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A reciclagem de equipamentos elétricos, eletrónicos, pilhas e baterias está a ganhar cada vez mais relevância em Portugal, mas há ainda desafios a superar. Segundo um estudo conduzido pela ERP Portugal e pela DECO PROteste, 50% dos inquiridos demonstra interesse em aprofundar conhecimento sobre a correta separação destes resíduos, enquanto a acessibilidade aos pontos de recolha e os incentivos financeiros surgem como fatores decisivos para aumentar a adesão dos consumidores.
A análise, que abrangeu 1.001 indivíduos entre os 18 e os 74 anos, revelou que 49% dos portugueses sabe que os custos de gestão de resíduos já estão incluídos no preço final dos produtos elétricos e eletrónicos e 37% afirma que, se essa informação fosse mais visível, sentiria maior motivação para reciclar corretamente.
Os centros de recolha municipais e as lojas de eletrodomésticos são reconhecidos por 50% dos inquiridos como locais apropriados para descarte de pequenos equipamentos elétricos e eletrónicos. Contudo, apenas 28% sabe que as lojas de eletrodomésticos também aceitam pilhas e baterias, evidenciando a necessidade de uma maior comunicação sobre os pontos de recolha existentes.
Incentivos financeiros e acessibilidade são fatores-chave
Apesar do progresso, o estudo destaca que a dificuldade de acesso a locais de recolha continua a ser um entrave à reciclagem de resíduos elétricos e eletrónicos. Apenas 38,5% dos portugueses afirma ter um ponto de recolha próximo de casa e essa percentagem diminui ainda mais em zonas rurais.
Para resolver este problema, 85% dos inquiridos defende a instalação de contentores específicos em locais estratégicos, como supermercados, lojas de eletrodomésticos e ruas movimentadas. Além disso, 90% dos entrevistados afirma que estaria mais disposto a separar os resíduos se recebesse algum tipo de incentivo financeiro, seja através de descontos, vales de compras ou mesmo doações a entidades sociais.
“O estudo fornece indicações valiosas para otimizar a gestão de resíduos elétricos e eletrónicos e de pilhas em Portugal”, afirma Rosa Monforte, diretora geral da ERP Portugal. “O nosso compromisso é continuar a expandir a rede de recolha seletiva, que já conta com mais de 9.400 pontos, e a promover campanhas de sensibilização”.
Já Elsa Agante, responsável pela área de sustentabilidade da DECO PROteste, sublinha que “os resultados mostram onde devemos reforçar a informação e apoio ao consumidor. A DECO PROteste continuará a trabalhar com a ERP Portugal para garantir que os cidadãos saibam como e onde entregar os seus resíduos”.
Cresce o interesse pela compra de produtos em segunda mão
Outro dado relevante do estudo é a crescente adesão dos portugueses à compra de equipamentos elétricos e eletrónicos em segunda mão. 60% dos inquiridos já adquiriru este tipo de produtos, sendo que 94% afirma que o fator económico é a principal motivação.
No entanto, 25% dos consumidores refere preocupações ambientais como um dos motivos para optar por produtos recondicionados, um dado que demonstra um aumento da consciência ecológica.
O relatório reforça a importância de campanhas contínuas de educação ambiental e incentivo à reciclagem, para que Portugal continue a progredir rumo a uma gestão de resíduos mais eficiente e sustentável.