Desde os rituais espirituais do Egito Antigo até às experiências sensoriais digitais do século XXI, o perfume sempre acompanhou a história da humanidade como símbolo de poder, beleza, identidade e emoção. Hoje, mais do que nunca, a tradição funde-se com a inovação, revelando um sector em mutação permanente.
Da antiguidade à perfumaria moderna
A história do perfume começou no Egito Antigo, onde fragrâncias eram usadas em cerimónias religiosas, rituais de mumificação e como expressão de estatuto social. As essências eram frequentemente misturadas com óleos e resinas e aplicadas em templos, estátuas e corpos, incluindo os dos faraós. O kyphi, uma mistura aromática usada em incenso, é um dos registos mais antigos do uso ritual do perfume.
Mas foi na Grécia e em Roma que os aromas ganharam um lugar quotidiano. Eram aplicados na pele após o banho, usados em festas e templos e até oferecidos como presentes em funerais. Filósofos como Teofrasto estudaram a botânica dos aromas e os romanos desenvolveram frascos de vidro para armazenamento das essências.
A arte da destilação árabe e persa impulsionou a perfumaria no mundo islâmico, com figuras como Avicena a aperfeiçoarem técnicas que ainda hoje são a base da extração por destilação. No século XIV, com Catarina de Médici, o perfume chegou à Europa moderna. Diz-se que a rainha trouxe de Florença para França um perfumista pessoal, René le Florentin, que criou fragrâncias exclusivas e as popularizou entre a nobreza francesa.
Foi precisamente em França, em concreto em Grasse, que se consolidou a capital mundial da perfumaria, marcando o início da indústria como hoje a conhecemos. Localizada na região da Provença, Grasse destacou-se pela produção de flores como o jasmim e a rosa centifólia e tornou-se um centro técnico, criativo e económico da perfumaria mundial. Desde o século XVIII que acolhe perfumistas, laboratórios e escolas de renome, como o Institut du Parfum. Em 2018, a UNESCO reconheceu o savoir-faire de Grasse como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
A revolução industrial e a era do perfume de autor
Com a síntese química e os frascos industrializados do século XX, surgiram ícones como Chanel Nº5, Shalimar ou Arpège. O perfume tornou-se acessível, massificado e, ao mesmo tempo, um produto cultural e aspiracional. Já nas últimas décadas, marcas como Calvin Klein, Giorgio Armani ou Jean Paul Gaultier elevaram a perfumaria a um território de expressão artística e de branding global.
As novas exigências do consumidor
Hoje, o perfume é mais do que uma fragrância. O consumidor atual valoriza ingredientes naturais, rastreabilidade, embalagens sustentáveis, fórmulas veganas e refillables. Segundo o relatório Future of Fragrance 2025 da Mintel, 42% dos consumidores europeus afirma preferir fragrâncias com menor impacto ambiental, um dado recolhido pela consultora no contexto da crescente importância da sustentabilidade no sector da beleza e perfumaria.
Além disso, cresce a procura por perfumes genderless e por marcas que comuniquem valores éticos, diversidade e autenticidade.
A digitalização da experiência olfativa
Simultaneamente, num mundo cada vez mais digital, a experiência de compra de perfume também evoluiu. Segundo o relatório da SIBS Analytics, o comércio eletrónico em Portugal cresceu 37,9% em 2023, com o segmento de perfumaria e cosmética a registar um aumento de 1,9 vezes no número de compras online em dezembro, face à média mensal dos meses anteriores.
Plataformas como a Douglas.pt oferecem curadoria online, recomendações personalizadas, descrição detalhada das notas e amostras incluídas nas encomendas.
Tendências que moldam o futuro
E na era do algoritmo, a inteligência artificial já ajuda a criar fragrâncias baseadas em emoções ou perfis psicográficos. Os algoritmos analisam dados sobre preferências de consumo, estilo de vida, traços de personalidade ou até estados emocionais para sugerir composições únicas e altamente personalizadas. Combinando perfis de consumidor com bases de dados olfativas e bibliotecas moleculares, estas ferramentas aceleram o processo criativo e aumentam a probabilidade de aceitação comercial da fragrância. Trata-se de um novo paradigma onde a emoção é quantificada e traduzida em aroma.
Além disso, há perfumes sólidos, ecológicos, feitos por fermentação biotecnológica e marcas que propõem fragrâncias personalizáveis em tempo real. Segundo o relatório The State of Fashion Beauty da McKinsey & Company, a categoria de fragrâncias deverá crescer a uma taxa composta anual (CAGR) de cerca de 7% até 2027, refletindo o dinamismo e a premiumização crescente do sector a nível global. Tudo aponta para uma nova era, onde a emoção permanece no centro, mas com tecnologia, ética e diferenciação como pilares estruturais.
A história do perfume é, afinal, a história de quem somos. Uma narrativa sensorial que atravessa milénios, mas que nunca se repete. Hoje, mais do que nunca, o perfume combina arte, ciência, valores e inovação. E plataformas como a Douglas.pt ajudam a escrever o próximo capítulo, democratizando o acesso à sofisticação olfativa e às tendências que marcam o presente e moldam o futuro.