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Marta Santos: “Só compreendendo quem somos conseguiremos antecipar para onde vamos”

Marta Santos, da Worldpanel by Numerator, traça o retrato do novo consumidor português: mais envelhecido, diverso e fragmentado

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Durante a primeira conferência da Grande Consumo, realizada no dia 22 de outubro, no Taguspark, Marta Santos, country manager Portugal da Worldpanel by Numerator, analisou a evolução do comportamento do consumidor português nas últimas duas décadas, destacando o impacto das mudanças demográficas e económicas nos padrões de compra e nas decisões das famílias.

Com o mote “Espelho meu, espelho meu, que futuro posso esperar eu?”, Marta Santos convidou os participantes a refletirem sobre o presente para compreender o futuro do consumo. “Para antecipar o amanhã, temos de conhecer bem o presente e aquilo que nos trouxe até aqui”, afirmou, dando início a uma viagem pelos “reflexos” que moldam o comportamento do consumidor português.

 

A demografia como motor de mudança

Segundo a responsável da Worldpanel by Numeratpr, o crescimento populacional em Portugal tem sido sustentado essencialmente pela imigração, um fator que não só altera os números, como transforma a cultura, o consumo, o mercado de trabalho e até a identidade do país. “A diversidade é hoje um motor importante do crescimento”, sublinhou.

Em contrapartida, o envelhecimento populacional continua a acentuar-se: 68% dos lares portugueses é composto por pessoas com mais de 50 anos e 60% tem apenas um ou dois elementos. Esta realidade redefine hábitos, necessidades e padrões de consumo. “Temos de questionar até que ponto a nossa oferta está preparada para responder a estas novas realidades”, alertou Marta Santos.

A especialista destacou ainda que o crescimento do sector do grande consumo está concentrado nos consumidores mais idosos, que detêm maior poder de compra e uma disponibilidade superior para gastar. “Este grupo não é apenas um dado demográfico. É um verdadeiro motor económico que molda o futuro das marcas”, frisou.

 

O orçamento familiar sob pressão

A análise da Worldpanel by Numerator mostra que o gasto das famílias portuguesas está cada vez mais diversificado, reflexo do aumento dos preços e da necessidade de ajustar o orçamento familiar. Alimentação e restauração representam hoje cerca de 35% da despesa total dos lares, sendo que o crescimento neste segmento tem sido impulsionado pela inflação.

Mesmo com restrições, as pessoas continuam a procurar aquilo que lhes traz satisfação”, observou Marta Santos, defendendo que este contexto obriga as marcas e os retalhistas a repensar produtos, serviços e comunicação, de forma a responder a consumidores mais exigentes e seletivos.

 

Comprador fragmentado: o novo paradigma

Se no passado o comportamento do consumidor podia ser descrito de forma linear e previsível, hoje, a realidade é bem diferente. Marta Santos descreveu o “comprador fragmentado” como aquele que dispersa as suas escolhas e reparte as compras por várias ocasiões e canais.

Os dados da Worldpanel by Numerator mostram que, apesar de o volume de produtos de grande consumo (FMCG) estar estagnado desde 2011, o gasto total aumentou devido à subida dos preços. A pressão económica e a incerteza levam os consumidores a ir mais vezes às lojas, mas a comprar menos por visita, o que altera profundamente a dinâmica do retalho.

Em 2025, o consumidor português realiza, em média, mais de 300 compras por minuto no sector do grande consumo, quando comparado com 2012”, exemplificou. Esta fragmentação da jornada de compra reflete, segundo a especialista, uma necessidade de adaptação constante e uma maior racionalidade na gestão do orçamento familiar.

Compreender o consumidor de hoje é a chave para construir o futuro das marcas. Esta foi a mensagem deixada por Marta Santos. Entre o envelhecimento populacional, a diversidade crescente e a fragmentação dos comportamentos, as empresas precisam de olhar para o espelho da sociedade portuguesa e ajustar as suas estratégias de forma ágil e empática. “Só compreendendo quem somos conseguiremos antecipar para onde vamos”, concluiu a especialista.

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