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Há precisamente uma década, em 2015, Luísa Vieira de Sousa, enóloga e co-proprietária do projeto de vinhos do Porto e Douro Vieira de Sousa, elegeu um trio de castas para lançar uma coleção de vinhos com um denominador comum e num perfil que a entusiasma: castas bastante antigas, com forte tradição no Douro e que pudessem dar origem a vinhos tintos frescos, elegantes, bastante aromáticos. Falamos da Rufete, da Tinta Francisca e da Tinto Cão. Se as primeiras já se viram materializadas em mais do que uma edição, a Tinto Cão só agora vê a luz do dia e vai poder chegar ao palato dos consumidores.
A escolha de plantar este trio de castas derivou da vontade de recuperar(em) “os sabores mais antigos – e genuínos – dos vinhos do Douro”, afirma Luísa. Segundo a enóloga, “a Tinto Cão, assemelha-se à Rufete e a Tinta Francisca, na sua capacidade de produzir vinhos com longevidade, com taninos marcantes, mas elegantes, boa acidez e aromaticamente marcantes”. Maria Vieira de Sousa, irmã de Luísa e mais ligada ao marketing e vendas, refere que “esta aposta reflete os valores e a missão desta nossa empresa familiar, que tem, desde sempre, a vontade de preservar um legado, da família, com cinco gerações na produção de vinhos na Região Demarcada do Douro, através do uso e recuperação de variedades nativas, algumas das quais pouco exploradas – como é o caso da Rufete e da Tinta Francisca”.
De referir que a Tinto Cão, ao contrário das outras duas variedades, é muito comum, sendo usada sobretudo nos lotes de vinho do Porto. É considerada uma das cinco castas tintas nobres do Douro, juntamente com Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca.
Esta coleção de monocastas com a chancela Vieira de Sousa passa agora de um dueto para uma trilogia. À estreia do Vieira de Sousa Tinto Cão junta-se o lançamento, em uníssono, do Rufete e do Tinta Francisca, todos da colheita de 2024. De realçar ainda que todos eles são vinhos produzidos com uvas provenientes de uma única vinha, situada na Quinta do Roncão Pequeno, em Vilarinho de Cotas, na sub-região do Cima Corgo. Estão plantadas à beira da margem direita do rio Douro, em muros de xisto, a uma cota baixa e viradas a nascente e a sul.