A Auchan Retail encerrou o ano fiscal de 2024 com receitas de 31,67 mil milhões de euros, representando um crescimento de 2,1% em comparação com o ano anterior.
Este desempenho foi fortemente impulsionado pelas aquisições estratégicas da empresa, incluindo 94 lojas ex-Casino em França e 481 lojas do Grupo DIA em Portugal. Sem estas aquisições, as vendas teriam sofrido uma queda significativa, refletindo desafios estruturais nos mercados onde a Auchan opera.
Forte crescimento em Portugal
O mercado português destacou-se como um dos mais dinâmicos para a Auchan em 2024. As receitas cresceram 23%, atingindo 2,14 mil milhões de euros, impulsionadas pela integração das 481 lojas adquiridas ao Grupo DIA. Este movimento consolidou a Auchan como a maior rede de retalho do país em número de pontos de venda, com uma quota de mercado de 11,8%.
A integração das lojas Minipreço e MaisPerto, adquiridas no início de 2024 por 155 milhões de euros, foi apontada pela empresa como um sucesso estratégico. Segundo o comunicado da Auchan, esta expansão fortaleceu a presença da marca no segmento de proximidade, equilibrando o seu portefólio de formatos e respondendo à crescente procura dos consumidores por conveniência.
Além do crescimento do parque de lojas, a Auchan destacou melhorias na experiência do cliente, com o índice de satisfação dos consumidores (Net Promoter Score – NPS) a subir três pontos em 2024.
Resultados mistos no mercado global
Apesar da expansão em mercados estratégicos, a Auchan enfrentou dificuldades no desempenho operacional global. As vendas comparáveis caíram 2,8%, com destaque para a França, onde a queda foi de 4,7% devido à redução do consumo de produtos não alimentares.
Em contrapartida, países como a Roménia e a Polónia registaram crescimento nas receitas, beneficiando de investimentos na expansão do parque de lojas e numa estratégia agressiva de preços.
O EBITDA total da Auchan desceu 19%, para 877 milhões de euros, devido à pressão nos mercados maduros e ao impacto da integração das novas lojas adquiridas. No entanto, houve uma recuperação no segundo semestre do ano, onde o EBITDA, excluindo as aquisições, aumentou 25 milhões de euros, evidenciando uma melhoria operacional.
Plano de reestruturação
Diante dos desafios enfrentados na sua operação em França, a Auchan anunciou um ambicioso plano de reestruturação. A empresa irá reduzir 25% da área de vendas em um terço dos seus hipermercados europeus até 2027, com o objetivo de melhorar a rentabilidade e adaptar-se às novas tendências de consumo.
O impacto destas medidas deverá ser significativo, com a previsão do encerramento de algumas lojas e a redução da força de trabalho. A Auchan já contabilizou 250 milhões de euros em provisões para reestruturação, incluindo compensações sociais e custos associados às mudanças no modelo de negócio.
O reposicionamento dos preços em França, iniciado no primeiro semestre de 2024, já começou a mostrar resultados. A Auchan investiu 62 milhões de euros na redução de preços, o que ajudou a conter a queda das vendas e a fortalecer a competitividade da marca.
Estratégia futura
A Auchan delineou um plano estratégico para os próximos anos, focado na eficiência operacional, expansão em mercados-chave e otimização da estrutura financeira. Entre as principais metas para 2028, destacam-se atingir um EBITDA de 1,6 mil milhões de euros (o que compara com os 0,9 mil milhões em 2024), gerar um fluxo de caixa positivo de 400 milhões de euros (face ao negativo de 300 milhões em 2024) e reduzir o rácio de endividamento.
Para financiar esta transformação, a empresa planeia a venda de ativos imobiliários, prevendo gerar mil milhões de euros em liquidez entre 2025 e 2026.
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