A MC lidera um projeto de investigação que, em conjunto com várias instituições nacionais, visa encontrar novas ferramentas para determinar a qualidade do pescado, de forma a promover a segurança alimentar e o combate ao desperdício.
O Vertical Fish, como é intitulado o projeto, enfrenta dois desafios críticos: a garantia da qualidade do pescado e a sustentabilidade na aquacultura. O projeto está enquadrado no Pacto da Bioeconomia Azul e é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência.
“O projeto visa tornar mais eficiente o processo de avaliação da qualidade do pescado e otimizar metodologias de rastreabilidade desde a origem e ao longo de toda a cadeia de valor. Dessa forma, garante-se que o pescado disponibilizado ao consumidor final é o mais seguro e fresco. Além disso, as ferramentas desenvolvidas possibilitarão identificar as melhores práticas, incentivando a redução do desperdício alimentar gerado no sector”, salienta Ondina Afonso, diretora de Qualidade & Investigação da MC.
Vertical Fish
Num contexto onde as mudanças climáticas associadas aos impactos humanos afetam o ecossistema marinho, influenciando a qualidade e segurança do pescado selvagem, o Vertical Fish procura soluções inovadoras na identificação das variações morfológicas, estruturais e moleculares do pescado.
Utilizando softwares de processamento de imagem e kits de deteção rápida de alterações bioquímicas, o objetivo principal é aferir a qualidade do pescado, identificando precocemente casos que comprometam a segurança alimentar, através do recurso a métodos inovadores, permitindo melhorar a qualidade e reduzir o desperdício do pescado que chega a casa dos consumidores.
O Vertical Fish realizará, numa primeira fase, uma análise detalhada dos dados para identificar causas potenciais de problemas que afetem a qualidade do pescado. Em seguida, utilizará metodologias de rastreio para detetar práticas fraudulentas relacionadas com a origem do pescado. Por fim, procurará desenvolver tecnologias avançadas para avaliar a qualidade do mesmo, por imagem e com recurso a software inteligente.
“Estas metodologias permitirão ações mais ágeis e eficazes na identificação e resolução de problemas relacionados com a segurança alimentar”, conclui Ondina Afonso.
Sustentabilidade também na aquacultura
Na frente da sustentabilidade, o Vertical Fish promove, paralelamente, a construção de sistemas modulares inovadores, proporcionando uma estratégia de desperdício zero no sector da aquacultura. Essa abordagem permite a reutilização diferentes nutrientes em várias etapas da produção, utilizando organismos de baixo nível trófico (organismos que desempenham um papel fundamental na transferência de nutrientes ao longo da cadeia alimentar). O objetivo é aumentar a eficiência produtiva e reduzir os custos operacionais na indústria da aquacultura.
Exemplos de organismos de baixo nível trófico incluem macroalgas e vários invertebrados que formam a base da cadeia alimentar. Ao promover a utilização destes organismos na aquacultura, pretende-se otimizar a eficiência produtiva, reduzir os custos operacionais e promover práticas mais sustentáveis, dado que são muito eficientes na conversão de nutrientes em biomassa corporal que organismos de níveis tróficos mais elevados (como peixes e camarões) não conseguem utilizar.
O projeto Vertical Fish é liderado pela MC e conta com a participação de diversas entidades, desde empresas a universidades, centros de investigação e centros tecnológicos, nomeadamente A4F, SA – Algae for Future, B2E – CoLAB para a Bioeconomia Azul (B2E CoLAB), Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, INESC-TEC, Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Neadvance, Seaentia, Universidade de Aveiro e Universidade do Minho.