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Os preços mundiais dos alimentos registaram uma nova queda no mês de maio, de acordo com o índice de preços da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O indicador recuou 0,8% face ao mês anterior, situando-se nos 127,4 pontos, refletindo uma combinação de oferta abundante e procura internacional mais contida.
Embora ainda se mantenha 6% acima dos níveis de maio de 2024, o índice global encontra-se mais de 20% abaixo do pico atingido em março de 2022, em plena crise geopolítica e energética.
Cereais em destaque, com produção recorde
A maior contribuição para a queda dos preços veio do sector dos cereais, cujo subíndice caiu 1,8% face a abril. A descida é explicada pela produção recorde de milho nos Estados Unidos e por perspetivas mais otimistas para o trigo e a cevada na União Europeia, além de boas campanhas na Argentina e no Brasil.
Segundo a FAO, em 2015, a produção mundial de cereais deverá atingir os 2.846 milhões de toneladas, um crescimento de 1% face ao ano anterior, criando expectativas de maior estabilidade nos mercados globais.
Açúcar e óleos vegetais também recuam
O açúcar registou uma nova correção em maio, com os preços a caírem 2,5%. Esta tendência está ligada às boas perspetivas de produção na Índia e na Tailândia, bem como a uma procura mais baixa por parte das indústrias de transformação, nomeadamente de bebidas.
Os óleos vegetais foram outro fator de queda, com uma descida de 2,4% no índice da FAO. A disponibilidade crescente de óleo de palma na Ásia e o aumento das exportações sul-americanas de óleo de soja e girassol contribuíram para esta baixa. A procura por biocombustíveis, menos intensa, também pesou.
Lacticínios e carne contrariam tendência
Em contraciclo, os lacticínios registaram uma subida de 1,2%, puxada pela manteiga e pelo queijo, impulsionados pela forte procura da Ásia e por stocks limitados na Oceânia. O subíndice da carne também avançou ligeiramente, com preços mais altos para a carne de vaca e ovino, apesar de uma ligeira queda na carne de aves devido ao excesso de oferta, particularmente no Brasil.
A FAO nota que, embora os preços tenham descido, os mercados continuam a reagir de forma sensível a fatores geopolíticos e meteorológicos. A previsão de colheitas robustas e o crescimento das reservas globais são sinais positivos para os consumidores, mas persistem riscos associados às alterações climáticas, conflitos e volatilidade nos preços da energia.