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A desaceleração económica global, acompanhada das tensões no comércio internacional, estão a influenciar a confiança das empresas a nível global no que toca às suas intenções de contratação para o terceiro trimestre do ano.
Em Portugal, esta instabilidade faz-se igualmente sentir, especialmente num momento em que o presidente dos Estados Unidos anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre as importações da União Europeia, independentemente do sector, a partir do próximo dia 1 de agosto.
Face a esta realidade, com impactos estimados ao nível da redução do Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia que podem variar entre os 0,8% e 1,2%, segundo os diferentes analistas, o ManpowerGroup revela o impacto da incerteza no comércio internacional nas intenções de contratação das empresas, tanto a nível global como nacional, e quais os sectores e tipos de empresas mais impactados.
Incerteza no comércio global
De acordo com o mais recente “ManpowerGroup Employment Outlook Survey” referente ao terceiro trimestre do ano, 44% dos empregadores nacionais está a sentir um impacto, de forma significativa (16%) a moderada (28%), da incerteza no comércio global nas suas intenções de contratação. Este valor está, ainda assim, abaixo do verificado a nível global, onde mais de seis em cada dez empresas veem as suas intenções de contratação impactadas.
Em Portugal, são as médias empresas que sentem um maior impacto (49%), traduzindo assim as preocupações destes empregadores com a exposição da economia nacional à situação de turbulência no comércio internacional. Seguem-se as grandes empresas de mais de cinco mil trabalhadores, que se fixam nos 48%, e as grandes empresas até mil trabalhadores (47%) e de entre mil e cinco mil trabalhadores (45%), todas com uma perceção de impacto acima da média nacional. A mostrar igualmente preocupação, mas já abaixo da média nacional, encontram-se as pequenas empresas (40%) e as microempresas (36%).
Decisões de contratação
A nível sectorial, o cenário nacional apresenta algumas diferenças do registado a nível global. Em Portugal, são os serviços de comunicação que veem as suas intenções de contratação mais impactadas, registando um valor de 50% e traduzindo a incerteza gerada pelo expectável aumento nos custos de investimentos em equipamentos e infraestruturas.
Segue-se o sector dos bens e serviços de consumo com 49%, revelando a perceção destes empregadores de impactos devidos a uma menor capacidade de refletir os aumentos de custos nos preços ao consumidor, bem como uma possível redução no consumo das famílias. Igualmente com uma previsão de impacto de 49%, surgem as empresas do sector de finanças e imobiliário, refletindo a maior incerteza nos mercados financeiros e a possível redução no recurso ao crédito por parte de empresas e consumidores.
Igualmente acima da média nacional encontram-se também os sectores das tecnologias de informação (47%), transportes, logística e automóvel (44%) e cuidados de saúde e ciências da vida (44%). De destacar ainda que o sector de tecnologias de informação é aquele que apresenta a maior percentagem de empresas que declaram um impacto significativo nas suas decisões de contratação, sendo referido por uma em cada quatro empresas.
Por fim, são os empregadores nacionais de energia e utilities (38%) e da indústria pesada e materiais (37%) que se relevam os menos impactados pelo cenário de incerteza no comércio global.
Por outro lado, globalmente, são precisamente as intenções de contratação do sector da energia e utilities as mais afetadas, atingindo os 67%, seguidas das dos serviços de comunicação e das tecnologias da informação (ambos com 66%), dos transportes, logística e automóvel (65%) e das finanças e imobiliário (64%). Ainda a nível global, destacam-se os sectores dos cuidados de saúde e ciências da vida e da indústria pesada e materiais (ambos com 62%) e, finalmente, o de bens e serviços de consumo, com um valor de 57%.
América do Norte é a região mais impactada
O cenário de incerteza global está a afetar as intenções de contratação de todas as regiões do mundo. Ainda assim, é na América do Norte que este impacto mais se faz sentir, atingindo um valor de 66%, quatro pontos percentuais acima do registado a nível global. Seguem-se a América Central e do Sul, com 64%, e a Europa e Médio Oriente (EMEA), que se fixa nos 62%. Finalmente, a região da Ásia-Pacífico estabelece-se nos 55%.
O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40.600 empregadores, em 42 países e territórios. Os resultados completos podem ser consultados aqui.