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A tarifa de 15% dos Estados Unidos sobre bens da União Europeia poderá reduzir o valor das vendas de bebidas alcoólicas em quase 2 mil milhões de dólares e colocar em risco 25.000 empregos nos EUA, segundo uma carta enviada ao Presidente Donald Trump na terça-feira, assinada por 57 organizações da indústria das bebidas alcoólicas.
A carta foi assinada por organizações que representam grandes produtores europeus, incluindo a Diageo e a Pernod Ricard, produtores norte-americanos de whiskey e vinho, bem como fornecedores de vidro, retalhistas e restaurantes, reporta a Reuters.
Washington e Bruxelas acordaram no mês passado uma tarifa de importação de 15% sobre a maioria dos bens da União Europeia, após negociações que reduziram para metade a taxa inicialmente prevista e evitaram uma guerra comercial mais ampla. As negociações, no entanto, não resultaram na isenção para vinhos e bebidas espirituosas que a indústria tinha solicitado.
Toasts Not Tariffs
A carta foi enviada ao Trump pela coligação Toasts Not Tariffs (Brindes, Não Tarifas), formada por associações comerciais maioritariamente ligadas à cadeia de fornecimento de vinhos e bebidas espirituosas. Apelava a um acordo melhor que garantisse “comércio justo e recíproco” para esses sectores.
A carta afirmava que 25.000 empregos nos EUA — incluindo em restaurantes e discotecas — e quase 2 mil milhões de dólares em vendas estavam em risco devido à tarifa de 15%. A tarifa afeta o sector precisamente antes do seu período mais movimentado, que abrange os meses de outubro, novembro e dezembro. A carta não explicava os cálculos da indústria.
“À medida que nos aproximamos da época crítica das festas, um período essencial para o sucesso das nossas indústrias, imploramos-lhe que assegure este importante acordo para os EUA o mais rapidamente possível“, lia-se na carta, acrescentando que isso representaria uma vitória para os trabalhadores, empresas e consumidores americanos.
Vendas sob pressão
Numa declaração, os representantes da indústria afirmaram que as tarifas iriam aumentar os preços nos menus, prejudicar as empresas americanas e agravar os problemas e desafios já existentes.
As vendas de vinhos e bebidas espirituosas estão sob pressão. O vinho tem vindo a perder quota de mercado para outras categorias, como as bebidas espirituosas, que recentemente ultrapassaram a cerveja.
Mas mesmo nesse setor, os elevados custos de vida e a mudança para estilos de vida mais saudáveis estão a afastar os consumidores.
Os EUA são, de longe, o maior mercado para muitos produtores europeus de vinhos e bebidas espirituosas, enquanto a Europa é um destino importante para exportações de bebidas espirituosas norte-americanas, como o bourbon.
A UE incluiu algumas bebidas alcoólicas norte-americanas numa lista de possíveis alvos de retaliação, embora esta semana tenha suspendido qualquer resposta por um período de seis meses.