As autoridades italianas colocaram uma filial da Dior sob controlo judicial, devido a alegações de exploração laboral. As investigações sobre as condições de trabalho na indústria da moda italiana estão também a visar a Armani e uma dúzia de outras casas de moda.
Mais de metade dos artigos de luxo do mundo é produzida por pequenas fábricas em Itália, principalmente na Toscana ou nos arredores de Milão, mas trata-se, muitas vezes, de empresas criadas por proprietários chineses, que empregam imigrantes ilegais, em condições, por vezes, deploráveis, como os inspetores italianos também descobriram.
Uma filial da LVMH, responsável pela produção das malas Dior, foi recentemente colocada sob administração judicial por um tribunal de Milão. Em quatro subcontratantes da marca, verificou-se que alguns trabalhadores (nove em 32 dos quais não possuíam autorizações de residência válidas) tinham de dormir no local para manter as oficinas a funcionar 24 horas por dia, incluindo noites e feriados, tudo isto em más condições de saúde e higiene. Em consequência, os fornecedores podiam cobrar 53 euros por uma mala de mão vendida pela Dior por 2.600 euros.
No início deste ano, o tribunal italiano colocou igualmente uma das filiais de Giorgio Armani sob controlo judicial. Esta medida permite que as empresas ponham em ordem os seus negócios sem ter de cessar a sua atividade. Se a empresa conseguir provar de forma conclusiva que está a cumprir as suas obrigações, o tribunal levantará a supervisão. No entanto, a LVMH e a Armani não serão objeto de julgamento, apenas os fornecedores em questão serão acusados de exploração.
Entretanto, a investigação italiana prossegue em relação a uma dúzia de outros atores da indústria da moda. Para não comprometer a investigação, não estão a ser mencionados nomes. Afinal, os abusos não são “algo esporádico que diga respeito a lotes de produção únicos, mas um método de fabrico generalizado e consolidado“, de acordo com um documento que a Reuters conseguiu consultar.