Comércio mundial
Foto Shutterstock
in

OMC prevê quebra de até 1,5% no comércio mundial em 2025 devido às tarifas

Relatório destaca América do Norte como a região mais afetada e alerta para os riscos de desacoplamento económico global

Oiça este artigo aqui:

O comércio mundial de bens poderá sofrer uma quebra de até 1,5%, em 2025, caso se concretizem as tarifas recíprocas recentemente anunciadas pelos Estados Unidos, alerta a Organização Mundial do Comércio (OMC) no seu mais recente relatório.

Embora uma “pausa” de 90 dias na implementação destas tarifas tenha aliviado parcialmente a pressão sobre as trocas globais, a organização antecipa, ainda assim, um declínio de 0,2% no volume do comércio mundial para o próximo ano.

A nova projeção marca uma reversão significativa em relação às previsões iniciais da OMC, que apontavam para um crescimento de 2,7% em 2025, antes da escalada das tensões comerciais. A organização assinala que a deterioração do cenário comercial é impulsionada tanto pela imposição de tarifas como pela incerteza política que se dissemina para além das relações bilaterais entre os Estados Unidos e a China.

 

América do Norte será a mais penalizada

Entre as regiões, a América do Norte deverá ser a mais afetada, com as exportações a caírem 12,6% e as importações a recuarem 9,6% em 2025. Este contributo negativo retirará 1,7 pontos percentuais ao crescimento global do comércio de mercadorias.

Em contraste, a Ásia e a Europa deverão manter crescimentos modestos:1,6% em exportações e importações na Ásia e 1% nas exportações e 1,9% nas importações na Europa.

No entanto, a OMC sublinha que estes crescimentos serão inferiores ao esperado e poderão deteriorar-se ainda mais se a instabilidade comercial se agravar.

 

EUA e China: um conflito com impacto global

A tensão comercial entre os Estados Unidos e a China permanece no centro das preocupações. A OMC prevê que o comércio de bens entre os dois países caia 81%, podendo atingir 91% em caso de agravamento das tarifas, mesmo considerando exceções temporárias para produtos como smartphones.

Ngozi Okonjo-Iweala, diretora geral da OMC, alertou que uma fragmentação económica global resultante de um “desacoplamento” entre Estados Unidos e China teria consequências muito negativas para o comércio internacional, particularmente para os países menos desenvolvidos e exportadores.

 

Serviços escapam às tarifas, mas abrandam

Embora o comércio de serviços esteja relativamente protegido das tarifas aduaneiras, a OMC prevê um abrandamento do seu crescimento: 4% em 2025 (abaixo da previsão anterior de 5,1%) e 4,1% em 2026 (face aos 4,8% projetados anteriormente).

Este abrandamento resulta da redução da procura associada às transações de mercadorias (como transportes e logística) e da incerteza generalizada, que poderá afetar áreas como o turismo e o investimento internacional.

Apesar do cenário adverso em 2025, a OMC prevê uma retoma do comércio mundial de bens em 2026, com um crescimento estimado em 2,5%. No entanto, sublinha que as previsões estão sujeitas a elevada incerteza, dado o carácter sem precedentes da atual mudança nas políticas comerciais globais.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

Safety Gate 2024: lista de produtos perigosos abre caminho a uma maior proteção dos consumidores