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Rui Ladeira defende plano de 25 anos para valorizar e rentabilizar a floresta portuguesa

Rui Ladeira - Secretário de Estado das Florestas

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Sem rentabilidade não há floresta”. A frase foi repetida pelo Secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, durante a sua intervenção no encerramento do encontro promovido pela UNAC, subordinado ao tema “Sem rentabilidade não há floresta”, que decorreu na AgroGlobal, a maior feira profissional do setor agroflorestal em Portugal. Numa intervenção marcada pela ideia de urgência e de compromisso coletivo, o governante apresentou linhas-chave do Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050, que será brevemente discutido na Assembleia da República.

Segundo Rui Ladeira, o documento resulta de mais de 400 contributos do setor e integra 19 medidas e 150 ações concretas, assentes em quatro pilares: valorização, propriedade, resiliência e governança.

Valorizar para prevenir incêndios e gerar riqueza

O governante sublinhou que a floresta não pode ser apenas vista como paisagem ou património ambiental: “Tem que gerar rendimento e resultados”. Para tal, a valorização das fileiras florestais é essencial não só para criar economia, mas também para garantir a gestão ativa do território e a redução do risco de incêndio.

De acordo com os dados avançados, a floresta portuguesa já contribui com 2,6 mil milhões de euros para a economia nacional, mas o Governo pretende que, até 2030, esse valor ultrapasse os 4 mil milhões.

Propriedade e minifúndio: um bloqueio estrutural

Um dos principais problemas identificados é a fragmentação da propriedade. Existem mais de 3,4 milhões de prédios rústicos, muitos deles sem identificação clara de herdeiros ou limites definidos. “Há milhares de proprietários que nem sabem onde ficam as suas parcelas”, lembrou Rui Ladeira.

Para ultrapassar este bloqueio, o Executivo aposta no cadastro simplificado e em novas medidas legislativas que acelerem partilhas e regularizem heranças, de forma a permitir a gestão integrada do território.

Resiliência contra incêndios, pragas e invasoras

O Plano de Intervenção para a Floresta dedica também atenção ao combate às pragas e doenças que afetam várias espécies, bem como ao controlo das espécies invasoras, como já se verifica em áreas extensas do país.

No campo da prevenção de incêndios, Rui Ladeira destacou o reforço dos equipamentos municipais e das comunidades intermunicipais para gestão de faixas de combustível, além do incentivo à pastagem em áreas baldias como forma de reduzir a carga vegetal.

O Governo reforçou ainda o combate ao incendiarismo, aumentando para cinco as equipas multidisciplinares que integram ICNF, PJ e GNR.

Programa “Floresta Ativa” mobiliza milhares de proprietários

Entre as medidas mais recentes, o Secretário de Estado destacou o sucesso do Programa Floresta Ativa, lançado este ano. O apoio financeiro, de 650 euros por hectare para candidaturas individuais e 800 euros por hectare em candidaturas coletivas, recebeu em apenas dois meses 2.500 candidaturas, correspondentes a mais de 9.000 hectares.

Segundo Rui Ladeira, este programa representa uma forma simples e digital de apoiar os pequenos proprietários na limpeza e gestão dos seus terrenos, ajudando a reduzir a inflamabilidade do território.

O quarto pilar do Plano foca-se na governança, procurando reduzir burocracia, simplificar planos de gestão florestal e reforçar a cooperação entre Estado, autarquias e organizações de produtores. O objetivo é tornar a resposta pública mais rápida e eficaz, num setor muitas vezes marcado pela lentidão administrativa.

Horizonte 2030: menos importações, mais valor nacional

O Secretário de Estado afirmou que a estratégia até 2030 visa reduzir a dependência de importações de madeira e matérias-primas florestais, enquanto aumenta a capacidade de criar riqueza dentro do país.

Temos que transformar a floresta num ativo económico sustentável, que assegure rendimento aos proprietários, reduza riscos e valorize os serviços de ecossistema, como a água, o carbono e o solo”, sublinhou.

“Todos contam para o futuro da floresta”

Rui Ladeira terminou a sua intervenção lembrando que o sucesso do plano dependerá do envolvimento de todos: Estado, autarquias, associações, empresas e proprietários.

O caminho é longo e os resultados não são imediatos, mas até 2030 temos de preparar a grande transformação da floresta portuguesa. A rentabilidade é a chave: sem ela, não haverá futuro para a nossa floresta”.

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