A Revista dos Negócios da Distribuição

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Clube do Grande Consumo

Armando Mateus, Chief Experience Officer da TouchPoint Consulting International

Passados 50 anos, estamos melhor? Esta é uma pergunta que, muitas vezes, será feita durante o ano de 2024, quando se celebram os 50 anos de Revolução dos Cravos… e não só, uma revolução que mudou a face de Portugal não só em termos políticos.

Costuma dizer-se que a resposta deve ir sendo dada ao longo do texto, criando a expectativa e subindo a curiosidade do leitor, mas a resposta é tão simples que tenho de a dar já. SIM, estamos melhor! Aqueles que, como eu, pertencem à Geração X percebem as diferenças entre a mercearia que tínhamos na nossa rua e a liberdade que temos hoje em escolher livremente as inúmeras opções de lojas ou a infinidade de marcas. Aqueles, como os meus filhos, que pertencem à Geração Z nasceram num mundo em que o acesso a um sortido alargado a preços baixos é permanente, mas também já vivenciaram o que significa uma pandemia e os efeitos de uma guerra na Europa que a todos faz questionar o que temos como garantido.

 

“Onde é que tu estavas…?”

A famosa frase de Baptista-Bastos “Onde é que tu estavas no 25 de Abril?”, e imortalizada pelo grande Herman José, remete-nos para um tempo longínquo em que o retalho não era o que é. Muito mudou, mas na verdade pouco mudou. Num salto até à cidade da Horta, em 1964, e à mercearia Favorita, ouve-se “Minha Senhora: Se comprar na Favorita economiza e fica mais rica” e, claro, logo vem a explicação “pois nela encontrará o melhor sortido pelos preços mais baixos”. Há mais lojas, há mais produtos, há mais promoções, há mais formas de comprar, mas aquilo que interessa realmente ao consumidor mantém-se: sortido e preço, englobados na proposta de atendimento agradável.

Será assim tão diferente o que faço hoje do que fazia em 1974? Hoje, no moderno bairro de Lisboa onde vivo, desço do meu primeiro andar, atravesso a rua e logo me deparo com a mercearia da D.ª Rosa, onde encontro um largo sortido de produtos a um preço competitivo, faço a compra usando o meu cartão bancário e estou despachado. Em 1974, a minha mãe dizia-me para ir à mercearia do Sr. Joaquim buscar os produtos e que ela mais tarde tratava do pagamento, uma outra forma de pagamento diferido! A diferença está certamente no acesso, não o físico, mas o económico. Em 1974, a compra de alguns produtos como o bacalhau assemelhava-se à compra de uma substância ilícita, um autêntico contrabando, por baixo do balcão, e sem dizer nada aos outros clientes, porque havia quantidades limitadas e era “só para nós”. Hoje, o dinheiro de todos é igual, basta entrar numa loja e comprar, sem pedidos especiais ou discriminação económica e social.

 

Nascido nos anos 70

Hoje, encontramos tudo no mesmo sítio, naquela fantástica “coisa” a que chamamos supermercado e que apenas viu a luz do dia nos anos 70, com lojas que muito me encantavam, como o Pão de Açúcar da Avenida Estados Unidos da América, em Lisboa. Uma loja que, na sua abertura, falava dos “preços incrivelmente baixos” e de apenas vender “produtos de fornecedores de alta categoria”. Os anos 80 marcaram o aparecimento das lojas do Pingo Doce, onde tive a honra de trabalhar uma década, mas foi só nos anos 90 que surgiram os hipermercados como hoje os conhecemos, um momento que marcou a democratização do consumo em Portugal. Muitas vezes, acompanhei a minha mãe na ida às compras ao Continente da Amadora, um autêntico ato de fé e paciência para aquilo que temos como garantido hoje … mais de três horas às compras, percorrendo todos os corredores, e esperas de mais de 30 minutos nas filas dos checkouts, com produtos sem códigos de barras e patinadoras a correrem entre as caixas e os lineares sempre que o preço não batia certo. As filas para entrar na loja de carro (ou autocarro!) eram enormes, a paciência parecia não ter limites, tal era a capacidade de atração dos hipermercados. Até os meus tios de Setúbal aproveitavam para fazer “excursões” à Amadora para encher a despensa de produtos que não se encontravam em mais lado nenhum, esquecendo os tempos das viagens a Badajoz para os famosos caramelos (os mais novos que estejam a ler este artigo, basta procurar no Google!).

Mas não se pense que a revolução aconteceu apenas nas mercearias e supermercados, o advento da democratização do consumo trouxe também uma nova filosofia aos centros comerciais, uma nova expressão que veio mudar os famosos “drugstores” que existiam até aos anos 70. Que emoção era subir e descer as escadas do Apolo 70, o maior centro comercial de Portugal e da Europa, comer um hambúrguer no único restaurante de Lisboa que os servia ou ver cinema numa sala cuja programação era dirigida pelo enorme cineasta Lauro António. Ou percorrer os corredores do Imaviz, um autêntico labirinto onde a mudança de lojas de localização nos despertava uma enorme curiosidade, ali bem junto ao emprego da minha mãe.

 

Um número infindável de lojas

Mas o mundo dos centros comerciais mudou, em 1985, com a abertura do Centro Comercial Fonte Nova e do Shopping das Amoreiras, na época, o maior em Portugal e o quarto maior na Europa, com um número de lojas (300) que, na altura, me parecia infindável. Lojas de roupa, salas de cinema e restaurantes que pareciam saídos dum filme de ficção científica! Que revolução que pareceu e que hoje, à distância, parece tão pouco quando comparado com os centros comerciais que frequentamos todos os dias, onde vamos comprar tudo o que todos podem comprar e não apenas alguns.

Quando, em 12 de junho de 1985, Portugal assinou a adesão à União Europeia, poucos adivinhavam o que esse dia representaria para os consumidores portugueses, a consolidação da revolução ocorrida em 1974, como se de um 25 de Novembro estivéssemos a falar.

 

Livro entregue no sofá

Como seria possível estarmos sentados no nosso sofá a encomendar um livro que nos vai chegar no dia seguinte, vindo de um país distante? Como seria possível estarmos a comprar o mais recente modelo de telemóvel, ao mesmo tempo que alguém no outro lado do mundo? Como seria possível olharmos para a imensidão de produtos que estão presentes nas prateleiras do supermercado, tal como em outro qualquer país?

Sim, podíamos estar melhor! Mas que bela tem sido esta revolução do retalho nos últimos 50 anos em Portugal. O sector do retalho é, provavelmente, o sector que mais contribuiu para melhorar a acessibilidade dos portugueses a mais e melhor, um sector que é dos principais empregadores em Portugal, um dos sectores que continua a prosperar com capitais portugueses, um sector que anda de mão dada com a indústria portuguesa, um sector que tem marcas que dão cartas noutras geografias e um sector que lidera a inovação do retalho mundial.

Sim, estamos melhor!

 

Este artigo foi publicado na edição N.º 85 da Grande Consumo

 

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5 Março 2024
Armando Mateus, Chief Experience Officer da TouchPoint Consulting International
Armando Mateus
Chief Experience Officer da TouchPoint Consulting

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