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Temos grandes planos de desenvolvimento para a Península Ibérica

A Ferrero Ibérica avança no cumprimento dos seus objetivos para 2020, refletidos num conjunto de ações e resultados concretos, casos da certificação de sustentabilidade de 100% das suas matérias-primas ou a utilização de cartão e papel 100% virgem proveniente de uma cadeia de abastecimento sustentável certificada, entre outros. Na apresentação do relatório de responsabilidade social corporativa da empresa, a Grande Consumo conversou com Roberto Torri, diretor de Relações Institucionais da Ferrero Ibérica, que reiterou o compromisso da empresa com Portugal. Universo onde a Ferrero fatura cerca de 52 milhões de euros e para o qual possui planos de futuro, figurando o mercado nacional, ainda, no top 5 a nível mundial no que ao consumo de Ferrero Rocher diz respeito.

Grande Consumo – O que representa a sustentabilidade para um grupo como a Ferrero?
Roberto Torri
A sustentabilidade é um tema muito importante, é um dos valores que representa o nosso grupo. Dentro do compromisso da Ferrero existem duas grandes temáticas: em primeiro lugar, as pessoas, e, depois, o planeta. Quando falamos de planeta, falamos de diferentes ações que a Ferrero realiza, enquanto grupo, no mundo, para que haja um planeta sustentável, para que tenhamos práticas de agricultura sustentáveis também. Utilizamos muitas matérias-primas provenientes de territórios muitas vezes em conflito, como Malásia, Indonésia ou alguns países de África. Portanto, temos, em primeiro lugar, um compromisso com as populações locais. Ao mesmo tempo, temos um sentido de sustentabilidade com as matérias-primas que obtemos nos diferentes países, de forma a que, quando chegamos ao consumidor final, a nossa qualidade e a nossa sustentabilidade sejam o mais claras e honradas possível.

GC – O que é tem vindo a ser feito nessa matéria?
RT
Existem dois grandes projetos. O F-ACTS (Ferrero Agricultural Commitment to Sustainability) e o FER-Way (Ferrero Environmental Responsibility Way). O primeiro representa o compromisso do grupo em adquirir matérias-primas de cadeias de fornecimento sustentáveis, melhorando as condições das áreas e das comunidades locais. O segundo desenvolve uma abordagem que visa minimizar o nosso impacto ambiental, através da medição, planificação, educação e colaboração, de forma a conseguir uma gestão mais eficiente da sustentabilidade ambiental.

GC – A pretensão de utilizar cacau 100% certificado como sustentável é hoje uma realidade? É nesse sentido que se compreendem os “Frame for Action” assumidos no Gana e Costa do Marfim?
RT
Correto, essa é a visão do grupo. No Gana e na Costa do Marfim, que são os primeiros produtores de cacau e de onde provém o cacau que utilizamos, temos um compromisso que penso que vai além dos compromissos de grandes empresas mundiais, precisamente para que exista sustentabilidade em todas as nossas matérias-primas, desde que são recolhidas até que cheguem à fábrica. Os nossos produtos são trabalhados por nós, desde a matéria-prima até ao produto final. Temos um compromisso muito forte com estas populações locais, tentando, por exemplo, que exista igualdade entre homem e mulher ou que não exista exploração infantil. Tudo isto é muito difícil, mas há que tentá-lo. Não é fácil, sobretudo, no caso das avelãs. Grande parte dos produtos Ferrero têm avelãs, o que faz de nós, enquanto empresa, o maior consumidor mundial de avelãs. Por exemplo, na Turquia, o maior produtor mundial de avelãs, existem muitos produtores que são pequenas empresas familiares, tornando o controlo mais complicado.

GC – Após assegurar a utilização de óleo de palma 100% sustentável com certificação RPSO e de 100% dos ovos utilizados serem de galinhas criadas ao ar livre, que outras matérias-primas seguir-se-ão? O açúcar e as avelãs, por exemplo, serão alvo de procedimento semelhante? Estas preocupações estendem-se, também, ao nível do packaging?
RT
Sem dúvida. Utilizamos muito papel e cartão, mas também plástico numa grande parte da gama de bombons. Tentamos, dentro das nossas possibilidades, ser o mais sustentáveis possível. A sociedade atual pede às empresas que sejam responsáveis e, se assim o forem, é um grande benefício. Assim, não somos apenas uma empresa que os consumidores querem pelos seus produtos, como por todas as ações e atividades que desenvolvemos. Mantemo-nos é “low profile”, tentamos fazer o bem, mas sem estar constantemente a anunciá-lo.

