“Uma voz respeitada por todos os stakeholders, um ator incontornável para a construção do futuro do país e um sector que tem nas pessoas o seu maior ativo e é um motor de desenvolvimento económico de Portugal”. Estes são os compromissos do sector da distribuição e retalho reafirmados no APED Retail Summit, o congresso promovido pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) que reuniu cerca de 400 pessoas esta quinta-feira, dia de 30 de março, em Lisboa.
Sob o mote “Better Together”, o evento abordou os desafios, as oportunidades e as tendências presentes e futuras do sector, analisados na perspetiva de especialistas nacionais e internacionais que trouxeram a sua visão em áreas tão distintas como geoeconomia, tecnologia, pessoas e novos modelos de trabalho, sustentabilidade e liderança, impactos económicos e sociais e o futuro da União Europeia.
Na sessão de abertura, Isabel Barros, presidente da APED, sublinhou o simbolismo que o mote “Better Together” espelha “de todo o trabalho e aposta que o sector da distribuição e retalho tem desenvolvido. ‘Better Together’ é muito mais do que uma assinatura. É sinónimo do trabalho que realizamos diariamente com os nossos parceiros, a forma como respondemos aos desafios dos últimos anos e a resposta que damos aos desafios do presente”, afirmou a presidente da APED.
Pessoas como peça central da estratégia
Na sua intervenção, Isabel Barros destacou, ainda, o papel central que as pessoas ocupam na estratégia das empresas associadas da APED, visível na resposta dada em momentos desafiantes, como a pandemia, ou no quadro económico-social resultante da guerra na Ucrânia. “Superámos as dificuldades dos últimos anos, com inovação, eficiência e a capacidade de resposta e entrega das mais de 144 mil pessoas que trabalham connosco. As pessoas estão e são o centro de toda a estratégia do nosso sector. São o nosso maior ativo e o verdadeiro motor do desenvolvimento económico do nosso país. Neste ciclo, criámos seis mil novos postos de trabalho, a par de um investimento superior a 150 milhões de euros na formação e requalificação dos nossos colaboradores”, sublinhou Isabel Barros.
A presidente da APED abordou também o trabalho desenvolvido pelo sector em articulação com toda a cadeia de distribuição, apoiando a produção nacional e acelerando o percurso para a transição digital. “A gravidade da situação que vivemos exige uma análise informada e fatual. Sabemos que é um problema sistémico que impacta, sobretudo, o consumidor. Apesar de todo o ruído e turbulência que vivemos neste período mais recente, mantivemos um diálogo aberto, informado e transparente. Persistimos na procura de soluções que beneficiassem o consumidor, com propostas de ações concretas e objetivas. O tempo deu-nos razão. Cooperámos ativamente no desenho de uma ação para se fazer face ao aumento dos custos dos bens alimentares. Estou certa de que, juntos, iremos assegurar uma execução exímia desta medida e, conjuntamente com as nossas pessoas, continuaremos a trabalhar,na procura de novas soluções”, concluiu.
Continuar ciclo de confiança e de investimento no sector
Na sessão de encerramento do APED Retail Summit, o diretor geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, fez um balanço positivo do congresso e perspetivou a continuação de um percurso ambicioso do sector. “Temos hoje 195 associados e somos um sector de confiança e determinado a continuar a inovar, a investir, a ter empresas socialmente responsáveis e com um forte compromisso com a sustentabilidade e com a circularidade da economia, em criar emprego e em continuar a investir na formação das nossas pessoas”.
Perante o final do mandato da atual direção e o início em funções de novos órgãos sociais, o diretor geral da APED sublinhou a união do sector e dos associados do retalho alimentar e do retalho especializado. “Este foi um mandato cheio de desafios, mas que resultou numa união cada vez maior entre as nossas empresas associadas. As negociações para baixar o IVA para zero nos produtos alimentares foram apenas mais uma prova dessa ligação forte. Estimulamos e promovemos a concorrência, estamos focados em ter resultados, em cumprir a lei e estar determinados e a não ter medo nem de negociações nem de críticas. Vamos continuar a fazer o nosso trabalho: unir os associados em torno de um bem comum”, concluiu Gonçalo Lobo Xavier.
Desafios globais e do país analisados
O APED Retail Summit reuniu, ao longo de um dia, especialistas nacionais e internacionais que partilharam a sua visão e reflexão em temas distintos como geopolítica, pessoas, sustentabilidade, tecnologia, tendências, bem como a importância de estímulos às empresas e à economia.
Coube a Michel Barnier, antigo ministro francês da Sustentabilidade, ex-comissário europeu e negociador-chefe da União Europeia para o Brexit entre 2016 e 2021, a intervenção principal do evento. Com o keynote “Future of Europe and Challenges for the European Union”, Michel Barnier apresentou a sua visão sobre os desafios colocados pelo panorama internacional e o caminho que deverá ser percorrido para reforçar a relevância política, económica e social do espaço comunitário e com impacto no país.
Paul Polman, nome incontornável na liderança empresarial articulada com a sustentabilidade e co-autor do best-seller “Net Positive – Diferença Positiva: Empresas Corajosas Dão Mais do que Tiram”, abordou o contributo que as empresas podem dar para enfrentar os desafios ambientais e sociais atuais e futuros e a capacidade de conciliar desempenho financeiro e responsabilidade social.
Já Lynda Gratton, professora de Práticas de Gestão na London Business School e co-presidente do Conselho de Trabalho, Salários e Criação de Emprego do Fórum Económico Mundial, deu a conhecer os desafios colocados às organizações com os novos modelos de trabalho, a evolução demográfica da população e as expectativas que as diferentes gerações têm em relação ao mundo laboral.
Programa
O programa do evento debruçou-se sobre diferentes temas com impacto no mundo e em Portugal. A análise da realidade geopolítica e geoeconómica e os efeitos sentidos pela pandemia e pela guerra na Ucrânia e a afirmação de uma nova ordem mundial foram abordados por Germano Almeida, analista de política internacional, Raquel Vaz-Pinto, investigadora do IPRI-NOVA, Felipe Pathé-Duarte, professor auxiliar e investigador da NOVA School of Law, e Diana Soller, investigadora do IPRI-NOVA.
O programa contou ainda com as intervenções de Colm O’Brien, partner da IBM Consulting, que abordou os desafios e oportunidades que a tecnologia coloca ao sector do retalho, Luís Marques Mendes, advogado e membro do Conselho Consultivo da Abreu Advogados, que apresentou um ensaio sobre os desafios e riscos globais, e Joana Vaz Pais, professora de Economia do ISEG – Lisbon School of Economics and Management, apresentou uma visão sobre a realidade económica.
