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O sector das telecomunicações está a adotar a inteligência artificial mais do que nunca. 75% das empresas de telecomunicações projetam uma maior aceleração do investimento em IA e automação em 2025, em comparação com os anos anteriores, com um aumento médio entre 16% e 30%. Além disso, 9,1% esperam que esta aceleração cresça mais de 50%.
Esta é a principal conclusão do estudo “The Bridge to the Next Telecom Ecosystem: Challenges and Priorities”, realizado pela NTT DATA e pela MIT Technology Review através de entrevistas a clientes, operadores de comunicação e intervenientes no ecossistema de telecomunicações na América Latina, Espanha e Portugal.
De acordo com o relatório, a abordagem estratégica adotada pelas empresas do sector para integrar IA varia: 25% optaram por se concentrar em casos de uso identificados, enquanto 33,3% adotaram uma abordagem transversal a toda a empresa, transformando toda a organização. Outro terço opta por combinar ambas as estratégias, permitindo a transformação tecnológica em toda a organização e aplicando efetivamente a IA em casos de utilização prática.
David Caja, Partner & Head of Telecom & Media, NTT DATA IBIOL, destaca que “estamos num momento crucial para o sector de telecomunicações, na medida em que a fase de experimentação da IA acabou e o sector está a duplicar o investimento nesta tecnologia. As empresas de telecomunicações sabem que a IA pode resolver muitos de seus desafios em monetização e custos, e isso reflete-se no aumento das projeções de investimento em inteligência artificial, o que é fundamental”.
Raquel Santos, Head of Telecom, Media & Tech da NTT DATA Portugal, acrescenta que “estamos no início de uma transformação sem precedentes, motivada pela IA, que poderá desvendar novas fontes de receita e acelerar a sua captura pelas áreas de negócio. Depois dos testes e das experiências, é tempo dos operadores de telecomunicações escalarem os casos de uso capazes de entregar valor, para conseguirem tirar pleno partido desta tecnologia. O estudo da NTT DATA revela que os decisores estão cada vez mais conscientes do seu potencial e que vão aumentar significativamente o investimento em IA e automação, reforçando o papel da nossa indústria na vanguarda da inovação”.
Barreiras: falta de talento e retorno do investimento
Num ano em que os especialistas preveem um boom significativo da IA, transversal a todos os sectores industriais a nível mundial, o ecossistema das telecomunicações avança na adoção e implementação de processos de automação. No entanto, enfrenta barreiras intimamente relacionadas com o desenvolvimento e a utilização de tecnologias: o próprio talento. Os recursos humanos necessários para dar sequência à utilização massiva da IA nos processos, seguidos do retorno dos investimentos, são as principais preocupações das empresas de telecomunicações.
Neste contexto, a aquisição de talento tornou-se um grande desafio do sector. As razões incluem a escassez de perfis com conhecimentos específicos no domínio da IA ou a dificuldade de os atrair para as empresas de telecomunicações, num ecossistema digital hipercompetitivo em que os esforços para garantir os melhores talentos são cada vez mais evidentes.
Por outro lado, no que diz respeito ao retorno do investimento, um em cada cinco inquiridos não está satisfeito com o ROI da aplicação da IA generativa, enquanto outro quinto não teve retornos consistentes, com resultados de aplicação desiguais. No entanto, o sector continua otimista, e os restantes 60% dos inquiridos que obtiveram retorno da aplicação de IA destacam a racionalização do serviço ao cliente, através da redução dos tempos de resposta, a otimização operacional ou a implementação de soluções sem código.
Um modelo de negócio mais complexo: desafios no B2B
Os segmentos B2B e B2B2C são duas das grandes áreas de aceleração do sector de telecomunicações, embora tal ainda não se tenha verificado: 72,7% dos inquiridos afirmam que o crescimento no segmento B2B não correspondeu às expectativas da sua organização nos últimos anos. Em 2025, o segmento B2B representa, em média, menos de 25% do negócio total, com uma grande disparidade de respostas que conduzem a diferentes projeções de crescimento.
Para o futuro, as expectativas são moderadas, mas esperançosas: quase metade dos entrevistados prevê ultrapassar 25% da atividade atual nos próximos três anos. A cinco anos, as perspetivas melhoram, com 6 em cada 10 a preverem atingir até 40% da atividade total.
Perante esta previsão, muitas empresas de telecomunicações estão a procurar diferentes tecnologias para alavancar as suas vendas B2B: soluções de cibersegurança, IoT, indústrias verticais e centros de dados. A sua comercialização ganha relevância como ponto de alavancagem na estratégia B2B (para 72,7% dos inquiridos), principalmente em regime de parceria com hyperscalers (em 63,6% dos casos); embora 27,3% dos operadores prefiram comercializar os seus centros de dados da forma mais independente possível, minimizando a dependência de terceiros.