GC – É exequível pensar em atuar nesta área de negócio sem ter uma visão sustentável do mesmo?
RT –
Não. É necessário, hoje em dia, que sejamos responsáveis do ponto de vista social, com as pessoas, com a agricultura, com tudo o que nos rodeia. Porque isto também faz parte da forma de ser da Ferrero, somos uma empresa familiar, razão pela qual é quase natural que o pratiquemos.

GC – O que é o mercado nacional representa para a Ferrero Ibérica?
RT
Portugal é, para a Ferrero Ibérica, um mercado muito importante, com consumos per capita de produtos muito altos. A Ferrero é a empresa número um no sector dos chocolates em Portugal, com uma presença muito forte.

GC – E como se explica a forte ligação dos consumidores nacionais às marcas do grupo?
RT
Aproximámo-nos do consumidor desde o início. Entrámos em Espanha, em 1988, e um ano depois em Portugal, com uma política de aproximar as nossas marcas aos consumidores. Num país em que a distribuição de lojas é muito pequena, começámos a distribuir localmente para chegar ao consumidor final. Claro que também fizemos grandes campanhas publicitárias que ajudaram a que o consumidor conhecesse as nossas marcas. O que mais nos ajudou, no entanto, foi evidentemente a qualidade das nossas marcas e produtos, como o Ferrero Rocher ou o Kinder Surpresa. São marcas muito queridas dos consumidores portugueses, pela qualidade e singularidade que têm. Tentamos sempre criar produtos que sejam únicos, difíceis de copiar. Hoje, é mais difícil, mas a ideia é não sermos uma empresa de cópias, mas sim uma empresa que cria novidades e isso ajuda a que o consumidor nos valorize.

GC – A aposta em comercializar 65% da oferta com peso inferior a 25 gramas é para manter? Como se explica ao consumidor o “value for money” da mesma?
RT
Vendemos produtos de luxo, sobretudo os bombons. A questão dos formatos e porções pequenos responde um pouco a uma grande preocupação que há no mundo, que é a da obesidade. A obesidade infantil, sobretudo, que é inclusive declarada pela Organização Mundial de Saúde como a pandemia do século XXI. E, por isso, vendemos produtos com um peso muito reduzido. Se o recomendado é que sejam ingeridas duas mil calorias, parece-me que um bombom de 85 tem o tamanho certo. No caso das crianças, em que é o tema mais preocupante, as pequenas quantidades da linha Kinder são uma forma inteligente de fomentar o uso moderado de produtos.

GC – Os consumidores percebem porque é que os chocolates saem de linha em determinadas alturas do ano?
RT
Esta não é uma política de marketing, mas que, no final, se converte nisso mesmo. Se queremos oferecer aos consumidores a máxima qualidade dos nossos produtos, também temos que cuidar deles nos momentos do ano em que o chocolate é difícil de conservar devido ao calor. O chocolate tem um ponto de fusão e, quando chega a determinados graus, derrete-se. Nós praticamos a política, há muito anos, de retirar os produtos no verão e voltar a colocá-los em setembro. É verdade que criamos expectativas nos consumidores, mas o motivo principal é este: a qualidade. Até porque sabemos que se um consumidor prova um produto e a sua qualidade não está boa, ele não volta a consumir e torna-se um embaixador negativo da marca.

GC – Vão continuar a investir em Portugal?
RT
Seguramente que sim. Temos grandes planos de desenvolvimento para a Península Ibérica. Sabemos que, tanto em Espanha como em Portugal, há um potencial de desenvolvimento e de consumo muito grande. Ambos são países onde as gamas de produtos ainda são reduzidas, em comparação, por exemplo, com Itália, França ou Alemanha. Todavia, ainda há muito caminho a percorrer e muito potencial a explorar.

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