De acordo com o “Estudo de Gestão de Risco de Crédito” em Portugal, impulsionado pela Crédito y Caución e Iberinform, os estímulos fiscais e as injeções extraordinárias de liquidez ao tecido produtivo remeteram os prazos de pagamento entre empresas a níveis pré-pandemia.
Há um ano, quando se tomaram as primeiras medidas de distanciamento social e o encerramento temporário da atividade produtiva, coincidindo com a declaração inicial do estado de emergência, as empresas portuguesas esperavam um severo agravamento dos prazos de pagamento nas operações comerciais. De acordo com o estudo, 14% do tecido produtivo teve que trabalhar, em 2020, com prazos superiores a 90 dias, quando há um ano 33% esperava ter que suportar esses prazos de pagamento por causa de problemas de liquidez.
No entanto, para 2021, 18% do tecido empresarial prevê trabalhar com prazos superiores a 90 dias, o que representa um agravamento dos prazos nos seus créditos comerciais. Apenas 41% das empresas opera com os prazos inferiores a 60 dias previstos no Decreto-Lei n.º 62/2013 de transposição da Diretiva Europeia de medidas de luta contra os atrasos de pagamento nas transações comerciais.
Pior comportamento das PME
O estudo revela pior comportamento nas PME do que nas grandes empresas. 39% das grandes empresas teve de aceitar prazos de pagamento superiores aos desejados face a 49% no segmento das PME.
Este comportamento está relacionado com outras evidências reveladas pelo estudo, como o aumento dos problemas de liquidez do tecido empresarial. O melhor comportamento regista-se no sector público. Apenas 14% das empresas que têm relações comerciais com a administração pública têm que aceitar uma extensão dos prazos de pagamento. A capacidade dos profissionais liberais para impor prazos de pagamento também se situa nos 23%.
Ao abordar as razões que explicam os atrasos nos pagamentos, a falta de disponibilidade de fundos (77%) é a razão mais referida, antes do atraso intencional dos clientes (45%). A complexidade dos procedimentos de pagamento (12%), a emissão de faturas incorretas (5%) ou as disputas quanto à qualidade dos bens e serviços fornecidos (1%) completam os motivos apresentados pelos clientes para atrasar os seus pagamentos.