A recente decisão conjunta dos Estados-Membros da União Europeia de reconhecer oficialmente as algas como recurso estratégico para as transições verde e azul representa um momento decisivo para o sector. O anúncio, feito durante o EU Algae Awareness Summit, reforça a importância económica, ambiental e tecnológica deste recurso, abrindo caminho a políticas mais robustas de apoio ao seu desenvolvimento no espaço europeu.
Em Portugal, a PROALGA – Associação Portuguesa dos Produtores de Algas considera que esta decisão cria uma oportunidade única para o país assumir um papel de liderança a nível europeu. O sector nacional reúne condições naturais excecionais, conhecimento científico avançado e empresas já consolidadas – um conjunto de fatores que, segundo a associação, devem agora ser acompanhados por medidas claras de proteção e valorização da produção interna.
“Portugal tem todos os ingredientes para se tornar líder europeu na produção de algas: conhecimento especializado, empresas de referência e condições naturais excecionais. O passo seguinte é garantir que a produção nacional seja protegida e valorizada, permitindo competir de forma justa nos mercados europeu e internacional”, sublinha Federico Velge, presidente da PROALGA.
Desafios persistentes num mercado em expansão
Apesar do reconhecimento europeu e do potencial demonstrado, os produtores portugueses enfrentam desafios significativos. O mais crítico é a concorrência de biomassa proveniente de países terceiros, muitas vezes vendida a preços inferiores aos custos de produção na União Europeia. A ausência de rotulagem obrigatória que distinga a origem das algas dificulta ainda mais a capacidade de os consumidores e distribuidores valorizarem os produtos nacionais.
Além das questões de mercado, o sector enfrenta também processos de licenciamento complexos e imprevisíveis, que atrasam investimentos e limitam a expansão de novas unidades de produção.
Três prioridades para transformar potencial em liderança
A PROALGA identifica três áreas prioritárias para que Portugal capitalize o impulso político dado pela União Europeia:
- Rotulagem de origem obrigatória, distinguindo claramente a produção europeia da proveniente de fora da UE.
- Mecanismos de equilíbrio competitivo, incluindo a avaliação de quotas, limites de importação ou medidas equivalentes que protejam os produtores nacionais.
- Simplificação dos processos de licenciamento, garantindo previsibilidade e criação de condições que permitam atrair investimento.
“Este reconhecimento europeu não pode passar despercebido; é um sinal político inequívoco. O próximo passo é que Portugal atue, garantindo que o potencial do sector se transforme em emprego, inovação e valor económico para o país”, reforça Federico Velge.
Um sector estratégico para o futuro
As algas são apontadas pela UE como um recurso essencial para múltiplos sectores: sustentabilidade alimentar, biotecnologia, cosmética, agricultura regenerativa e descarbonização. O seu papel na economia azul e na transição ecológica é crescente, e países com condições costeiras privilegiadas – como Portugal – encontram-se bem posicionados para liderar esta nova fronteira económica.
A PROALGA alerta, contudo, que esta janela de oportunidade não será eterna. Sem medidas rápidas e eficazes, o sector poderá continuar a perder competitividade face a mercados externos. Para a associação, a decisão da UE é apenas o ponto de partida. O próximo movimento tem de ser nacional – e decisivo.
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