Através da austeridade fiscal e de uma meta de inflação credível, a Rússia conseguiu isolar a sua economia dos choques externos nos últimos anos. Moscovo introduziu a chamada estratégia de fortalecimento, após o duplo impacto da queda dos preços do petróleo e das sanções ocidentais pela invasão da Crimeia, que causaram uma desvalorização de 55% do rublo em relação ao dólar, entre 2014 e 2015.
Graças a esta política macroeconómica prudente, tanto fiscal como monetária, o país reconstruiu as suas reservas internacionais e reduziu a sua dívida externa, dando lugar finanças públicas sólidas. No entanto, também regista um crescimento económico estagnado e uma diminuição dos rendimentos reais. Em 2020, a população russa a viver abaixo do limitar de pobreza cresceu para mais de 12%.
A dependência de matérias-primas, um perfil demográfico em declínio, um elevado grau de controlo estatal sobre a economia e um clima de investimento débil pesam sobre as taxas de crescimento da Rússia. De acordo com o mais recente relatório da Crédito y Caución, para aumentar o nível dos seus rendimentos, a Rússia teria de implementar reformas sólidas no sentido de um ambiente de negócios mais dinâmico e capaz de aumentar o investimento estrangeiro direto, dez pontos atrás dos países da Europa de Leste.
Regras fiscais
Para amortecer o efeito pró-cíclico dos preços do petróleo sobre a economia, desde 2017, a administração russa opera sob regras fiscais que limitam as despesas federais às estimativas de receita. As vendas de petróleo e de gás são calculadas com base no preço de referência do petróleo e com uma taxa de câmbio projetada entre o rublo e o dólar. Quando o preço do petróleo ultrapassa o valor de referência, como acontece atualmente, o excesso de receita é transferido para o Fundo de Riqueza Nacional e aplicado em ativos externos. Se o preço cair abaixo do ponto de referência, a administração retira dinheiro do fundo, dando estabilidade ao sistema.
Nesse contexto, as finanças do governo central da Rússia podem ser consideradas muito saudáveis. A dívida pública era de 18%, em 2020, embora o défice fiscal se tenha deteriorado para 3,8% ,devido à recessão económica após a pandemia. No entanto, espera-se que a Rússia regresse progressivamente à austeridade fiscal.
Inflação de 4%
O segundo pilar da estratégia económica russa é a atuação credível e independente do Banco Central da Rússia para manter a inflação em torno dos 4%. Durante 2020, o banco baixou a taxa de juros oficial várias vezes para estimular a economia. No entanto, a Rússia enfrenta um aumento da inflação, que ultrapassou os 6%, com um aumento dos preço dos alimentos de 9% no comparativo anual.
Desde março de 2021, a Rússia começou a inverter o seu ciclo de relaxamento monetário devido ao aumento das pressões inflacionárias.