estão a diversificar o seu negócio”, acrescentou João Valadares. “O planeamento de cenários pode ajudar os líderes do sector a pensar para além do ciclo trimestral e a prepararem-se para o que aí vem. Aqueles que agirem cedo e reinvestirem estrategicamente ajudarão a liderar uma nova era de excelência no retalho”.

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Por Bárbara Sousa

I am a journalist and news editor with eight years of experience in
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