De acordo com o estudo “Onde para o novo normal?”, realizado pela Kantar e analisado por aquela consultora e pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, o padrão de compra dos portugueses está cada vez mais próximo do período pré-pandemia, segundo dados do terceiro trimestre.
Embora o gasto médio por cesta se situe nos 22 euros, dois euros acima de 2019 e apenas um abaixo de 2020, as ocasiões de compra já estão iguais aos níveis pré-pandemia. O preço médio está mais elevado do que em 2019, o que poderá estar relacionado com o aumento de preços a que se tem vindo a assistir.
Em termos globais, o mercado de bens de grande consumo está a cair 2,2% em valor e 4,8% em volume face a 2020, mas a crescer 11,8% em valor e 4,8% em volume comparativamente a 2019. Neste âmbito, os artigos de higiene e beleza são os mais prejudicados, com perdas em valor na ordem dos 11%
As marcas de distribuição lideram as principais categorias do mercado de bens de grande consumo, com uma quota de 56% em volume, continuando, assim, a reforçar o seu posicionamento em todos os principais sectores.
Consumo fora do lar
“Apesar do desconfinamento e da abertura do país, o consumo fora de casa mantém-se muito aquém do período pré-pandemia, pelo facto de haver menor regularidade por parte dos portugueses. De acordo com o nosso painel Out-of-Home, o número de ocasiões fora de casa caiu 19% no terceiro trimestre. A frequência ficou-se pelas 32 vezes, menos 35% do que antes do início da pandemia, em 2019”, sublinha Alexandra Silva, Comercial Director da Kantar Portugal.
Em contraste com o ano de 2019, o valor das ocasiões de consumo, recorrendo a entrega de refeições, aumentou acentuadamente, com Portugal a crescer 16 pontos percentuais, ao passar de 57% para 73% em penetração, assumindo-se, mesmo, como líder no crescimento do segmento do “meal delivery”. De realçar que 44% deste crescimento aconteceu, em grande medida, devido aos “heavy buyers”, ou seja, consumidores que encomendam refeições uma ou mais vezes por semana.
Reajustamento
O mercado de bens de grande consumo, em Portugal, continua a trajetória de reajustamento, com os hipers e supermercados a manterem uma quota de mercado em valor abaixo do primeiro trimestre de 2020. Entre 2014 e 2021, houve menos 13 milhões de cestas, o que reforça a ideia de que os portugueses visitam menos estes canais de consumo.
Já o canal tradicional retoma a quota pré-pandémica e o canal online é o que mais cresce (de 2,2 para 3,3%. entre 2019 e 2021), sendo também o único que aumenta relativamente ao ano de 2020.
“O que designámos, durante a pandemia, como ‘novo normal’ está cada vez mais semelhante ao ‘velho normal’ período de pré-pandemia, embora dinâmico e evolutivo. O mercado de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) tem resistido bem, especialmente no comparativo com 2019 e quando recordamos as antecipações que realizávamos há uns meses, com um crescimento efetivo do online, mas menos rápido do que em 2020, e uma tendência positiva e cada vez mais consistente para o consumo sustentável e para uma forte preferência por conveniência, indulgência e produtos de origem vegetal”, conclui Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.
Sustentabilidade
A sustentabilidade é cada vez mais um ativo importante para os portugueses. Os consumidores mais conscientes ecologicamente, a que o estudo apelida de Eco-Actives, representam já 25%, crescendo seis pontos percentuais face a 2020. Se o ritmo de crescimento se mantiver como em 2021, estima-se que, em 2025, quase metade da população portuguesa (49%) seja Eco-Active, um valor acima do que a Kantar projeta para a Europa (47%).