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As energias renováveis voltaram a afirmar-se como o principal pilar do sistema elétrico nacional. Em novembro de 2025, 74,3% da eletricidade produzida em Portugal Continental teve origem em fontes renováveis, totalizando 3 081 GWh dos 4 147 GWh gerados no mês. Os dados constam do Boletim Eletricidade Renovável da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e confirmam um crescimento de 8,3% face a outubro.
O desempenho de novembro reflete também um aumento global da produção elétrica nacional, que cresceu 8,1% em termos homólogos, impulsionada sobretudo pela recuperação da produção hídrica e pelo contributo crescente da energia solar.
Eólica lidera mix renovável
No conjunto das fontes renováveis, a energia eólica foi a principal responsável pela eletricidade produzida em novembro, com 34%, seguida da hídrica (26,1%), da solar (8,4%) e da bioenergia (5,7%). Esta combinação reforça a diversidade do mix energético nacional e a capacidade do sistema para responder a diferentes condições climáticas.
No acumulado entre janeiro e novembro de 2025, Portugal consolidou a sua posição como um dos líderes europeus na incorporação de renováveis na produção de eletricidade. Com uma taxa de 75,1%, o país surge como o 4.º da União Europeia, apenas atrás da Noruega (97,7%), Dinamarca (88,4%) e Áustria (82,1%).
Este desempenho traduz-se também na estabilidade do mercado. Entre 1 de janeiro e 30 de novembro, o preço médio horário no Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL) em Portugal fixou-se nos 65,0 €/MWh. Durante este período, registaram-se 1 339 horas em que a produção renovável foi suficiente para satisfazer integralmente o consumo elétrico nacional. Só em novembro, essa situação ocorreu durante 72 horas, com um preço médio significativamente mais baixo, de 39,7 €/MWh.
Impacto económico: poupanças acumuladas de quase 7 mil milhões de euros
O contributo das renováveis continua a ter um impacto direto na economia. Desde o início do ano até ao final de novembro, a produção renovável permitiu uma poupança acumulada de 6 950 milhões de euros na formação do preço de mercado da eletricidade.
Apenas no mês de novembro, foi possível evitar custos estimados em 61 milhões de euros em gás natural importado, 68 milhões de euros em eletricidade importada e 61 milhões de euros em licenças de emissão de CO₂, reforçando o papel das renováveis na redução da dependência energética externa e das emissões.
Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN, sublinha que “os dados de novembro reforçam a consistência da trajetória de Portugal rumo à independência energética”, acrescentando que o crescimento da produção nacional, sustentado pela hídrica e pelo solar, “demonstra a resiliência do mix renovável, que se afirma como o melhor escudo contra a volatilidade dos preços e a dependência externa”.
Capacidade instalada continua a crescer
A expansão da infraestrutura renovável mantém-se robusta. Entre 2015 e outubro de 2025, a capacidade instalada de produção renovável aumentou 9 323 MW, um crescimento de 75,9%. Só entre dezembro de 2024 e outubro de 2025, o acréscimo foi de 828 MW, com a energia solar fotovoltaica a liderar este avanço.
Nesse período, a capacidade solar cresceu 379 MW na componente centralizada e 447 MW na descentralizada, confirmando o papel estratégico desta tecnologia. No final de outubro, as fontes renováveis representavam já 78,8% da capacidade total instalada em Portugal.
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