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O Governo Regional dos Açores, por intermédio da Secretaria Regional da Agricultura e Alimentação, tem vindo a intensificar os esforços no combate ao desperdício alimentar, uma problemática que assume proporções alarmantes tanto a nível local como nacional. Através de campanhas de sensibilização e ações educativas, as autoridades açorianas procuram impactar e mobilizar a comunidade para a adoção de hábitos de consumo mais responsáveis e para a valorização dos produtos locais.
Segundo António Ventura, secretário regional da Agricultura e Alimentação, a mudança para um sistema alimentar mais sustentável começa com cada cidadão. “Cada um de nós desempenha um papel crucial na mudança, através de escolhas e práticas conscientes diariamente. Ao reduzirmos o desperdício alimentar em casa, também estaremos a reduzir o impacto climático pessoal. Ao promovermos a consciencialização, estaremos a caminhar para a redução do desperdício alimentar e para um futuro mais sustentável”, sublinha o governante, realçando a importância da ação individual aliada ao esforço coletivo.
António Ventura frisa ainda que “reduzir o desperdício alimentar contribui para a sustentabilidade, para um maior aproveitamento dos recursos e para a poupança de tempo e dinheiro”.
Esta perspetiva reflete a necessidade urgente de repensar a forma como se produzem, distribuem e consomem alimentos, numa altura em que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos e os efeitos das alterações climáticas se fazem sentir com maior intensidade.
Números alarmantes
O desperdício alimentar é um dos maiores desafios ambientais do nosso tempo, afetando toda a cadeia de abastecimento — desde a produção agrícola até à mesa dos consumidores. As consequências fazem-se sentir em múltiplos níveis: social, económico e ambiental, com custos elevados para a sociedade. Em Portugal, estima-se que sejam desperdiçadas anualmente cerca de 1,9 milhões de toneladas de alimentos, resultando em perdas económicas superiores a 3,3 mil milhões de euros. Em média, cada português deita fora 184 quilos de comida por ano, o que representa um desperdício de cerca de 350 euros por pessoa.
Face a este cenário, António Ventura defende que “é fundamental continuar a implementar estratégias eficazes em todas as etapas da cadeia produtiva. Na colheita, muitos alimentos são perdidos devido a práticas inadequadas. No armazenamento, é importante investir em tecnologias apropriadas, como a refrigeração e o controlo de humidade, conduzindo a uma maior longevidade dos alimentos. Na logística e distribuição, a utilização de embalagens adequadas e de veículos refrigerados pode minimizar perdas durante o transporte”.
As campanhas promovidas pelo Governo dos Açores têm vindo a reforçar a necessidade de aquisição de produtos locais, valorizando a produção regional e promovendo a economia circular. A aposta passa ainda pela formação de produtores, distribuidores e consumidores para a adoção de técnicas que evitem perdas desnecessárias e aumentem a eficiência ao longo de toda a cadeia alimentar.
Além do impacto económico, a problemática do desperdício alimentar acarreta sérias consequências ambientais, nomeadamente a emissão de gases com efeito de estufa resultantes da decomposição dos resíduos alimentares em aterro, contribuindo para o agravamento das alterações climáticas.
Para o futuro, e segundo o governante, o objetivo passa por aprofundar a articulação entre entidades públicas, sector privado e sociedade civil, promovendo parcerias e projetos inovadores que possam criar soluções integradas para este desafio. A sensibilização dos mais jovens, através de programas educativos nas escolas, é outro dos pilares fundamentais desta estratégia regional, numa aposta clara na mudança de mentalidades e comportamentos desde cedo.