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O mercado global de vestuário em segunda mão poderá sair beneficiado da atual conjuntura económica marcada por tarifas comerciais, inflação e instabilidade nas cadeias de abastecimento. Segundo o mais recente “Resale Report”, elaborado pela plataforma norte-americana ThredUp em parceria com a GlobalData, este segmento cresceu 15% em 2024, atingindo um valor de 227 mil milhões de dólares (200 mil milhões de euros), e poderá escalar para 367 mil milhões de dólares (322 mil milhões de euros) até 2029.
Este crescimento representa uma aceleração significativa: a revenda deverá expandir-se a um ritmo 2,7 vezes superior ao da moda tradicional. E, paradoxalmente, as tarifas comerciais poderão atuar como catalisador desta tendência, especialmente nos Estados Unidos.
Tarifas catalisam tendência
Segundo o estudo, 58% dos consumidores norte-americanos comprou roupa em segunda mão em 2024, um novo máximo. O cenário poderá tornar-se ainda mais favorável: 59% dos inquiridos afirma que recorreria à segunda mão caso os preços da roupa nova subissem devido às tarifas. Por seu lado, 80% dos executivos do retalho admite riscos de disrupção nas suas cadeias de fornecimento em resultado da guerra comercial em curso.
“Com as tarifas e a inflação a dominarem o debate nacional, os consumidores estão preocupados com os aumentos de preços no retalho — especialmente no caso de vestuário novo”, explica James Reinhart, CEO da ThredUp. “A roupa em segunda mão torna-se uma opção atrativa para quem procura qualidade e acessibilidade, ao mesmo tempo que oferece aos retalhistas uma resposta estratégica face à instabilidade global”.
O relatório também revela que sete em cada dez empresas que ainda não oferecem revenda admitem ou já decidiram entrar neste mercado, consolidando a tendência da moda circular como parte integrante do futuro da indústria têxtil.